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Os símbolos bíblicos de conduta

Da edição de junho de 1980 dO Arauto da Ciência Cristã


O pensamento hebreu era concreto. Termos tais como história, personalidade, consciência, conduta, eram quase estranhos aos profetas e a outros escritores bíblicos. Essas expressões eram-lhes por demais abstratas. Isto não significa que os profetas desconhecessem tais conceitos; mas que, em geral, eles os expressavam de maneiras diferentes — por meio de símbolos. Por isso, a Bíblia está cheia de linguagem figurada, a começar com a descrição metafórica da criação espiritual no primeiro capítulo do Gênesis e a terminar com a Jerusalém celestial do autor do Apocalipse.

Perguntemo-nos: “Como se refeririam os hebreus a conduta ou comportamento?” É bem simples: mediante a idéia de andar — metáfora similar à que usamos quando falamos a respeito da “maneira de viver” de alguém, significando sua conduta toda. Assim o autor do Deuteronômio exorta os israelitas, dizendo: “Andareis em todo o caminho que vos manda o Senhor vosso Deus, para que vivais, bem vos suceda, e prolongueis os dias na terra que haveis de possuir.”  Deuter. 5:33;

Um rápido olhar numa concordância da Bíblia mostrará, de imediato, as muitas citações registradas sob “caminhar”, “caminho”, e palavras correlatas. Isso dá um vislumbre da importância que o comportamento devia ter tido, para os israelitas. Comportar-se corretamente era andar no caminho reto e estreito, enquanto que a estrada errada simbolizava a má conduta. “Pondera a vereda de teus pés, e todos os teus caminhos sejam retos.”  Prov. 4:26; O caminho que os israelitas deviam ter tomado e seu insucesso em fazê-lo acham-se indicados no livro dos Juízes: “Não obedeceram aos seus juízes, antes se prostituíram após outros deuses, e os adoraram. Depressa se desviaram do caminho, por onde andaram seus pais na obediência dos mandamentos do Senhor; e não fizeram como eles.”  Juízes 2:17;

O caminho como símbolo é extremamente descritivo e é encontrado por toda a Bíblia. A conduta correta do povo hebreu com relação a Deus era um dos temas principais das Escrituras. Pensemos nas várias atitudes que podem ser indicadas pelas expressões caminho ascendente a descendente, para trás ou para frente, lento ou rápido, relutante ou pressuroso, para citar apenas algumas.

O símbolo do caminho indica ação. Indica a marcha para frente (Vorwärtsrichtung). O objetivo do caminho era obter sabedoria, saúde, honestidade, integridade, respeito, mansidão, humildade e, acima de tudo, tinha em mira o temor do Senhor, ou a reverência ao Seu poder e à Sua majestade. Andar, ou seguir, exige atividade. Uma jornada também requer decisões: a escolha do caminho certo ou do errado. Assim, o caminho indica a direção que alguém tomou. Andar na direção errada é afastar-se de Deus, perder-se ou alienar-se. Daí, direito, justiça e caminho serem termos reciprocamente inclusivos. Ser correto é estar no caminho. O caminho, como símbolo, também envolve um começo e um fim. A Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã,
Christian Science (kris'tiann sai'ennss) Mary Baker Eddy, diz no livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “Começar certo é acabar certo.” Ciência e Saúde, p. 262;

Quando Deus disse a Abraão: “Sai da tua terra,”  Gênesis 12:1; também indicou ao patriarca um caminho que o levou, e ainda leva aqueles que seguem a Deus, hoje em dia, à descoberta das verdades espirituais. Esse era e é o caminho que leva cada vez mais para longe da terra da opressão e para mais perto da terra prometida.

Os profetas, não tanto revolucionários como reformadores, animaram os israelitas inúmeras vezes a andar no caminho que Deus lhes havia mostrado quando fez a aliança com eles e lhes deu os Dez Mandamentos. Pela inspiração dos profetas, Deus dizia aos israelitas que andassem nos caminhos antigos, que ainda lhes eram conhecidos, mas eles não andaram: “Assim diz o Senhor: Ponde-vos à margem no caminho e vede, perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho; andai por ele e achareis descanso para as vossas almas; mas eles dizem: Não andaremos.”  Jeremias 6:16; Todos os caminhos, então, que se afastam do caminho que Deus mostrou são os caminhos de um homem mortal — caminhos obstinados, caminhos inventados (ver Prov. 21:2, 8).

