Cristo Jesus proporcionava cura imediata àqueles que dela necessitavam. Certo dia, quanto se achava em Cafarnaum, um oficial do exército romano veio ao encontro de Jesus e contou-lhe que seu criado estava atacado de paralisia. Sem a menor hesitação, Jesus disse que o haveria de curar e o curou. Ver Mateus 8:5–13. Jesus esperava curar. Por quê? Jesus compreendia as Escrituras. Estava convencido de sua origem espiritual e de seu propósito divino como o Messias escolhido de Deus, que haveria de trazer cura e redenção à humanidade.
O Mestre tinha certeza da coexistência do homem verdadeiro com Deus como a manifestação exata do Espírito, e compreendia que a existência espiritual do homem e seu parentesco com Deus são verdades demonstráveis. Sua consciência da harmonia incessante da atividade criadora da Alma o capacitava a provar que a harmonia do homem nunca pode ser distorcida pela doença, o empobrecimento, a privação. Essa compreensão espiritual confiante trouxe à luz a lei divina da cura para as multidões que o rodeavam.
Jesus ensinou seus discípulos a curar. Certo dia, voltaram eles para o Mestre muito contentes devido às belas curas que conseguiram realizar em resultado do exemplo e do ensino inspirado de Jesus. Lucas descreve o caso: “Então regressaram os setenta, possuídos de alegria, dizendo: Senhor, os próprios demônios se nos submetem pelo teu nome! Mas ele lhes disse: ... alegrai-vos, não porque os espíritos se vos submetem, e, sim, porque os vossos nomes estão arrolados nos céus.” Lucas 10:17, 18, 20. A resposta de Jesus visava a afastá-los de um sentido de realização pessoal e levá-los a reconhecer no poder de Deus o único poder capaz de curar.
Jesus, o nosso Guia, profetizou que os cristãos das eras vindouras haveriam de desenvolver o ânimo espiritual da cura. Previu a vinda de um Consolador que traria a revelação final de seus ensinamentos. Disse: “O Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as cousas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito.” João 14:26. O Consolador prometido já se encontra aqui, mediante os ensinamentos da Ciência Cristã.
Após sua descoberta da Ciência Cristã em 1866, a Sra. Eddy provou o poder dessa lei divina de curar os que se achavam necessitados. Além do mais, esperava que os estudantes desta Ciência desenvolvessem a capacidade de curar a si mesmos e aos demais. Escreve ela: “O trabalho de cura, na Ciência da Mente, é o poder mais sagrado e salutar que se pode exercer. Meus alunos cristãos, imbuídos do verdadeiro sentido do grande trabalho que os espera, entram nesse caminho reto e estreito, e trabalham conscienciosamente.” Retrospecção e Introspecção, pp. 54–55.
O estudo regular da Bíblia, e de Ciência e Saúde de autoria da Sra. Eddy, habilita os “alunos cristãos” de toda parte a compreender e praticar os ensinamentos de Cristo Jesus. Mediante esse estudo, o aluno constata que sua vida é redimida de um problema após o outro. Descobre o Cristo, o poder de Deus, como influência contínua e poderosa em prol do bem no pensamento humano, trazendo libertação das várias limitações da materialidade. Ao edificar um alicerce de cura em sua própria vida, sua gratidão a Deus fá-lo voltar-se naturalmente para a possibilidade de curar outras pessoas. Após completar o Curso Primário de Ciência Cristã, muitos alunos consideram a possibilidade de entrar para a prática pública da Ciência Cristã. Geralmente surgem questões quanto aos diversos passos que conviria dessem em oração a fim de trazer à luz esse trabalho sagrado.
Quando, faz alguns anos, decidi entrar para a prática dessa cura, houve diversos passos metafísicos que se me mostraram muito úteis. Desde o início dei-me conta de que o sentido espiritual merecia ser melhor desenvolvido. Todas as semanas eu dedicava horas à oração e ao estudo de referências da Bíblia e dos escritos da Sra. Eddy, particularmente as que se relacionavam com termos tais como: o Cristo, a espiritualidade e a compreensão espiritual. Esse estudo mostrou que o trabalho de cura realizado por Cristo Jesus tinha por base sua convicção da natureza divina do homem. Jesus sempre mantinha no pensamento o modelo perfeito do homem imortal, ilimitado, pertencente a Deus. Discernia Deus como o Espírito imortal, a Vida toda poderosa, que criou o homem espiritual e perfeito à própria imagem da Alma. Pelo fato de compreender a espiritualidade do homem, inseparável de Deus, Jesus manteve sempre um ponto de vista espiritual.
Para comprovar o poder divino de curar a nós mesmos e a outros, faz-se necessário desenvolver nosso sentido espiritual a respeito de Deus e do homem. Com esse fim espiritualizamos o conceito que temos a nosso próprio respeito e a respeito de outros, aprofundando e mantendo no pensamento em todos os momentos o modelo perfeito, ou a natureza divina do homem originado em Deus. Desse modo, podemos aprender a desenvolver e manter um ponto de vista espiritual, tal como Jesus o fez. Ciência e Saúde di-lo assim: “Na Ciência, todo ser é eterno, espiritual, perfeito, harmonioso em toda ação. Esteja presente em teus pensamentos o modelo perfeito, e não seu oposto desmoralizado. Essa espiritualização do pensamento deixa entrar a luz e introduz na tua consciência a Mente divina, a Vida, não a morte.” Ciência e Saúde, p. 407.
