À vezes, a vida parece-se com um quebra-cabeças formado de centenas de peças. Estas são montadas mais facilmente quando temos uma boa visão do quadro total. Quando oramos, nossa visão mental da realidade torna-se clara e podemos obter vislumbres do verdadeiro modelo que resolverá os quebra-cabeças da vida.
Freqüentemente parece que passamos os dias tentando juntar as peças de maneira tal que correspondam ao que vislumbramos. À vezes, há tantas peças que mal sabemos por onde começar. Ao mesmo tempo em que algumas começam a se encaixar, outras são difíceis de colocar ou parecem ter sumido. Assim talvez pareça ser a vida. Mas um reconhecimento claro do que a vida realmente é revela que não somos mortais em luta para ordenar uma variedade de partes formando um todo.
Na realidade, o homem não necessita juntar as peças da verdade do seu ser. Ele já é a expressão completa do Princípio. E o Princípio é a base não fragmentada da realidade. A criação de Deus não é a montagem de um número infinito de peças. Deus é Um. Sua criação imensurável é a expressão de Sua unicidade perfeita. “O Senhor nosso Deus é o único Senhor” Marcos 12:29., reafirmou Cristo Jesus citando as Escrituras. A natureza do Princípio é inteireza ordenada. A substância da realidade não é seccionada em grupos de pequenos acontecimentos mortais, cada um deles empilhado à volta de uma personalidade mortal ainda menor.
O Princípio reúne o seu universo, não com partes de matéria, mas com a coesão do Espírito sem fim. O Princípio não tem quebra-cabeça algum para montar. Provê a inteireza eterna a expandir-se num ser ilimitado. A totalidade da realidade é central à natureza do Princípio. A Ciência Cristã explica, nas palavras da Sra. Eddy: “ ... a Verdade não é fragmentária, desconexa, desordenada, mas concentrada e inamovivelmente fixa no Princípio.” Restrospecção e Introspecção, p. 93. Esta é a essência da realidade. Não ser fragmentária, mas inteiriça.
Quando tomamos o tempo para elevar nosso olhar acima do quebra-cabeça humano e admitimos a inteireza e a presença eterna do Princípio divino, acontece em nossa vida uma coisa interessante. Começamos a notar com maior freqüência os espaços certos para as peças corretas. Mas se mantemos nosso olhar preso ao monte de peças, temos maior dificuldade em escolhê-las. Precisamos de um sentido vívido do quadro total, inteiro, se esperamos que as peças venham a agrupar-se naturalmente. Se queremos sobrepujar a crença de que a vida e o ser sejam fragmentários, precisamos afastar incessantemente o nosso olhar das peças da mortalidade a fim de obter vislumbres mais uniformes da inteireza da imortalidade.
Na medida em que vemos a existência como um todo, desdobrando a continuidade da perfeição, discernimos algo de Deus. A materialidade é uma coletânea de crenças que pretenderiam apresentar a criação de Deus como fragmentária. A humanidade acolhe essas crenças e define esta frágil existência como dispersa e desconexa. Ossos fraturados, relações rompidas, vidas arrasadas, são os pobres quadros da mortalidade. Mas não precisamos esgravatar entre os escombros, tentando juntar alguma semelhança da realidade. Tal cena não é a essência da Verdade ou de sua criação.
Não encontramos Deus ao ficarmos a olhar para as crenças desintegradoras do sentido material. A Sra. Eddy explica: “O Princípio não pode ser encontrado em idéias fragmentárias.” Ciência e Saúde, p. 302. Onde, então, encontraremos Deus? Como poderemos ver além das peças do materialismo? As verdades inspiradas da Bíblia mostram-nos a realidade. A finalidade da Bíblia não é a de reunir num livro fragmentos interessantes da história. Seu desígnio verdadeiro é revelar a natureza de Deus, Sua inteireza e totalidade, e ilustrar o homem real como Sua pura expressão espiritual — nunca em confusão.
A vida de Cristo Jesus pôs em foco esta profunda mensagem espiritual da Bíblia. Sua vida deu prova irrefutável de que Deus é infinitamente bom. Mostrou que Deus é o Espírito sempre presente, e a ascensão mostrou, de modo conclusivo, que a verdadeira substância do homem é eternamente espiritual. Jesus revelou o fato de que o ser individual não é um conglomerado de matéria, sujeito a desenvolvimento delicado e maturidade, finalmente separado e empurrado para o Espírito. Sua vida provou que o ser individual representa o contínuo desdobrar da perfeição.
O que Jesus ensinou não eram fragmentos de realidade juntados por meio de algum vislumbre pessoal. Seus ensinamentos eram tirados da visão da realidade que Deus lhe havia concedido — inteira, capaz de ser provada. Ilustrou para os seus seguidores um método compreensível por meio do qual demonstrar a inteireza de Deus, Seu ser completo. Esses ensinamentos foram clara e sistematicamente explicados nos escritos de autoria de Mary Baker Eddy. Ela insiste: “Os ensinamentos de Cristo não estão envoltos em mistério, nem são teóricos e fragmentários, mas práticos e completos; e por serem práticos e completos, não estão privados de sua vitalidade essencial.” Ibid., p. 98.
Se muita de nossa vitalidade foi sacrificada em juntar o quebracabeça da existência humana, precisamos dedicar menos tempo a girar aquelas peças num esforço de fazer com que se encaixem. Precisamos admitir a presença e a inteireza de Deus e do homem, agora. Precisamos levantar nosso olhar ao reconhecimento de que o amor infinito de Deus está envolvendo todo o ser e que sempre nos encaixamos distinta e perfeitamente em Sua presença.
O verdadeiro ser nunca se desmantelou; nunca precisa ser reunido outra vez. A existência não é composta de dúvidas e cismas. É uma expressão da Mente divina, coesa e que tudo sabe. Nesta verdade do ser, a substância do homem é distintamente espiritual, intocada pelas crenças da materialidade. Como Deus é completo, o homem é permanentemente inteiro. O Princípio sustenta seu ser não fragmentado.
