Deus é onipotente, o Tudo-em-tudo, a Verdade suprema, a Mente. Deus é o Princípio infinito que governa e mantém o universo espiritual em perfeita ordem e de acordo com a lei divina. O homem é a perfeita expressão de Deus, manifestando Seus atributos. E as qualidades divinas se espelham no homem — refletidas como pureza, poder espiritual e inteligência, justiça, integridade, alegria, liberdade e outras mais.
A Ciência Cristã o ensina Ver Ciência e Saúde 465:8–6; 475:5–23.. Esse ensino repousa diretamente nas grandes lições das Escrituras e particularmente no exemplo de Cristo Jesus. Quando essas verdades são aplicadas diretamente na experiência humana mediante oração, estudo inspirado e provas de cura da doença e do pecado, obtemos a compreensão e o vigor necessários para vencer a tentação, as sugestões agressivas e falsas da mente carnal.
Duas lições contidas na Bíblia ilustram faces diversas da tentação e do que pode acontecer na vida humana. Uma dessas lições, uma alegoria no Antigo Testamento, retrata os protagonistas como tendo sido submetidos a toda uma vida de servidão, punidos por falharem em refutar a sugestão de desobedecer a Deus. A segunda lição está num relato consignado no Novo Testamento e revela a grande promessa do domínio que ocorre quando a tentação de pecar é enfrentada diretamente, e a Palavra de Deus seguida explicitamente.
A primeira ilustração é a de Adão e Eva e de seu encontro com a “serpente”. A segunda é a história bíblica de Cristo Jesus, quando este refuta o diabo depois de haver passado quarenta dias no ermo.
A alegoria contida no Gênesis Ver Gênesis, capítulo 3°. retrata Eva como enganada por uma “serpente” que alegava não estar sendo Deus íntegro em Suas instruções. A tentação toma, no relato, a forma de uma sugestão sutil de que algum conhecimento ou poder secretos haviam sido negados à criação de Deus e podiam ser obtidos sub-repticiamente. Eva e Adão sucumbem, infringem a vontade de Deus, e conseqüentemente sofrem. Fica provado que a aparente “promessa” apregoada na tentação é oca.
Quando Cristo Jesus, no entanto, confrontou as pretensões diabólicas do tentador, depois de um período de oração e jejum no ermo, o Mestre manteve firmemente sua integridade e coragem espiritual. Cada tentação — de crer que a vida é sustentada pela matéria, de testar a capacidade de Deus, de obter poder ou riquezas e glória mundanas — foi completamente derrotada pela verdade bíblica, a Palavra de Deus. “Com isto o deixou o diabo, e eis que vieram anjos, e o serviam.” Mateus 4:11. Jesus havia glorificado e honrado seu Pai celestial, adorado somente a Deus, recusado a tentação de pecar, e fora divinamente abençoado em sua vitória. Foi devido a essa santa conduta exemplificada por Jesus durante toda a sua vida que o autor da epístola aos hebreus podia declarar que o Salvador fora “tentado em todas as cousas, à nossa semelhança, mas sem pecado” Hebreus 4:15..
Jesus havia se defrontado com tentações, mas não havia pecado. Revelou claramente a promessa e a possibilidade de domínio. E a “maldição”, ou ilusão, de um homem adâmico relegado a uma herança de pó, ficou desfeita pela grande obra da vida de Jesus, o qual foi servido por “anjos”. Jesus realizou a missão que Deus lhe designara, a de ensinar, redimir os pecadores e curar os doentes; Jesus ressuscitou mortos. A si próprio ressuscitou, e ascendeu. Nenhuma atração sutil de conhecimento “secreto”, de poder humano, ou de satisfação na matéria podia dissuadir Jesus de cumprir a vontade de Deus. Domínio, em vez de pó; vigor, em vez de submissão; alegria e liberdade, e não tristeza e amargura — Jesus provou serem esses o rico legado do homem, legado que se torna realidade quando enfrentamos diretamente qualquer sugestão de nos afastarmos da vontade de Deus e quando despojamos a tentação de pecar de seus engodos falsos e destrutivos.
Cristo Jesus proclamou que ele era “o caminho”. Consta no Novo Testamento a seguinte observação: “Porque, como pela desobediência de um só homem [Adão] muitos se tornaram pecadores, assim também por meio da obediência de um só [Cristo Jesus] muitos se tornarão justos.” Romanos 5:19. Ao seguirmos Jesus mediante nossa própria obediência ao único Deus, começamos a sentir a importância real das bênçãos do Mestre: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo”; “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; assim como também eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e no seu amor permaneço.” João 14:27; 15:10. E também nós temos esta promessa de poder espiritual contida nas palavras de Paulo aos filipenses: “Tudo posso naquele [em Cristo] que me fortalece.” Filip. 4:13.
