Um dos rótulos usados sob o tópico geral de crianças excepcionais é o da “incapacidade de aprender”. A tendência de classificar crianças de acordo com essa rubrica vem se tornando cada vez mais aceitável. Quando uma criança é considerada “incapaz de aprender”, em geral, os pais ficam ansiosos por se valerem de quaisquer serviços e programas remediadores disponíveis.
A regulamentação final para implementação do Ato sobre a Educação de Excepcionais nos Estados Unidos define a incapacidade de aprender como uma disfunção de um ou mais dos processos psicológicos básicos envolvidos na compreensão e no uso do idioma, falado ou escrito. Essa definição aplica-se às dificuldades de prestar atenção, falar, pensar, ler, escrever, soletrar ou fazer cálculos matemáticos.
Que consolo e libertação é conhecer o fato, revelado na Ciência Cristã, de que Deus e o homem são um só como Princípio e sua idéia infinita. Essa lei de unidade silencia quaisquer opiniões mortais que pretendam separar o homem da perfeição de seu Pai-Mãe Deus, a Mente divina.
É falsa a crença de que a identidade verdadeira de uma criança possa ser limitada, incapacitada, bloqueada, desorganizada ou reduzida de qualquer forma. O homem real expressa domínio, não limitação nem restrição. Todas as suas funções e ações são controladas pela Mente única e movem-se harmoniosamente de acordo com essa Mente. Quando compreendida, essa verdade atua como lei da harmonia que governa as faculdades da criança, e sua aptidão para prestar atenção, falar, pensar e aprender. A criança, em realidade, só pode expressar aquilo que a Mente sabe a seu respeito.
Quando nossas orações começam com o reconhecimento de que Deus é a única causa da existência do homem, atacamos com denodo cada impostor que pretenda ter poder sobre o homem. Hereditariedade, trauma de nascimento, enfermidade, disfunções neurológicas ou distúrbios emocionais não têm qualquer poder de afetar a Vida do homem, a Vida que é Deus. A Sra Eddy diz: “Só há uma causa primária. Portanto, não pode haver efeito algum de qualquer outra causa, e não pode haver realidade naquilo que não proceda dessa causa grande e única.” Ciência e Saúde, p. 207.
Classificar alguém como incapaz de aprender denota um conceito errado a respeito do homem, conceito que o separaria de sua identidade dada por Deus. Identificar espiritualmente a criança é uma necessidade fundamental à cura. As pretensões da matéria podem ser eficazmente desafiadas na medida em que reconhecemos continuamente que o homem é o reflexo perfeito de Deus.
Recuse-se a aceitar como verdadeiro um rótulo que signifique ser alguém incompleto, incapaz ou limitado de alguma forma. Identifique corretamente o homem como coerente, capaz, divinamente motivado, ordeiro e imperturbado. Ele inclui todos os atributos associados aos sete sinônimos que a Sra. Eddy usa para Deus. O homem expressa a previsibilidade do Princípio, a coerência do Amor, a serenidade da Alma; inclui a atenção e clareza da Verdade, a sabedoria e a percepção da Mente. O homem é tão ilimitado quanto a Vida e tão feliz e vigoroso quanto o Espírito. A Sra. Eddy, em Ciência e Saúde, assim descreve o homem: “Aquilo que não tem mente separada de Deus; aquilo que não tem uma só qualidade que não derive da Divindade; aquilo que não possui vida, inteligência, nem poder criador próprios, mas reflete espiritualmente tudo o que pertence a seu Criador.” Ibid., p. 475.
Como se pode ajudar uma criança que, na escola, foi colocada numa classe especial? Com terna solicitude pela criança que se mostra frustrada, deprimida e até mesmo hostil. Conquanto não seja nossa prerrogativa orar especificamente por um indivíduo sem o seu consentimento, cabe-nos, por certo, observar atentamente o que aceitamos como verdadeiro a nosso respeito e a respeito de outros. Toda vez que estivermos diante de uma criança classificada como incapaz de aprender, podemos recusar-nos a ser iludidos por qualquer apresentação do homem como sendo menos do que a manifestação da Mente divina. Tais imagens não têm poder de intrometer-se em nossa clara percepção da unidade do homem com sua causa perfeita e inteligente, e não podemos ser levados a nos curvar perante elas e aceitá-las como reais.
É comum também os pais necessitarem de terno encorajamento, se a situação parece regredir, ou mesmo quando parece demorar em apresentar melhoras. A tentação de procurar razões e soluções humanas pode desviar-nos da evidência de crescimento real que está ocorrendo, crescimento que oferece a promessa de uma cura. Podemos ajudar os pais, quando oportuno, a desarraigar o desânimo, a inaptidão e o fracasso e a substituir essas atitudes pela compaixão, a paciência e a gratidão.
Se somos nós mesmos os pais, convém reconhecermos que não é nossa meta ter em nosso lar filhos humanamente perfeitos. Nossa responsabilidade é despertar do sonho da limitação mortal que cercearia tudo o que nossos filhos fizessem; é identificá-los como Deus os vê: intatos, capazes, harmoniosos, e em perfeita atividade. Volver-se ativa e conscientemente a Deus como o único Progenitor celestial, confiando-Lhe as crianças, livra os pais da falsa responsabilidade e liberta a criança para que se desenvolva e revele sua individualidade preciosa e verdadeira.
A teoria corrente e amplamente difundida de que a incapacidade de aprender seja um problema que precisa ser compreendido e enfrentado como incurável é um mito. As dificuldades neurológicas, psicológicas e de personalidade podem ser curadas agora tão certamente como o foram durante o ministério de Cristo Jesus. A Mente divina está no controle de toda situação. Nenhum estado pode ser colocado fora do reino e da jurisdição da Mente. Nenhum temor de demora, história passada ou complicações de família podem, de fato, reduzir o poder curativo da Mente divina.
Quando os discípulos de Jesus não puderam ajudar um menino epiléptico, a quem o Mestre então curou, vieram a Jesus e lhe perguntaram por que haviam falhado. A resposta que Jesus lhes deu foi bem explícita: “Por causa da pequenez da vossa fé. Pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível.” Mateus 17:20.
Aceitar o veredito humano de incurabilidade é limitar o poder de Deus. A presença da Mente infinita é um fato imediato, não um acontecimento futuro. Mas precisamos ter convicção completa de que Deus é Tudo, e calma e firmemente recorrer a esse poder ao provar pacientemente a unidade do homem com Deus. Estas palavras da Sra. Eddy, contidas em Ciência e Saúde, oferecem profundo encorajamento: “Nem a inação orgânica nem o excesso de ação se acham fora do controle de Deus; e para o pensamento mortal modificado, o homem se revelará normal e natural e, portanto, mais harmonioso em suas manifestações, do que era nos estados anteriores que a crença humana criava e sancionava.” Ciência e Saúde, p. 125. A crença humana não tem direito de criar ou sancionar o estado denominado incapacidade de aprender. E podemos demonstrar que não o tem, curando tais disfunções.
