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A seção de testemunhos desta edição do Arauto contém uma entrevista, publicada anteriormente...

Da edição de fevereiro de 1981 dO Arauto da Ciência Cristã


A seção de testemunhos desta edição do Arauto contém uma entrevista, publicada anteriormente no Christian Science Sentinel, com um homem e sua esposa, e que constitui exemplo de uma vida radicalmente transformada pelo poder curativo de Deus. Sendo órfão, teve infância muito atribulada. Quando adolescente, foi preso por roubo. Nos treze anos que se seguiram, entrar e sair da prisão passou a ser rotina em sua vida. Então, apresentou-lhe a Ciência CristãChristian Science (kris’tiann sai’ennss).

Sentinel: Jack, o que você nos poderia contar de sua infância tão fora do comum?

Jack: Minha mãe morreu ao me dar à luz e tenho uma vaga lembrança de meu pai em seu uniforme militar. A Sociedade Inglesa de Prevenção à Crueldade contra Crianças afastou-me dele quando eu tinha três anos. Fui mandado a uma instituição para crianças, mantida por uma igreja, mas as senhoras responsáveis pela instituição não conseguiam lidar comigo. Eu me havia acostumado a perambular pelas ruas e aprendera a roubar comida quando tinha fome. Fugia freqüentemente da instituição ou pegava dinheiro das mulheres que a dirigiam; por isso elas me entregaram ao governo. Vivi num orfanato estadual até os quinze anos.

Sentinel: Ninguém nunca se interessou em adotá-lo?

Jack: Em três ocasiões diferentes, vivi em casas de família para ver se desejariam adotar-me, mas nunca deu certo. Ou as pessoas não se davam comigo, ou eu não me dava com elas.

Sentinel: E o que aconteceu depois que você saiu do orfanato?

Jack: Tentei ingressar numa divisão especial do Exército, mas não agüentei a rígida disciplina e, por fim, abandonei tudo. Passei simplesmente a vaguear — vivia por minha conta e procurava manter-me. Mas, toda vez que me metia numa enrascada, não tinha a quem me volver, pois não tinha família. Se eu não conseguia pagar o aluguel ou minhas contas, sentia-me encostado à parede e simplesmente saía e roubava algo. Parecia-me uma reação muito natural, quando estava de fato com problemas ou desesperado, tomar de quem quer que fosse o que quer que eu precisasse. Fiz isso quando criança; toda vez que tinha fome, ía ao mercado e roubava comida. Era assim que eu me alimentava. Claro, eu sabia que estava agindo errado, mas a questão, para mim, era: “Quero continuar com fome?” A proximidade da fome e a necessidade de pagar minhas contas superava, no meu modo de pensar, qualquer escrúpulo moral.

Sentinel: Alguma vez você foi preso?

Jack: Passei cerca de dez dos treze anos seguintes de minha vida, na prisão. Os crimes que cometia não eram violentos (nunca andei armado) e sempre obtinha perdão por boa conduta. No entanto, tornou-se-me rotina entrar e sair da prisão.

Sentinel: A vida na prisão era difícil?

Jack: No começo, eu era tão rebelde que me punham em confinamento, na solitária. Daí, um senhor idoso e gentil, um pedreiro, falou comigo e me tomou sob sua proteção, ensinando-me seu ofício. Percebi que rebelar-me seria inútil e, daí em diante, sempre procurei aproveitar meu tempo na prisão. Fiz alguns cursos, tanto de cultura geral como de ofícios e de maneira geral procurei aperfeiçoar-me. Estudei, em especial, religiões e mitologias através da história e na sociedade moderna.

Sentinel: Foi aí que você começou a estudar Ciência Cristã?

Jack: Não. Foi Michelle que me apresentou esta Ciência, muitos anos mais tarde. Conhecemo-nos numa época em que eu estava em péssima situação: o negócio de construções que eu tinha iniciado fora por águas abaixo e eu estava crivado de dívidas. O único futuro que conseguia antever para mim era retornar à prisão, mas detestava essa idéia. Eu tinha saído dela havia um ano ou dois e queria permanecer fora. Creio que, a meu modo, orei a Deus e foi então que conheci Michelle. Ela me apresentou a Ciência Cristã.

Sentinel: Você acreditava em Deus, naquela época?

