A Sra. Eddy vai diretamente ao coração de um dos assuntos capitais de nossa época quando escreve em Ciência e Saúde: “Absorvidos no eu material, discernimos e refletimos só tenuemente a substância da Vida ou da Mente. Negar o eu material ajuda a discernir a individualidade espiritual e eterna do homem, e destrói o conhecimento errôneo obtido da matéria ou através daquilo que se chamam sentidos materiais.” Ciência e Saúde, p. 91;
Ora, o ficar absorvido em si mesmo a que a Sra. Eddy se refere, evidentemente não se originou em nossa época. Mas provavelmente em nenhuma época anterior foi isso tão amplamente proclamado como um bem positivo. Através de grande variedade de processos e de modos sutis e não-tão-sutis, incita-se-nos a que nos absorvamos no eu material — que exploremos, expressemos, liberemos, gratifiquemos e, de outras formas, condescendamos com o que julgamos ser o eu material. Atrás dessa tendência esconde-se a crença superficial de que a vida não tenha propósito ou significado fundamentais, que a devoção a qualquer coisa além do próprio eu seja inútil, e que, portanto a satisfação só pode ser encontrada em se explorar as potencialidades do eu material e se prevalecer delas. O historiador Christopher Lasch, no seu livro The Culture of Narcissism, resume sobriamente esta tendência de o indivíduo se absorver no próprio eu, dizendo que ela “define o clima moral da sociedade contemporânea” The Culture of Narcissism (New York: W. W. Norton & Company, Inc., 1978), p. 25;.
É claro, talvez acreditemos que não somos afetados por esse clima de absorção no próprio eu. Podemos até criticar acerbamente a exibição ou os modos de comportamento imoral que com ele associamos. Mas tal atitude subestima a sutileza e a disseminação da tendência, no mundo atual, de ficar absorvido no próprio eu. Pensemos, por exemplo, em que estamos constantemente expostos aos anúncios dirigidos à multidão, e na atitude que os anúncios refletem. Por exemplo, uma propaganda na T.V., mostrando uma mulher atraente e bela completamente absorvida em si mesma e que fala em voz calma e reverente sobre um jeito especial de conseguir maior beleza, é mais do que uma instigação para comprar um produto específico. Instiga a tendência de pôr o próprio eu em primeiro lugar e serve-se dela. Essa tendência é reforçada de tantas maneiras no mundo dos nossos dias que algumas pessoas consideram esta época como a Era do Eu.
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