Constatou-se que altos funcionários dos governos da Europa, da América do Sul e da Ásia foram subornados por empresas multinacionais dos Estados Unidos. Houve uma empresa que chegou a distribuir mais de cinqüenta milhões de cruzeiros, e outra que entregou a altos funcionários cerca de dez vezes este valor a fim de influenciar estas autoridades governamentais. Alguns desses altos funcionários foram indiciados, outros afastados de seus cargos e alguns altos executivos das empresas envolvidas no caso foram forçados a se demitirem.
Há pessoas que, surpresas com tais relatos, indagam: Será possível às empresas multinacionais seguir um padrão de ética elevado e único e ao mesmo tempo competir com êxito num mundo de culturas diversas e tradições diferentes a respeito do que é certo e do que é errado?
Algumas empresas estão elaborando seus próprios códigos de ética a fim de melhor guiar seus empregados a fazerem a coisa certa. E esta é uma boa medida. Uma ética baseada na tradição humana sofre, porém, a influência de sua tradição e talvez tenha apelo um tanto limitado. Eventualmente só um sistema de ética baseado na Verdade absoluta pode realizar o bem comum e levar todas as pessoas a integrarem uma comunidade moral. A Ciência Cristã oferece tal sistema, o qual se acha firmemente alicerçado nos Dez Mandamentos, nas Bem-aventuranças e na unicidade de Deus, o Espírito. Mary Baker Eddy escreve: “Um só Deus infinito, o bem, unifica homens e nações; constitui a fraternidade dos homens; põe fim às guerras; cumpre o preceito das Escrituras: ‘Amarás o teu próximo como a ti mesmo’; aniquila a idolatria pagã e a cristã — tudo o que está errado nos códigos sociais, civis, criminais, políticos e religiosos; estabelece a igualdade dos sexos; anula a maldição sobre o homem, e não deixa nada que possa pecar, sofrer, ser punido ou destruído.” Ciência e Saúde, p. 340.
Homens de negócios, bem como outras pessoas, são chamados a edificar uma comunidade sem fronteiras. “A Verdade é ilimitada; o erro é limitado”, assegura-nos a Sra. Eddy. “A Verdade é inteligente; o erro é não-inteligente. Além disso, a Verdade é real, e o erro é irreal.” Ibid., p. 466. Na Ciência, o homem é a própria manifestação desta Verdade unificadora — o Deus único. O empresário que vive a verdade em seu coração e nos seus negócios há de atrair negócios, independentemente do acervo cultural de seus clientes e competidores.
O desafio que lhe cabe enfrentar é desenvolver uma fé ininterrupta no que é correto; uma fé que conserva claras as janelas da consciência para que nela brilhem as idéias da Verdade. Então a fortaleza espiritual e a coragem moral necessárias para agir de acordo com os requisitos da Verdade nela haverão de jorrar, também. Esse empresário poderá então recusar-se a ceder aos falsos deuses dos negócios: o êxito na materialidade; a auto-recompensa e a pretensão de que é mais fácil valer-se de expedientes. Poderá rejeitar a prática da dupla conta de despesas que haveria de sustentar superficialmente um padrão cristão enquanto trafegaria na falta de escrúpulos. Como diz Paulo: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” Romanos 12:2. Atendo-se ao fato de que a Verdade é onipotente, tanto eventualmente como agora, o executivo pode deixar que a realidade do Cristo puro transforme a rotina dos negócios.
A sociedade em geral parece estar hoje à espera de que as empresas assumam maior responsabilidade social e uma moralidade mais elevada. Notícias rapidamente divulgadas sobre o comércio internacional indicam estar havendo uma diminuição na prática de pagamentos ilegais e alude à força moral suprema que a confiança absoluta na Verdade pode levar ao mundo. Relacionamentos governamentais e comerciais ilícitos hoje são menos tolerados do que na década passada, segundo evidencia o número de altos funcionários que foram forçados a demitirem-se dos cargos. O padrão de moralidade pública foi elevado ao menos um pouco no seio da sociedade. Cristo, a Verdade, está agindo no pensamento do mundo, impelindo tal progresso.
Por exemplo, hoje faz-se muitíssimas vezes uma clara distinção entre práticas mercantis aceitáveis como o entretenimento de clientes, e um comportamento inaceitável que vai dos presentes visando a obtenção de favores até o suborno. No entanto, às vezes torna-se difícil saber onde traçar a linha divisória.
Nem nos tempos bíblicos era fácil esta distinção. “Visto que a prática de fazer presentes era encarada como um meio perfeitamente legítimo de tomar a dianteira (Prov. 18:16), e era mesmo recomendado para apaziguar os antagonistas (21:14)”, observa um erudito em Bíblia, “a distinção entre presentes e subornos deve ter sido às vezes extremamente sutil.” The Interpreter's Dictionary of the Bible, Tomo 1, p. 465. Mas Paulo foi bem claro neste ponto. Não fez o menor gesto de comprar Félix quando esta autoridade governamental procurou manobrar para receber suborno. Ver Atos 24:26; Ao empresário também é possível ser tão inequívoco quanto Paulo. Se confia na Verdade genuína e pura, o mais leve indício de desonestidade há de sobressair-se para ser demolido.
Haverá quem pergunte: Quando todas as demais pessoas fazem uso do suborno, como hei de conseguir clientes sem lhes abrir a mão também? O mais alto funcionário de certa empresa responde: “Falando de experiência, posso dizer que é inteiramente possível operar um negócio rendoso, cumprindo com as exigências da sociedade enquanto são mantidos os mais elevados padrões de moralidade.” S.A.M. Advanced Management Journal, Inverno, 1977, p. 9.
Aquele que coloca o seu pensamento em linha com a Verdade ilimitada deve ser capaz de vir com conceitos mais cheios de imaginação que atendam às necessidades de seus clientes e que estejam num nível mais elevado. A Verdade tem um jeito de chegar até mesmo à pessoa mais empedernida. O cliente pode muito bem ficar encantado por ser atraído por métodos inventivos em vez de o ser pelo dinheiro fácil, pelo refinamento em vez de pela auto-recompensa, pela franqueza em vez de pelo subterfúgio.
Ora, uma coisa parece estar clara — as empresas se espalharam tanto pelo mundo inteiro que hoje os seus negócios concernem a todos. No fundo os culpados não são os assim chamados males das grandes empresas ou a burocracia governamental. Os motivos maus e bons do ser humano é que falharam. Temos, portanto, de concluir que é possível às empresas multinacionais seguirem um padrão de ética único e competir com êxito no mercado mundial. O futuro da decência no comércio internacional vai depender em parte da maneira como você e eu somos capazes de resistir ao materialismo e de pôr em prática no nosso viver éticas baseadas na Verdade absoluta. A Sra. Eddy assevera: “A Ciência do homem e do universo, em contraste com todo o erro, está a caminho, e a Verdade apressa-se para vir-lhe ao encontro e dar-lhe as boas-vindas. Ela vem purificando todos os povos, todas as religiões, todas as éticas e todos os aprendizados, e fazendo com que os filhos sejam os nossos mestres.” Message to The Mother Church for 1902, p. 2.