A história dos israelitas é representada por essa mesma metáfora. É vista na descrição bíblica da longa caminhada do Egito à Terra Prometida, jornada esta que não é só de cunho histórico; era simbólica dos altos e baixos da conduta dos israelitas com relação ao seu Deus. Mais tarde, os profetas retratariam a volta dos exilados nos caminhos do leste e do oeste, do norte e do sul rumo a Sião (ver Isaías 43:5, 6). Esse seria o segundo Êxodo, que se iguala em grandeza ao primeiro Êxodo, a saída do Egito.

Basicamente, então, todo aquele que hoje procura livrar-se de alguma forma de escravidão, seja lá onde for que se encontre, está trabalhando no seu êxodo — a salvação que todos têm de elaborar por si mesmos — e tal pessoa recebe a ajuda dos ensinamentos bíblicos para evitar as mesmas armadilhas e quedas que os israelitas encontraram em sua marcha para fora da escravidão. A Sra. Eddy escreve: “Tal como os filhos de Israel foram guiados triunfalmente através do Mar Vermelho, sombrio fluxo e refluxo do medo humano — tal como foram conduzidos através do deserto, caminhando cansados pela grande solidão das esperanças humanas, antegozando a alegria prometida — assim a idéia espiritual guiará todos os desejos justos na sua passagem dos sentidos para a Alma, de um sentido material de existência para o espiritual, subindo até a glória preparada para os que amam a Deus.” Ciência e Saúde, p. 566;

O Novo Testamento continua empregando essa linguagem figurada quando se ouve Jesus dizer: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida.”  João 14:6; Atinge-se o caminho rumo à consecução da unidade existente entre o homem e Deus demonstrando-se o Cristo, pondo-se em relevo na conversa e conduta diárias o nosso eu real. Esta é a razão de os cristãos serem chamados de os “do Caminho”  Atos 9:2;. Nos escritos de S. Paulo nenhuma metáfora ética é usada com maior freqüência do que “andar”, como por exemplo, quando ele diz: “Vede prudentemente como andais, não como néscios, e, sim, como sábios.”  Efésios 5:15;

A conduta, ou o comportamento, é também descrita muitas vezes por nomes de lugares. Como nossa experiência é a objetivação de nosso pensamento, podemos ver como uma cidade ou um país podiam ser considerados simbolicamente estados de consciência. O apelo sincero do Salmista aponta nesse sentido: “Guie-me o teu bom Espírito por terreno plano.”  Salmos 143:10;

O Egito era considerado lugar de escravidão. Morar no Egito era, muitíssimas vezes, encarado como “morar nas trevas” do pensamento. O relato bíblico refere-se ao Egito como “a terra de Cão”  105:23;, antepassado simbólico do Egito. A Sra. Eddy define “Cão” no livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde, como: “Crença corpórea; sensualidade; escravidão; tirania,” Ciência e Saúde, p. 587. o que resume muito bem as crenças errôneas associadas à materialidade que o Egito veio a simbolizar. Sodoma tornou-se o símbolo da imoralidade, descrevendo um estado de consciência imerso no que é animal.

A Terra Prometida e a Jerusalém celestial, por outro lado, são símbolos da verdadeira espiritualidade, a consciência da saúde e da santidade. Assim, o caminho do Egito à Terra Prometida representa o abandono gradativo da crença na materialidade e a aceitação da Mente que havia também em Cristo Jesus (ver Filip. 2:5), vista no comportamento correto para com Deus e para com o nosso próximo.

Tal emprego do simbolismo torna a Bíblia não só o livro do filósofo e do mestre erudito mas também o compêndio do pescador e do carpinteiro. O simbolismo bíblico adota a linguagem do povo. Uma pessoa pode não estar afeita a termos filosóficos, mas consegue entender prontamente os quadros escriturais tirados do viver diário e é capaz de se identificar com eles. E estes a ajudam a compreender e a aplicar as verdades espirituais contidas na Bíblia.

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