Minha amiga necessitava urgentemente de um carro novo. Tinha o dinheiro para comprá-lo, mas hesitava em tomar esse passo.
Tal resistência a preocupava. Passou, então, a orar em busca de melhor compreensão de si mesma. Não muito depois, descobriu qual era o problema: pensava não ser inteiramente merecedora de um carro. Lembrou-se, então, de que até em sua infância nutrira sentimentos de incapacidade e inferioridade.
Mediante a oração, porém, começou a compreender mais profundamente que era filha de Deus, que tinha valor, que era até preciosa para Deus. Comprou o carro e fez bom uso dele.
O homem é a idéia, ou o reflexo, de Deus: Sendo Deus Tudo e sendo Ele bom, Seu valor é infinito. O homem, portanto, devido a seu parentesco com Deus, também possui valor infinito.
Há ocasiões, porém, em que o ser humano sente-se miseravelmente indigno. Talvez relembre o passado e lamente erros reais ou imaginários. Esses sentimentos de culpa e de desapreço podem ser curados. Não devemos projetar, nem mais uma vez sequer, esse filme, de valor questionável, acerca de personalidades e circunstâncias mortais!
O Evangelho de João relata o caso de uma mulher apanhada em adultério. Ver João 8:3–11. Seus acusadores diziam que a lei judaica decretava fosse ela apedrejada até à morte. Quando, porém, o interrogaram a respeito do que ele faria, Jesus silenciou a condenação farisaica deles com umas poucas palavras e a mulher viu-se livre. Disse Jesus: “Nem eu tão pouco te condeno; vai e não peques mais.” Nova oportunidade fora dada à mulher.
Algo mais acontecera, porém: o sábio amor de Jesus a libertara para que se aproximasse mais de sua identidade divina e inocente. Como o Mestre deixara claro que agora ela poderia estar certa de ter forças para resistir ao pecado, ela poderia também resistir à autocondenação. Era-lhe possível adquirir, ou talvez readquirir, o respeito próprio e um senso de dignidade que nem ela, nem ninguém, poderia violar.
O conceito de identidade mortal que um indivíduo entretém, poderá, às vezes, argumentar acirradamente a favor de sua permanência. Poderá começar afirmando que fantástico é tal conceito, chegando ao ponto de exigir elogios infindáveis por parte daqueles que se encontram em sua esfera de influência. Se essa artimanha não der certo, porém, a autocondenação e o sentimento de inferioridade parecerão substitutos aceitáveis.
A forma de nos livrarmos dessa situação consiste em reconhecer esses sentimentos negativos como sugestões da mente carnal — a pretensão à inteligência, a qual é denunciada na Bíblia — e não como nosso próprio pensamento. Só então essas sugestões poderão ser firme e persistentemente rejeitadas, até desaparecerem. E desaparecerão, porque Deus, a Mente única do homem, conhece o valor do homem, e não há outra mente que possa sentir-se inferior ou indigna. Podemos reivindicar essas verdades. Podemos aceitá-las e a elas ceder. Cada indivíduo, pelo fato de ser na verdade o reflexo de Deus, tem o direito, até mesmo o dever, de insistir agora de que é, no seu verdadeiro ser, infinitamente valioso e precioso para Deus.
No livro-texto da Ciência Cristã, Mary Baker Eddy afirma: “Se Deus, que é Vida, ficasse por um só momento separado do Seu reflexo, o homem, durante esse momento não haveria divindade refletida. O Ego ficaria sem ser expresso, e o Pai não teria filhos — não seria Pai.” Ciência e Saúde, p. 306.
O homem espiritual é de valor inestimável para Deus. Disso podemos ter certeza, pois a avaliação divina não se baseia em nada que aconteça ou deixe de acontecer no âmbito do sonho de vida material. Baseia-se, porém, no Amor divino, na natureza do Amor, no fato de que o Amor é o único criador, e na verdade de que a criação do Amor é inerente e irreversivelmente digna de amor.
O Amor divino é Deus. Aquele que está indo ao encontro do Amor em busca de auto-estima pode conscientemente afirmar que, sendo filho de Deus, é precioso. Sua identidade espiritual e verdadeira, o reflexo da Alma pura, é inocente e nobre. Sem nunca ter caído ao nível do sentido material de vida, ele nunca pecou.
Deus, a Mente divina do universo, está amando e valorizando a identidade impecável de cada um de nós agora mesmo. Podemos fazer menos do que termos amor e estima por nós mesmos?