Embora a tentação de pecar possa se apresentar sob muitas formas na experiência de um indivíduo, talvez uma sugestão subjacente assaz comum é a de que algo de desejável está faltando em nossa vida. Essa ilusão pretende que esteja nos fazendo falta algo de indefinivelmente “bom” que de certa forma seria possível obter fora de Deus, ou em contrário ao propósito de Deus e ao destino do homem. Com referência à alegoria da serpente como o tentador, conforme consta no Gênesis, lemos o seguinte no livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde de autoria da Sra. Eddy: “Esse mito representa o erro como que afirmando sempre sua superioridade sobre a verdade, desmentindo a Ciência divina e dizendo por intermédio dos sentidos materiais: ‘Posso abrir-te os olhos. Posso fazer o que Deus não fez por ti. Prostra-te diante de mim e aceita outro deus. ...’ ” Ciência e Saúde, p. 530.
O efeito crístico de resistir à tentação mediante a compreensão espiritual está ilustrado na experiência de uma amiga minha. Enquanto ela e o marido visitavam parentes, uma lembrança valiosa que pertencia ao marido fora perdida num campo de golfe. Certa pessoa do grupo sugeriu que o tal artigo poderia ser substituído com o seguro feito pelo casal. A jóia, no entanto, não se achava especificamente relacionada, e assim a apólice não cobriria legitimamente a perda. A mulher, estudante de Ciência Cristã, relatou mais tarde qual a tentação que teve de enfrentar: “Lembrei que uma vez antes eu havia perdido um relógio e o próprio agente de seguros me disse que, se eu assinasse uma declaração de que o relógio fora ‘subtraído’ de minha casa, ele poderia conseguir o dinheiro para mim. Disse-lhe que eu não podia fazer tal coisa pois essa não era a verdade. Novamente se apresentava a mesma tentação.”
Nessa situação quase idêntica, argumentos “lógicos” eram mais uma vez exibidos em favor de uma falsa reclamatória contra a empresa de seguros, e até mesmo houve quem se oferecesse para fazer uma declaração por escrito do furto. A sugestão ficou no ar, e a mulher e o marido retornaram das férias sentindo-se ainda indecisos quanto à tentação.
Certa manhã, enquanto orava e estudava no livro de autoria da Sra. Eddy Rudimentos da Ciência Divina, minha amiga foi inspirada por algumas observações concernentes ao tema da veracidade. Numa delas consta: “Sede honestos, leais para convosco e para com os outros; resultará então que sereis fortes em Deus, o bem eterno.” Rud., p. 8.
Reconheceu que a lei da justiça divina governa o homem e o homem não pode eximir-se de obedecê-la; isso resolveu a questão. A mulher telefonou a um dos parentes a quem ela e o marido haviam visitado durante as férias. Pediu-lhe que entrasse em contato com a pessoa que oferecera dar a declaração falsa e lhe dissesse para não remetê-la. A mulher conta que então ficou com grande “sentimento de paz”, confiante de que “nenhum bem estava sendo subtraído de nós”.
Mais tarde, no mesmo dia, recebeu um telefonema de longa distância informando-a de que a preciosa jóia havia sido encontrada. Já se passara uma semana desde o incidente original e dezenas de pessoas haviam jogado naquele mesmo campo. Mas, naquela tarde, sua própria neta havia encontrado a jóia durante uma partida de golfe.
Não foi senão quando se dispôs a permanecer firmemente com o Princípio divino, que minha amiga reconheceu serem supremas a lei e a ação do Princípio e governarem estas cada situação. A tentação de crer que o homem podia carecer de algum bem ou que o bem podia ser obtido em oposição à lei divina havia sido refutada. Havia sido dominada a tentação de violar a integridade do homem. Domínio havia sido demonstrado.
O Novo Testamento leva-nos a esta importante conclusão (conforme The New English Bible): “Até agora vocês não tiveram de passar provação alguma que o homem não possa suportar. Deus é fiel, e não permitirá que vocês sejam testados acima de suas forças, mas quando o teste vier há de prover na mesma hora uma saída...” 1 Cor. 10:13. A aliança eterna entre Deus e Seus filhos queridos certamente inclui a promessa de termos domínio sobre a tentação de pecar. E a liberdade alcançada aponta para a misericórdia infinita e a justiça do Amor divino.
