A escassez de gasolina e a frustração que a acompanha, a hostilidade entre motoristas em competição por parcos fornecimentos, acusações de avareza nas empresas e inaptidão governamental, trazem à baila esta questão: onde é que precisamente repousa a nossa dependência? A maioria de nós procura encontrar substância nas coisas materiais exteriores e é por demais raro confiarmos em nossos recursos interiores de inspiração e compreensão espiritual. Há necessidade de uma revolução espiritual, de um movimento rápido em direção aos valores mais espirituais, senão seremos sempre dominados pelas coisas exteriores, em vez de sermos orientados por Deus. Adotar individualmente uma base espiritual de pensamento é o caminho para melhorar o exterior. A experiência exterior, a Ciência Cristã demonstra, tende a refletir nosso sentido interior das coisas.
Assim, não se deve — nem se precisa — consentir em que as condições materiais ditem o nível de nosso contentamento e de nossa liberdade. Na realidade, o homem não é um mortal que confia na matéria; é um ser imortal, que confia no Espírito divino para obter substância, atividade e existência. As obras de Cristo Jesus o ilustram. O Espírito existe por si mesmo e depende de si mesmo. O homem é o produto do Espírito. Vive independentemente dos ciclos materiais erráticos de enchentes e secas. Vive como beneficiário dos ciclos do bem no Espírito.
Conquanto a maioria de nós favoreça-se dos frutos da organização comercial e econômica moderna e da tecnologia moderna, essas não são as fontes básicas de quaisquer comodidades que possamos gozar na vida. Devemos cultivar uma consciência mais constante de confiar nossa existência ao Espírito, e negar que o homem em verdade dependa da matéria para obter liberdade e substância. O resultado de um ponto de vista de espiritualidade mais profunda não é uma vida humana de menos domínio e facilidade, mas é uma em que o domínio e a comodidade são mais estáveis por serem o extravasamento da consciência espiritual, não os acontecimentos fortuitos da matéria.
“Nossa dependência das coisas materiais precisa ser substituída por uma percepção das coisas espirituais, e pela confiança nestas. Para que o Espírito seja supremo na demonstração, este tem de ser supremo nas nossas afeições, e temos de estar revestidos do poder divino”, diz Mary Baker Eddy. “A pureza, a abnegação, a fé e a compreensão têm de reduzir todas as coisas reais à sua própria designação mental, a Mente, que divide, subdivide, aumenta, diminui, constitui e sustenta, de acordo com a lei de Deus.” Retrospecção e Introspecção, p. 28;
A escassez de gasolina é apenas um exemplo de que precisamos procurar respostas metafísicas para os dilemas físicos. Não é ingenuidade explorar antes de mais nada soluções para tais desafios, partindo de uma base metafísica cristã. É profundamente inteligente. A experiência manifesta estados mentais. Não temos de ser espectadores indefesos do que está acontecendo “lá fora”, mas podemos ser participantes ativos do que ocorre “aqui dentro”, em nosso próprio sentido das coisas. Podemos, hoje, abastecer o nosso próprio pensamento com verdades espirituais. Podemos adotar a singela estrutura de valores do Salmista: “Melhor é buscar refúgio no Senhor do que confiar no homem.” Salmos 118:8.
Depender de coisas espirituais (uma atividade essencialmente mental) em vez de sujeitar-se às coisas materiais é colocar em ação a lei divina da amplidão. São infinitas as idéias da Mente divina, inteligentes as suas atividades, inexaurível a sua provisão para o homem. Sabendo disso, abrimos o caminho para a prova prática de que é a Mente divina, e não o raciocínio dos mortais, que triunfalmente “divide, subdivide, aumenta, diminui, constitui e sustenta”. As coisas espirituais da Mente não podem ser levadas embora, nem racionadas, desviadas, nem mal-empregadas. O homem tem sempre acesso a elas porque o homem inclui sempre as idéais da Mente.
Deus não age através da matéria. Ele é quem existe em vez de a matéria. O Espírito e sua criação governada de modo ideal existe exatamente neste momento, ainda mesmo onde o sentido humano talvez pense ver um homem físico e um universo físico dependentes da matéria e sofrendo suas limitações. Deus nunca pode ficar na dependência da matéria — nem o pode o homem — porque na presença total do Espírito não há matéria. O bem-estar do homem não está à mercê de decisões econômicas, de expedientes políticos, de redes de distribuição, mas está a salvo em Deus. Podemos depender disso.
