Se alguma vez estivermos a ponto de duvidar da solicitude de Deus para com a humanidade, basta nos voltarmos para a Bíblia. Nela podemos encontrar verdades consoladoras que explicam nunca ser da vontade de Deus que algum de Seus filhos sofra por falta do bem. As verdades bíblicas são eficazes e podem ser livremente compreendidas e postas em prática por todos nós. Embora não sejam ensinadas nas escolas de ciências econômicas, têm um poder que vai além das mais acreditadas teorias acadêmicas de oferta e procura.
Quando temos problemas de dinheiro, não precisamos hesitar em pôr em prática as simples verdades espirituais que se baseiam na Bíblia. A Sra. Eddy indica a necessidade de olharmos além das capacidades humanas. “O talento e o gênio dos séculos calcularam erradamente”, escreve ela. “Não basearam na revelação os seus argumentos e conclusões quanto à origem e aos recursos do ser — suas combinações, seus fenômenos e resultados — mas, em vez disto, construíram sobre a areia da razão humana. Não aceitaram o ensinamento simples e a vida de Jesus como a única solução verdadeira para os desconcertantes problemas da existência humana.” Unity of Good, p. 9;
Consideremos a situação dos filhos de Israel, como está descrita em Deuteronômio, por exemplo. Enquanto jornadeavam pelo deserto, foram alimentados com fartura; suas roupas não se desgastaram. Mais tarde, o Senhor os trouxe à terra da abundância onde puderam cultivar uma terra fértil. Jazidas de ferro e cobre existiam em quantidade. Para alguns, pelo menos, havia riqueza. (Ver Deuter. 8.) Corroborando essa descrição, que pode parecer o sonho utópico de um ingênuo — em lugar de tribunais e legislaturas, bancos e créditos, havia simples normas, que começavam com os Dez Mandamentos. Em toda época, esses protegem a prosperidade, não porque é necessariamente piedoso ter uma abundância de coisas, mas porque, na verdade, as idéias espirituais refletem, sem esforço, a presença natural e eterna de Deus, o bem. Esse reflexo é o nosso modelo de realidade.
Precisamos estar atentos para não sermos mesmerizados em depor nossa confiança fundamental no poder de nossos próprios esforços ou no crédito fácil e acessível para o atendimento de nossos desejos e necessidades diários. Se ambicionamos entender a presença eterna do bem e, por fim, sustar a vetusta farsa da inflação, precisamos primeiro eliminar de nosso próprio pensamento a dependência mesmérica de pessoas ou sistemas financeiros. Acima de tudo, precisamos abandonar a crença de que estejamos cronicamente separados de Deus.
Às vezes, em nossos assuntos pessoais, rompemos a cápsula envolvente da carência. O vislumbre que temos do terno cuidado de Deus pode exteriorizar-se numa dádiva feita de surpresa, ou em algo indicativo do cuidado de Deus. O desafio é manter o sentido inestimável da proximidade de Deus, face à auto-hipnose ou à hipnose exercida pelos meios de comunicação. Simplesmente porque isto atende às nossas necessidades? Não, mas porque a verdade é que o homem jamais está separado de Deus. Essa mesma compreensão penetrante pode ser aplicada aos problemas globais que infestam as práticas comerciais.
De novo, a Bíblia indica o caminho neste ponto. Ela não silencia quanto à necessidade de, nas práticas comerciais, haver integridade no seu mais amplo sentido. Os sistemas que regiam os negócios nos tempos bíblicos tinham evidentemente considerável importância; e certas normas comerciais foram instituídas e, até mesmo, enunciadas na lei mosaica. “Usura”, palavra que na versão King James significa receber juros por algum empréstimo — prática comercial que data da era babilônica, mais de 1.000 anos antes de a primeira moeda ter sido cunhada — era repetidamente condenada dentro da comunidade israelita. (Ver Êxodo 22:25; Levítico 25:35—37; Deuter. 23:19, 20.) Ninguém devia tirar proveito da situação angustiosa do seu vizinho. Obviamente, o juro é um elemento integrante da economia atual. Obedecer ao espírito da lei mosaica, porém, seria ajudar a pôr um fim à exploração financeira.
