Você já tentou afastar-se de tudo e de todos? Fechar-se numa concha, olhando só para dentro, porque sentiu-se ferido ou zangado? Quase todas as pessoas, num período ou noutro, já quiseram afastar-se ou ir para algum lugar bem distante de todo mundo.
Mas, será que você realmente ficaria sozinho? Mesmo que um lugar desses fosse encontrado, Deus estaria lá porque Ele enche todo espaço. Deus está em toda parte em que Seus filhos estão. Assim, em vez de tentar afastar-se do mundo, melhor solução seria a de aproximar-se de Deus.
A Ciência Cristã mostra como romper as conchas do escapismo, sejam elas formadas por autopiedade, timidez ou menosprezo pelos outros. Isto se dá através da revelação de nossa verdadeira identidade como homem, a idéia espiritual de Deus, feliz e completa.
No entanto, um mortal pode estar confuso ou ficar amargurado da vida. Pode pensar que tem boa razão para lamentar-se o tempo todo ou para construir uma concha protetora. Ora, uma concha dessas não protege de verdade. Ao contrário, é uma cobertura superficial que esconde nosso verdadeiro ser. Vem reforçar a ilusão básica de que a vida seja material e esteja separada de Deus. A Sra. Eddy diz-nos em Ciência e Saúde o que todos nós temos de fazer, mais cedo ou mais tarde: “Os mortais precisam emergir dessa noção de que a vida material seja tudo-em-tudo. Precisam romper suas cascas de ovo mediante a Ciência Cristã e olhar para fora e para cima.” Ciência e Saúde, p. 552.
Assim que um pintinho rompe seu invólucro escuro, ele está na luz. Ao romper nossas conchas, também nós emergimos de um conceito obscuro acerca de nós mesmos e de nosso mundo. Podemos enxergar tudo de maneira nova, se começarmos a ver a nós mesmos como os filhos de Deus. Podemos esperar perspectivas cada vez melhores e mudanças bem mais construtivas.
Uma amiga minha contava doze anos quando desenvolveu-se consideravelmente — quase de repente. Na época, ela também estava convencida de que tinha o nariz grande demais. Deixouse penalizar miseravelmente por essas coisas, pensando que era uma pessoa feia. Duas amigas até mesmo lho tinham dito!
Clarice começou a fumar para chamar a atenção sobre si, embora detestasse o gosto. Como isso não atraiu nenhuma nova amizade, parou. Logo, como seus pensamentos estavam tão confinados aos seus próprios sentimentos atormentados, acreditou que não tinha nenhum amigo. Começou a construir uma concha muito espessa a sua volta, uma concha com muitas camadas de ressentimento, solidão e autopiedade. E começou a desdenhar Deus e a culpá-Lo por toda sua infelicidade.
Entretanto, durante esse tempo, Clarice continuava a freqüentar a Escola Dominical da Ciência Cristã. A professora e a mãe dela permaneceram certas de que Deus tem amor por todos os Seus filhos. Tal amor envolvia esse pintinho, que, elas sabiam, algum dia iria começar a romper a concha de infelicidade que construíra para si. As afirmações que elas fizeram sobre a bondade de Deus finalmente conduziram Clarice a uma espécie de modificação. Começou a interessar-se por natação e treinou para competições esportivas. À medida que sua habilidade se desenvolvia, esforçava-se mais. Ficou tão ocupada com o esporte que pensou menos em sua aparência. Então começou a fazer novas amizades.
Finalmente, e muito devagar no começo, Clarice começou a aproximar-se mais de Deus. Começou a ler sozinha o livro Ciência e Saúde. As verdades nele contidas ajudavam-na a preparar-se para as competições de natação. A mãe também lembrou-lhe a explicação que Cristo Jesus dava para suas realizações: “O Filho nada pode fazer de si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai.” João 5:19. Era a Deus que ele glorificava, não a si mesmo.
À medida que Clarice trabalhava com esse mesmo objetivo de glorificar a Deus (de quem ela estava começando a gostar), começou a ver que Deus realmente era a fonte de sua força e energia. Contou para a professora da Escola Dominical: “Comecei a compreender quão bondoso Deus realmente é.” Quanto mais grata ficava por tudo o que tinha e o que podia fazer, mais Clarice sentia que Deus estava fazendo jorrar sobre ela a Sua bondade. A concha do ódio a si mesma finalmente rompeu-se.
Numa época de mudanças no corpo, é natural que a gente não se sinta a mesma pessoa de um dia para outro. “Quem sou eu? Como estou hoje?” são perguntas comuns. Mas quando o corpo está crescendo rapidamente, podemos aprender que Cristo, a Verdade, mantém sob controle até mesmo essa estrutura física. O estado natural de desenvolvimento humano não precisa assustar-nos. De certa forma, ele nos força a abrir o pensamento ao reconhecimento mais iluminado de nós mesmos. Procuramos nossa identidade real como idéias espirituais de Deus expressando Sua bondade e graça.
Quem sou eu? Alguém poderá responder: não apenas um ser humano, mas o filho amado de Deus, e Deus me ama; na verdade não sou um ou uma adolescente em desenvolvimento, mas a completa expressão da Mente; não o que parece ser uma formação de carne e ossos ajuntados em diversas proporções, mas a formação do verdadeiro ser, o reflexo da Alma. Estou completo, sou amado e em mim há beleza!
Afirmando nosso domínio outorgado por Deus, não seremos arrastados para o tumulto por toda brisa de modificação. Quando confiamos totalmente em Deus, que formou o homem à Sua semelhança, nossa preocupação pelas aparências diminuirá. Começaremos a ver além dos confins de um corpo material e nos conscientizaremos de nossa liberdade inata de expressar Deus em novas maneiras.
Quanto mais amamos a Deus, tanto mais percebemos como Sua bondade ilimitada está sempre presente. À medida que somos gratos pelo bem, paramos de lamentar-nos. Apreciando a nós mesmos como a expressão de Deus, veremos que a autocondenação é desnecessária. As camadas de falsos conceitos se desprenderão à medida que a espiritualização iluminar o nosso pensamento.
Sente-se você infeliz com seu sentido material de vida? Procure ouvir as mensagens de Deus, que conhece as nossas necessidades; de fato, Deus está constantemente suprindo-nos de respostas — sempre que nos volvamos a Ele. E você é agora o filho ou a filha a quem Deus tem amor.
