Orar não é um procedimento de pedir a Deus o que queremos e daí ficar esperando receber o que foi pedido. Orar, na Ciência Cristã, é afirmar que Deus é tudo e reconhecer o fato de que o homem é a expressão de Deus, é criado por Deus e está de posse, exatamente agora, de tudo quanto precisa. A expressão “espera e ora” talvez leve alguém a associar a oração com a conjetura e a sorte. Mas, não há conjetura nem sorte, ligadas à oração. Oramos ao reconhecer a totalidade de Deus e a eterna disponibilidade do bem para a Sua idéia, o homem.
Há vários anos, contaram-me um caso a respeito de uma comunidade do centro-oeste norte-americano que havia sido assolada por forte seca. Como a região vivia da agricultura, a situação estava causando seriíssimos problemas econômicos. A comunidade decidiu voltar-se para Deus em busca de ajuda: foi preparada uma reunião de oração. Todas as denominações religiosas foram convidadas a concentrar-se no centro da cidade. Dali todos marchariam juntos até um parque situado nos limites da cidadezinha, onde seria realizada a reunião. Quando, marchando, chegavam ao parque, certa mãe notou a ausência da filhinha; ao retornar sobre seus passos pela estrada poeirenta, viu a meninazinha à distância e deu-se conta de que ela voltara para pegar uma coisa que o resto da multidão que orava por chuva havia esquecido — um guarda-chuva!
Quando nos volvemos a Deus em oração, será que o fazemos, como essa menina fez, confiando, com absoluta certeza, em que nosso bondoso Pai celestial já tem aquilo de que necessitamos? Cristo Jesus garantiu-nos séculos atrás: “Buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á.” Mateus 7:7. Estaremos procurando algo “lá fora”, distante e separado de nossa existência? O que procuramos por meio da oração é a inspiração sagrada com a qual discernir o que já possuímos em medida ilimitada — ideias espirituais. Essas idéias conduzem a soluções práticas. E o que se abre para nós é nossa compreensão a respeito de Deus como a fonte imediata e infinita de todo o bem. O que procuramos não está mais distante de nós do que o estão as nossas orações.
O que nos anima a respeito da oração é que ela sempre traz resultados. A oração resolve! Uma parte vital da oração é essa expectativa de resultado. Se começamos nossa oração: “Sei que Deus é tudo, mas ...” estamo-nos derrotando. Estamos negando o poder onipresente de Deus. Um ponto importante em remover da oração a dúvida é compreender que, na totalidade de Deus, não existe carência nem limitação. Não estamos orando para que se nos acrescente algo que realmente esteja faltando. Estamo-nos regozijando com a harmonia espiritual e a abundância que já possuímos. Em Ciência e Saúde a Sra. Eddy escreve: “Os cristãos regozijam-se com beleza e abundância secretas, ocultas ao mundo, mas conhecidas de Deus.” Ciência e Saúde, p. 15. Nossos sentidos espirituais discernem a “beleza e abundância secretas” de nosso ser harmonioso.
Mediante a oração, que conduz à união espiritual com a consciência divina, despertamos para o fato de que não estamos procurando ajuda material, e, sim, uma compreensão espiritual mais rica, mais profunda. Essa compreensão revela a supremacia e a majestade da totalidade de Deus. Então percebemos que tudo quanto sugira haver limites à presença ou ao poder de Deus é uma mentira. Negar essa pretensão de limitação faz parte importante de nossas orações. Deus é Tudo; Deus e Sua criação são ilimitados.
Pode ser fácil aceitar a totalidade de Deus. No entanto, por vezes não é tão fácil compreender que possuímos agora o todo do bem, particularmente quando a situação humana grita de carência ou limitação. Precisamos lembrar o conselho de Jesus: “Entra no teu quarto, e, fechada a porta orarás a teu Pai. ...” Mateus 6:6. Ciência e Saúde o amplia, dizendo: “O quarto simboliza o santuário do Espírito, cuja porta se fecha ao sentido pecaminoso, mas deixa entrar a Verdade, a Vida e o Amor.” 1 Algumas linhas mais adiante, continua: “Para orar com acerto, temos de entrar no quarto e fechar a porta. Temos de cerrar os lábios e impor silêncio aos sentidos materiais. No tranqüilo santuário das aspirações sinceras, precisamos negar o pecado e afirmar que Deus é Tudo.” Ciência e Saúde, p. 15.
Para atingir a altitude espiritual necessária à oração, é preciso rejeitar totalmente as limitadoras pretensões do erro, expulsando-as a todas com firmeza. Isso pode exigir esforço, mas, por que deixar que o erro nos defraude? O erro é apenas uma crença falsa, uma mentira. Expulsemos a mentira e rejubilemo-nos na abundância do bem, na plenitude de idéias espirituais, que atendem a toda e qualquer necessidade.
É um fato, é uma lei, que Deus atende, por completo, a nossas necessidades. Isso se torna aparente quando substituímos as falsas crenças em limitação pela compreensão de Sua totalidade e da herança imortal do homem como filho de Deus. A Sra. Eddy descreve como Deus nos ajuda, nestas palavras profundas: “Deus se compadece de nossas mágoas com o amor de um Pai para com Seu filho — não por tornar-se humano conhecendo o pecado ou o nada, mas eliminando o nosso conhecimento daquilo que não é.” Não e Sim, p. 30. Orar é saber o que é real e rejeitar o que não é.
Semelhante à de uma criança, a confiança que se deposita em Deus e que se afirma com certeza absoluta na totalidade de Deus, é oração simples e eficaz. Essa pureza de pensamento recusa aceitar o erro como real ou formidável. A oração é aquela percepção simples pela qual obtemos absoluta clareza da consciência espiritual; reconhecemos e sentimos a autoridade e a bondade divinas ativas em nosso pensamento e, conseqüentemente, em nossa vida. Quando atingirmos o ápice dessa consciência pura, nós, tal como a criança com seu guarda-chuva, oraremos com a alegre expectativa de que Deus atenderá a todas as nossas necessidades e iremos saber que Deus as atende.
Grande paz têm os que amam a tua lei...
Salmos 119:165