Jack: Oh, sim! Estava certo de que havia um poder supremo, mas a noção que eu tinha de Deus era muito vaga. Achava que Ele me ajudava quando e se estivesse disposto a ajudar-me, mas que havia momentos em que Ele me ignorava por completo.

Sentinel: Você teve alguma educação religiosa, quando criança?

Jack: Fui criado na Igreja Anglicana mas freqüentei também várias outras igrejas cristãs. Tinha bom conhecimento da Bíblia. Porém, nada do que aprendera até àquela altura me satisfazia.

Estava certo de que a maioria das religiões é influenciada pela linha de pensamento corrente. Devido a isso, e ao papel que o ritual desempenha nessas religiões, tinha certeza de que apenas uma religião puramente espiritual poderia sobreviver. Isso explica a facilidade com que me apeguei à Ciência Cristã.

Parecia-me que toda religião que estudara até então incluía superstição e medo. Minha pesquisa provara-me que a insegurança e a ignorância dos homens era o que moldava seu conceito de Deus. Eu havia até mesmo começado a escrever um livro que intitulei: E o homem criou Deus. Os homens das cavernas adoravam o trovão e o relâmpago porque tinham medo desses fenômenos; os cultos de fertilidade veneravam deuses que, segundo se acreditava, tornariam as colheitas abundantes se tais deuses se agradassem dos sacrifícios que lhes eram oferecidos. O sofisticado homem moderno não pode aceitar essas teorias idólatras, porque o conhecimento humano atual explica o relâmpago e o trovão e, para incrementar as colheitas, pode-se, simplesmente, ir à loja comprar fertilizantes ou construir sistemas de irrigação. Essas duas crenças específicas sobre Deus podem estar superadas, mas eu não achava que as religiões tivessem progredido muito além desse mesmo padrão de pensamento limitado. Em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, Mary Baker Eddy explica esse atraso num parágrafo sob o título marginal: “Antropomorfismo.” Ela diz (p. 140): “O Jeová das tribos judaicas era um Deus concebido na imaginação dos homens, propenso à cólera, ao arrependimento, e à mutabilidade humana.” E mais adiante, nesse mesmo parágrafo, ela faz a seguinte pergunta retórica: “Que é o deus de um mortal, senão um mortal magnificado?”

Sentinel: Mas, à medida que você aprendia mais de Ciência Cristã, esse ensinamento parecia diferente para você, satisfazia as suas dúvidas sobre Deus?

Jack: Li cinqüenta e seis páginas de Ciência e Saúde e minha vida mudou completamente. O conceito de que Deus é a única Mente, divina, foi muito lógico para mim. E não apenas lógico, mas também demonstrável! Obtive curas, o que me demonstrou que o cristianismo é verdadeiramente científico.

Sentinel: Você se lembra de sua primeira cura?

Jack: Claro. Certa tarde, cerca de um mês depois de estar estudando Ciência Cristã, fiquei doente, com febre muito alta. Eram cinco horas da tarde e teria de estar no emprego às seis para trabalhar a noite inteira. Hesitei em pedir ajuda a uma praticista da Ciência Cristã. Sentia-me culpado, porque pensava que os Cientistas Cristãos não devem ficar doentes. Mas Michelle animou-me; escolhi uma praticista e telefonei-lhe. Quase não conseguia falar — tinha dor de garganta e estava praticamente sem voz. A praticista, porém, reanimou-me e disse que não me preocupasse; ela cuidaria do caso. Desliguei e deitei-me. Então, como grandes letras no céu, vieram-me as palavras: “Eu nada posso fazer de mim mesmo.” São palavras de Cristo Jesus e estão na Bíblia (ver João 5:30). Bem, isso foi o bastante! Levantei-me, perfeitamente bem, e fui trabalhar.

Também fui curado dos hábitos de fumar e beber, logo no início de meu estudo de Ciência Cristã. Não foi uma luta — os vícios simplesmente não tinham mais atrativo, nem poder sobre mim.

Sentinel: E quanto ao medo que você tinha de voltar à prisão? Continuou a persegui-lo?