Continuando a orar e a estudar, percebi que Jesus não identificava a si nem a outros com as limitações da mortalidade. Sua identificação era espiritual. Ele reconhecia em si mesmo o Filho de Deus à semelhança do Espírito. Além disso, levava esse mesmo ponto de vista espiritual àqueles a quem curava. Identificava-os com a filiação espiritual na semelhança da Vida, da Verdade e do Amor. O Mestre ilustrou sua natureza espiritual mediante seu ensino e cura, livrando as pessoas de todos os tipos de males. A esse respeito, estudar as páginas 315 e 316 de Ciência e Saúde pode ser útil em mostrar como Jesus, ao provar a filiação divina para si e para outros, reconheceu a espiritualidade inata do homem. Todo estudante de Ciência Cristã aprende a seguir o exemplo de Jesus mediante passos similares de identificação espiritual.
No entanto, bem no meio do estudo necessário e da oração, o praticista incipiente talvez entretenha alguns pensamentos negativos que o haveriam de puxar para a direção oposta. Alguém poderia estar raciocinando assim: “Não sou suficientemente bom. Não sei o bastante a respeito de Deus para realizar curas. Além disso, ninguém sabe que estou disponível para ajudar.” Ou, talvez sinta que entrar para a prática pública seja um esforço pessoal difícil, algo grandioso demais para a sua capacidade.
O Cientista Cristão alerta reconhece tais sugestões como a suposta atividade do mal impessoal geralmente chamado o diabo. Paulo diznos que devemos nos despojar desse “pendor da carne” e substituí-lo pelo espírito de Cristo. Ver Romanos 8:5–13. Toda sugestão de que o mal possa usurpar a bondade e o poder de Deus é definida, na Ciência Cristã, como mente mortal, ou magnetismo animal. Esse termo tem por fim designar uma mentira — aquilo que não tem nada de Deus, o bem, e que, portanto, carece de poder. Sem ter o poder de Deus a sustentá-la, a mente mortal, ou o magnetismo animal, só pode estar desprovida de poder, ser irreal, ser nada.
O magnetismo animal procura impedir que se atenda o chamado à atividade redentora de Cristo, a Verdade. Procura ocultar nosso verdadeiro eu e propósito originados em Deus. Contudo, o magnetismo animal não tem poder sobre nós, quando buscamos orientação e motivação apenas em Deus.
Nesse sentido, é útil examinar repetidas vezes o nosso pensamento. Ao invés de aceitar as sugestões mentirosas do sentido pessoal, devemos escolher apenas os pensamentos cuja fonte é a Mente infinita. Fato é que a finalidade do homem é conhecida de Deus e está estabelecida pela Mente infinita. Lembremo-nos da declaração que Jesus fez aos setenta: “Os vossos nomes estão arrolados nos céus.” Ao compreender isso, veremos que a inteireza de toda atividade inspirada por Deus, inclusive o trabalho de cura, está a salvo. Raciocinando desse modo, tomamos posição ao lado da lei espiritual, a lei do Amor que revela o bem. Então, podemos perceber que a obra de nossa vida está progredindo sob a lei divina. Ao invés de nos curvarmos ao sentido pessoal e a um falso sentido de responsabilidade, coloquemo-nos sob a lei divina do bem ilimitável. A cada dia nos é dado procurar saber qual é a vontade do Pai e de orar pela capacidade de realizar Sua obra desprovidos de qualquer traço de sentido pessoal ou de um eu mortal, limitado. Jesus o ressaltou aos seus discípulos: “A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra.” João 4:34.
Tal como acontece com a consecução de qualquer meta elevada, a prática da cura merece ser acalentada e nutrida. Quando alguém nos pede ajuda mediante oração, esse não é realmente um apelo a nós como pessoa, mas ao Cristo impessoal, todo-poderoso, que brilha em nossa vida. Nutramos em nós essa semelhança ao Cristo mediante horas regulares de oração e de estudo profundo da Bíblia e das obras da Sra. Eddy. Procuremos a compreensão espiritual. Esforcemo-nos por representar Deus em todo pensamento e toda ação. Estejamos confiantes em que Sua bondade e poder se desdobram em nossa vida. A Sra. Eddy escreve: “Aquele que compreende o poder do Espírito não duvida do poder de Deus — isto é, o poder da Verdade — para curar pela Ciência divina, poder que supera todos os outros meios e métodos humanos.” Miscellaneous Writings, p. 52.
O “poder do Espírito” brilha vivamente nos ensinamentos do Consolador, a Ciência divina. Esses ensinamentos mostram como as curas iluminaram a vida dos profetas e a dos apóstolos, e particularmente a vida de Cristo Jesus. O Consolador traz a cura cristã a esta era. A obra de cura realizada pela Ciência Cristã, inclusive a dos praticistas, permanece em linha direta com a profecia bíblica. Cristo Jesus predisse: “Aquele que crê em mim, fará também as obras que eu faço, e outras maiores fará.” João 14:12.
Resumindo: há uma variedade de passos a serem dados para se aprender a provar o poder curativo de Deus. Nesses passos podem estar incluídos alguns dos que aqui foram debatidos, tais como o aprofundamento de nosso apreço pelo papel profético do Consolador em nossa vida; aprender a compreender o “poder do Espírito” que opera na consciência humana; aprender a substituir o sentido pessoal pela lei da bondade divina que governa nosso progresso; aprender a desenvolver nossa espiritualidade e a identificar a nós e a outros com o Cristo; e, por fim, aprender a nutrir nossa semelhança ao Cristo mediante estudo e oração. O pensamento atento, inspirado pela orientação divina, nos mostrará o caminho.
