Em Ciência Cristã, quimicalização não é algo ruim. Não é termo sinônimo de magnetismo animal, tampouco é algo a ser temido, receado, evitado.
A Sra. Eddy escreve em Ciência e Saúde: “Aquilo que eu denomino quimicalização é a efervescência que se produz quando a Verdade imortal está destruindo a crença mortal errônea. A quimicalização mental traz à tona o pecado e a doença, obrigando as impurezas a desaparecerem, como no caso de um líquido em fermentação.” Ciência e Saúde, p. 401.
Quimicalização é o humano cedendo ao divino. Não há necessidade de ser processo doloroso. Uma mudança de base da matéria para o Espírito proporciona-nos maior entendimento e domínio — compreensão cada vez melhor da unidade, totalidade e bondade de Deus e da relação do homem com Deus como Sua imagem e semelhança.
Deus é a Verdade invariável. Essa Verdade nunca representa prejuízo; é a própria fonte da exatidão, da integridade, da retidão. A Verdade é a rocha estável sobre a qual podemos construir espiritualmente; é sempre segura, imutável, nunca vacilante. A Verdade não está sujeita a opiniões humanas; a Verdade é irresistível. Nada há que possa opor-se a sua ação harmoniosa ou obstruí-la. O homem é a idéia expressa da Verdade — sempre, sob quaisquer circunstâncias. Ao reivindicarmos constantemente esses fatos por vivê-los verdadeiramente em nossa própria vida e nos pautarmos por eles, constataremos que os efeitos purificadores da quimicalização mental serão isentos de dor e produtivos.
“Se a fé na verdade do ser, que transmites mentalmente enquanto destróis o erro, causa uma quimicalização (como quando um álcali destrói um ácido), é porque a verdade do ser tem de transformar o erro a fim de produzir uma manifestação mais elevada”, explica Ciência e Saúde. “Essa fermentação não deve agravar a moléstia, mas deve ser tão indolor para o homem quanto para um líquido, visto que a matéria não tem sensação e só a mente mortal sente e vê materialmente.” Ibid.
E em outro trecho o livro-texto diz-nos: “A quimicalização mental decorre da explicação da Verdade, e assim se alcança uma base mais alta; mas em alguns indivíduos reaparecem constantemente os sintomas mórbidos, sejam estes morais ou físicos.” Ibid., p. 453.
Não seria o reaparecimento de sintomas mórbidos do erro a expressão exteriorizada da resistência — consciente ou inconsciente — a abandonar-se o mal como realidade? Devemos acautelar-nos cada vez mais contra a tendência de argumentar a favor do erro. Ter afinidade com o erro nunca se faz elemento de nossa natureza por Deus ordenada e por Ele mantida. Desde essa base científica é impossível aceitar, como fato, argumentação como esta: “Não posso deixar de pensar, sentir ou agir de modo ruim.” Quando passarmos pela experiência da quimicalização, aceitemos esse fato como bom, como evidência dos poderes sanadores, redentores e regeneradores da Verdade em ação na consciência humana. Essa quimicalização trará bênçãos, proporcionará base ou fundamento mais elevados para o pensamento, oferecerá melhor e mais espiritualizada perspectiva da própria vida. Precisamos, porém, fazer o esforço de reivindicar essas bênçãos e aprender a não resistir ao advento da Verdade.
O que é que faz a consciência humana aceitar mais da Verdade? É o Cristo, a manifestação à humanidade do amor divino, eterno, imutável e que a tudo envolve. A missão do Cristo é remover a Verdade do âmbito da abstração, do misticismo, da distância e torná-la prática em nossa vida.
Esses fatos foram-nos certamente evidenciados quando nosso filho mais velho, então com aproximadamente dois anos, sofreu os efeitos de graves queimaduras provocadas por produto químico. Fazia pouco nos mudáramos para uma nova casa, e uma vizinha que não era Cientista Cristã estava visitando minha esposa. O pequenino investigava inocentemente algumas coisas quando deu um grito. Tendo ido até a garagem, conseguira abrir a tampa de um recipiente contendo um produto de limpeza muito forte (que continha lixívia) derramando-o sobre todo o corpo. O quadro era alarmante. Àquela altura, a vizinha, sensibilizada diante das circunstâncias extremas, deixou-nos a sós.
Rapidamente, minha esposa removeu da criança as roupas empapadas do produto químico e deu-lhe um banho, atendendo às suas necessidades físicas. Quando o menino se acalmou, ela chamou-me e ambos oramos, cada um de modo individual, mas com a urgência e a vitalidade de um profundo amor pelo pequenino.
Estas animadoras palavras de nosso Mestre, Cristo Jesus, constituíram o ponto focal de nossos esforços: “Eis aí vos dei autoridade para pisardes serpentes e escorpiões, e sobre todo o poder do inimigo, e nada absolutamente vos causará dano.” Lucas 10:19. Essa é uma verdade pura, elevadora e edificadora, tão prática hoje como o era na época do Mestre.