Jack: Não. Eu não tinha mais medo. Eu sabia, de uma vez por todas, que nunca mais voltaria à prisão — eu nunca mais contaria uma mentira e nunca mais roubaria. E, acima de tudo, eu estava certo de que, em realidade, não tinha uma história de desonestidade ou de anos passados na prisão. A seguinte declaração ajudou-me muito (Ciência e Saúde, p. 505): “A Mente imortal faz seu próprio relato, mas a mente mortal, o sono, os sonhos, o pecado, a moléstia e a morte não constam no primeiro capítulo do Gênesis.” A essa altura, eu conversava freqüentemente com a praticista e ela ajudou-me a reconhecer que meu passado humano não era minha história verdadeira, porque sou uma idéia espiritual, totalmente separada da matéria. Meu único passado real é espiritual, imaculado e totalmente inocente. Quando acreditei nisso e o entendi, os efeitos que aqueles anos tiveram sobre mim simplesmente se desvaneceram.

Além disso, percebi que o tempo passado na prisão fora-me uma proteção e uma oportunidade de preparo. Nunca teria aprendido um ofício ou feito cursos, fora da prisão. Estava muito ocupado com a mera sobrevivência para pensar em aperfeiçoar-me.

Sentinel: Você disse que uma das razões que o levavam a roubar era que você era órfão e não tinha a quem recorrer numa crise. A Ciência Cristã ajudou-o a preencher esse vácuo?

Jack: Sem dúvida. Há um trecho em Ciência e Saúde que diz (p. 60): “O afeto de uma mãe pelo filho não lhe pode ser alienado, porque o amor materno inclui pureza e constância, ambas imortais. Por isso, o afeto materno perdura, sejam quais forem as dificuldades.” A Sra. Eddy estava falando do aspecto humano quando escreveu isso, mas a Ciência Cristã ajudou-me a obter um sentido muito real do amor materno de Deus, que é constante e interminável. A idéia de um Pai-Mãe Deus era tão grandiosa para mim, e o sentido de família que esse novo conceito me trouxe, tão estupendo, que não mais senti ter sido privado do apoio e da estabilidade de uma família. O sentido de vácuo foi varrido juntamente com as dúvidas acerca da vontade de Deus em ajudar-me a todo instante.

Em pouco tempo, Michelle e eu estávamos casados e tenho desfrutado do convívio de sua família e agora da família que constituímos com nosso próprio filho.

Sentinel: Michelle, você está tão quietinha. Diga-nos o que foi observar o progresso de Jack e fazer parte do despertar dele para uma compreensão mais ampla de família.

Michelle: Tem sido surpreendente observá-lo. A Sra. Eddy comenta que pessoas diferentes reagem à Verdade de diferentes maneiras, mas ela também afirma que poucas cedem sem ao menos alguma luta (ver Ciência e Saúde, p. 450). Jack foi um dos poucos a ceder sem luta — ele estava bem preparado para a lógica da Ciência Cristã e para a evidência prática do Amor divino em sua vida. Ofereceu pouquíssima resistência aos novos conceitos que lhe foram apresentados.

Sentinel: Jack estava muito acostumado a viver e defender-se sozinho. Houve momentos difíceis para vocês, ao se ajustarem a uma vida em comum?

Michelle: Certamente houve necessidade de nos ajustarmos, como acontece com qualquer casal ou família. Responsabilidade e compromisso são dois elementos nos quais temos pensado muito. Por exemplo, depois de começarmos nosso negócio, o movimento de nossa firma oscilava muito: ia de um extremo a outro. Vi, com clareza, que precisávamos de uma convicção e um empenho maiores com relação ao que fazíamos e que isso devia provir de um compromisso de servir a Deus, em todos os aspectos de nossa vida, fosse nos negócios, no casamento ou no trabalho de igreja. Depois que nos consagramos a esse ideal, vimos que, pouco a pouco, os negócios firmaram-se até desenvolverem-se de maneira maravilhosa. E essa nova vitalidade foi transferida para a nossa vida em família e na igreja. Devemos esforçar-nos em atender às exigências que Deus nos faz, com coerência e responsabilidade, por amor a Ele e com o desejo de Lhe obedecer.

Jack: Fui tão abençoado pela nova compreensão que estava obtendo sobre Deus, que queria dar algo em troca. Por isso filiei-me de imediato a uma igreja filial, e a A Igreja Mãe tão logo que possível. Temos sido trabalhadores ativos desde o começo — achamos que esse envolvimento prático faz parte de nosso compromisso de servir a Deus. Também recebi instrução em Curso Primário de Ciência Cristã, no meu segundo ano de estudo da Ciência.