Removida a máscara da inflação, por trás dela encontra-se a face da cobiça. A cobiça, porém, como prática comercial, legislativa, familiar, está fadada a ser seguida por um sentimento de insucesso, porque, como atitude de pensamento, ela não cumpre a lei moral: “Não furtarás.” Quem se empenha em obter o que não é legitimamente seu, e o faz à custa de outros, pendura uma mó de egoísmo ao pescoço de cada pseudo-êxito. Para levantar o miasma mental da cobiça de nós mesmos individualmente, ou do que observamos nas ações de outros quer como indivíduos quer como grupos, precisamos partir do conceito de que Deus é “o grande Doador”. Ele dá apenas o que vem do Seu próprio conceito de bem. Suas dádivas do bem nunca estão infladas pelas práticas comerciais corruptas nem deflacionadas pela intervenção governamental. Como o maná que Deus colocou diante dos filhos de Israel nos dias da peregrinação, as grandes dádivas de substância espiritual que nos são concedidas pelo grande Doador atendem perfeitamente a cada necessidade humana.
Como temos de viver neste mundo, embora não tenhamos de tirar o sustento dele, precisamos exercer nossa fé cristã em todas as nossas transações comerciais. Não resta dúvida de que não era intenção de Jesus que se aplicasse apenas aos nossos dias de folga esta sua declaração: “Com a medida com que tiverdes medido vos medirão também.” Lucas 6:38;
É exercendo compreensão espiritual dentro do contexto de nosso trabalho que os sistemas financeiros ficarão livres da inflação, que, antes de a nós, já afligia os babilônios, os gregos e os romanos. Tal tarefa começa com nossa compreensão de que o dinheiro é um instrumento útil — tal como o é um carrinho de mão ou um martelo. O dinheiro não é um deus. Como o martelo pode ser arma, assim o dinheiro, erroneamente concebido, pode ser considerado como um poder em si mesmo e de si mesmo e pode ser usado com a finalidade de se adquirir poder. Por outro lado, o dinheiro, considerado como um conceito útil, um símbolo rústico de valor, pode tornar-se o servo do bem.
Para se transformar o ponto de vista do mundo acerca de dinheiro é preciso oração consagrada. A Ciência Cristã, porém, desafia todo e qualquer conceito errôneo arraigado que faça parte dos sistemas materiais e, portanto, tem seu lugar na luta contra a inflação. A resposta que a Sra. Eddy dá à pergunta que lhe foi feita no ano de 1900 por um jornal de Nova Iorque: “Qual é o maior perigo, tanto social como político, com que se defronta o novo século?”, inclui referências não só aos temas religiosos como também aos de ordem política e econômica. Sua resposta diz: “Segundo entendo, os perigos mais iminentes com que se defronta o século vindouro são: a espoliação da vida e da liberdade das pessoas sob a égide das Escrituras; as pretensões da política e do poder humano, a escravidão industrial e a insuficiente liberdade para uma concorrência honesta; os ritos, os credos e os cartéis em vez da Regra Áurea: ‘Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles’.” The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 266; A Sra. Eddy aconselha também: “Na proporção em que abandonarmos os sistemas e as teorias materiais, as doutrinas pessoais e os dogmas, para ascender humildemente ao monte da Ciência, alcançaremos o máximo da perfeição em todas as coisas.” Miscellaneous Writings, p. 232. Este é por certo o indício para que sacudamos fora o sentido adesivo de limitação, que se disfarça num sistema financeiro global doentio. Em questões de dinheiro, precisamos nos voltar para Deus e obedecer ao nosso mais elevado sentido de moral.