“Nada absolutamente vos causará dano.” Na criação divina infinitamente boa não há elemento do mal que possa prejudicar, ferir ou destruir. Os elementos de Deus, a Verdade divina, são qualidades da Verdade em perfeita expressão.
No primeiro capítulo do Gênesis, no relato espiritual da criação, não há menção a produtos químicos tóxicos, nem motivo para acidentes ou problemas. De acordo com as Escrituras: “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom.” Gênesis 1:31. Sabendo sermos nós, na Ciência, reflexo de Deus, tínhamos de adotar essa mesma forma de pensar.
Essa atitude em espírito de oração trouxe à superfície o profundo temor sobre o que a vizinha poderia pensar com relação ao bem-estar físico de nosso filho. Reconhecemos que a agitação e a inquietação em nosso próprio pensamento era uma forma de quimicalização mental. Como tal, teria que resultar em progresso espiritual, em uma mudança de base — em cura. Nosso dever fundamental era reconhecer esse fato, e não nos deixar induzir a falar excessivamente sobre o erro.
Em essência, se no pensamento da viziha havia, com relação ao cuidado e tratamento dispensados à criança, alguma preocupação, esta era motivada por seu sentido mais elevado de afeição e amor. O genuíno amor não pode prejudicar, pois está totalmente sujeito à Verdade e aos fatos espirituais do ser.
A essa altura, ambos sentíamos singular calma. O trabalho em espírito de oração teve continuidade e a criança foi atentamente cuidada. Tudo isso, porém, foi feito numa atmosfera de alegria e de expectativa do bem. A sensação de sobrecarga paterna simplesmente desvaneceuse e, na manhã seguinte, não havia nenhum vestígio do acontecido. Nosso filho manteve-se normal em todos os sentidos. O Cristo havia tocado e atendido a nossa necessidade humana.
Isso, porém, não foi tudo. A vizinha, após presenciar essa maravilhosa cura, nada disse a respeito. Não foi feito nenhum comentário sobre o incidente, mas a impressão que este causou foi permanente e produtiva. Mais tarde, quando o filho dela própria teve um acidente enquanto brincava, a vizinha trouxe-o à minha esposa e lhe perguntou: “O que você faria, se essa criança fosse sua?” Minha esposa (enfermeira formada da Ciência Cristã) acalmou o temor da mãe e auxiliou-a em tomar os cuidados necessários, e a criança recuperou-se rapidamente. Durante todo o tempo em que moramos nessa àrea, havia cálido respeito mútuo e compreensão entre nós e nossos vizinhos.
O que ficou provado nessa experiência é tão vasto e vital que não pode ser limitado ao que acontece com uma única família. Desafios que se manifestam no mundo em geral, podem ser vistos como exemplos de uma espécie de quimicalização maciça que está ocorrendo. Ao invés de cedermos ao desânimo e à inoportuna pergunta: “Onde falhamos?” precisamos reconhecer nessas dúvidas e temores o que realmente são — os efeitos do raciocínio errôneo baseado num ponto de vista estritamente material a respeito da vida e do ser.
Não nos lastimemos pela quimicalização mundial; deixemos o momentum continuar até ser expresso numa cura total e completa. Cristo Jesus previu esse desafio na história da humanidade quando disse: “Ouvireis falar de guerras e rumores de guerras.” Ele, porém, não deixa a humanidade parada aí. O Mestre diz-nos especificamente qual deve ser a nossa atitude mental: “Vede, não vos assusteis, porque é necessário assim acontecer...” Mateus 24:6.
Na quimicalização mental de hoje, as argumentações da mente carnal — em sugerir que o homem é um ser animal, nascido em determinada época e chegando-se para a morte inevitável — estão sendo desafiadas pela Verdade. De acordo com a Verdade, o homem é a idéia expressa, espiritual, eterna, de Deus, a Mente. Tendências e instintos animais nada têm a ver com o homem de Deus; desfazem-se à medida que aceitamos aqui e agora a realidade da identidade espiritual e a demonstramos em nossa vida diária.
O praticista científico aprende em Ciência e Saúde que os pacientes poderão, às vezes, ficar alarmados com a quimicalização por desconhecerem sua causa. “Se for esse o caso,” escreve a Sra. Eddy, “explicalhes a lei dessa ação. Assim como da combinação de um ácido e um álcali resulta um terceiro produto, assim a química mental e moral muda a base material do pensamento, dando mais espiritualidade à consciência e fazendo com que esta dependa menos do testemunho material. Essas mudanças, que se processam na mente mortal, servem para reconstruir o corpo. Desse modo a Ciência Cristã, pela alquimia do Espírito, destrói o pecado e a morte.” Ciência e Saúde, p. 422.
Cada um de nós pode dar prova de que esse é o caso em sua própria vida e constatar diretamente que a quimicalização não é algo a ser temido: é o efeito salutar da Verdade.