Sentinel: Como o fato de fazer parte da igreja afetou sua vida, Jack?

Jack: Sinto que, desde que comecei a estudar esta Ciência, obtive um vislumbre especial da definição de “Igreja”, que a Sra. Eddy apresenta no Glossário de Ciência e Saúde, e que diz, em parte (p. 583): “A estrutura da Verdade e do Amor; tudo o que assenta no Princípio divino e dele procede.” Tendo trabalhado em construções, sei o que é uma estrutura. E, à medida que aplicava esse discernimento à definição apresentada pela Sra. Eddy, pude ver que cada indivíduo está incluído na estrutura espiritual da Igreja; cada uma das idéias de Deus tem função e lugar indispensáveis no Seu universo. Como numa construção, quando um tijolo está fora de lugar a estrutura não está perfeita, assim também na Igreja, cada elemento do Espírito infinito, inclusive o homem, é indispensável para a estrutura toda. Isso expandiu meu conceito de família na proporção em que eu entendia que esse laço comum nos une a todos.

Michelle: Trabalhar para a nossa igreja filial tem nos abençoado muito. Um exemplo disso ocorreu quando dávamos plantão na Sala de Leitura. Era uma sexta-feira e íamos fechar às 19:30. Naquela tarde, havia pouca gente na Sala de Leitura e às 19:25 todo mundo já tinha ido embora. Estávamos pensando em fechar uns minutos mais cedo.

Jack: Mas decidimos que era uma questão de princípio e obediência ficarmos até o último minuto, ainda que não houvesse visitantes. Essa decisão resultou de nosso compromisso para com a igreja e para com o trabalho que estávamos fazendo para apoiá-la.

Michelle: Dois minutos antes do horário de fechar, entraram duas mulheres que pediram um exemplar do Arauto da Ciência Cristã. Começamos a conversar e ficamos sabendo que uma delas precisava de um administrador para um conjunto de prédios em condomínio. Havíamos orado por meses para alcançar um sentido mais elevado e mais satisfatório de emprego para Jack. Como estivesse interessado nesse trabalho, ele conversou com aquela senhora e conseguiu o emprego ali mesmo. Esse lhe foi um excelente passo de progresso e abençoou nossa família de forma imensurável. Entendemos que essa demonstração prática da bondade de Deus foi o resultado natural de nosso amor pela igreja.

Jack: Meu relacionamento com meu chefe naquele trabalho provou o poder do Cristo para redimir e transformar o caráter humano. Ele confiava em mim implicitamente, e com boas razões.

Michelle: Nunca duvidou da honestidade de Jack. Sabe, você não tem que chegar para alguém e dizer: “Sou uma pessoa honesta.” As pessoas o sentem.

Jack: Nunca poderia ter dito isso numa determinada época, mas a Ciência Cristã mudou essa situação.

Michelle: E essa mudança veio, sem dúvida, de uma compreensão mais completa de sua identidade espiritual como o reflexo de Deus, que é a fonte da honestidade.

Jack: Quando penso na minha vida, na formação que eu tive, surpreendo-me com tudo o que foi realizado nos últimos cinco ou seis anos. Na minha vida em família, em meus negócios e na minha compreensão de Deus, progredi mais nesses últimos anos do que nos trinta anos anteriores. Pensando seriamente, aqui está um homem que passou a maior parte de sua vida sem grandes esperanças, entrando e saindo da prisão, e, agora, sua vida foi transformada completamente. Nunca imaginei que tamanho bem fosse me suceder. Nem poderia tê-lo conseguido por mim mesmo.

Sentinel: Foi o poder de Deus em sua vida que trouxe uma mudança e uma regeneração tão radicais.

Jack: Sim, temos de aprender a ouvir Sua orientação e, então, seguir adiante de acordo com Sua vontade. Li este versículo bíblico, outro dia (Atos 17:28): “Pois nele vivemos, e nos movemos, e existimos.” Todo movimento impelido por Deus traz progresso e crescimento — guia-nos para a luz do Cristo. O Cristo governa nossa vida e traz regeneração e redenção que transforma a vida humana. Minha própria vida é prova disso. Devo tudo a Deus.

Esse relato foi cuidadosamente verificado pelos Redatores do Sentinel e do Arauto.

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