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Avanço espiritual e a simplicidade do Cristo

Da edição de janeiro de 1984 dO Arauto da Ciência Cristã


Em certa ocasião, os discípulos de Cristo Jesus lhe perguntaram: “Quem é, porventura, o maior no reino dos céus?” Talvez quisessem saber qual deles era o mais favorecido, ou espiritualmente adiantado, a seus olhos. Será que esperavam ouvir nome ou nomes que reconhecessem? Não sabemos, é claro, mas temos sua resposta: “Jesus, chamando uma criança, colocou-a no meio deles. E disse: Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus. Portanto, aquele que se humilhar como esta criança, esse é o maior no reino dos céus.” Mateus 18:1–4.

Tal como os discípulos, talvez precisemos de um lembrete ocasional do que constitui a grandeza “no reino dos céus”! Nossa expressão das qualidades infantis de humildade, confiança, perdão e alegria é verdadeiramente um sinal de que compreendemos a natureza de Deus — o Amor infinito que tudo envolve — e de que estamos crescendo do ponto de vista espiritual. Se, de fato, vislumbramos mais do infinito Pai-Mãe Amor, temos de, paralelamente, discernir nossa própria natureza verdadeira como os filhos inocentes e puros de Deus.

A resposta de Jesus à pergunta dos discípulos sugere que a competição “adulta” destes e sua preocupação com posições pessoais eram atitudes que não podiam entrar no reino do céu, ou harmonia espiritual. Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã Christian Science (kris'tiann sai'ennss), escreve em Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras: “Às vezes, a verdade pode parecer como que rejeitada, porque a humildade e a espiritualidade são as condições para que ela seja aceita, ao passo que a cristandade geralmente exige muito menos.” Ciência e Saúde, p. 343.

Se a humildade e a espiritualidade são as condições para nossa aceitação da verdade, podemos rejeitar os estados mentais ineptos que medem nosso avanço, ou o de outros, pela noção mundana e falha de acumulação ou acréscimo pessoal de alguma condição pseudo-espiritual. Essa noção errônea leva à crença em hierarquia ou clero, conceito totalmente estranho à descoberta, feita pela Sra. Eddy, das leis da cura cristã e de seu estabelecimento da Igreja de Cristo, Cientista.

Numa outra vez, um dos discípulos perguntou a Cristo Jesus que papel ou destino outro discípulo iria desempenhar. O Mestre respondeu: “Que te importa? Quanto a ti, segue-me.” João 21:22.

Também nós temos de estar certos de estarmos nos esforçando para seguir o Cristo. Podemos admirar e respeitar a habilidade de cura de outra pessoa e, talvez, sentir-nos profundamente inspirados por seu exemplo, mas seria contrário à letra e ao espírito da Ciência Cristã, e prejudicial à nossa própria prática, fazer um ídolo de um metafísico favorito!

De fato, a admiração excessiva por outrem talvez não venha a realçar o progresso, mas sim a deter o crescimento espiritual. Se há sinceridade em nosso apreço e respeito por outra pessoa, reconhecemos que as qualidades que nela vemos e amamos são o reflexo de Deus, o bem onipotente.

A fim de desencorajar a adulação de sua personalidade ou a inveja de seu trabalho de cura, Jesus perguntou: “Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão um só, que é Deus.” Marcos 10:18. É evidente que Jesus não estava sendo indelicado, nem era sua humildade simplesmente a do tipo modesto, pois estava ciente de que seu lugar inigualável na profecia tinha de ser reconhecido. Ora, estava mostrando que se alguém quisesse, com sinceridade, reconhecer a grandeza, tinha de humildemente reconhecer a fonte como sendo de todo divina e crescer na compreensão de que a bondade de Deus está igualmente disponível para todos.

Se tivermos o costume de personalizar por demais o bem, talvez acabaremos descobrindo que caímos no hábito de personalizar o erro. Esse tipo de pensamento levaria um a julgar e criticar a demonstração de outro — o que é tão prejudicial e contrário à ética quanto idolatrar alguém. Apontar os defeitos de outrem não revela nenhum vislumbre espiritual particular ou superioridade da parte de quem critica. Pode, porém, demonstrar que sua própria visão está precisando de cura!

Talvez tenhamos de nos tornar humildes o suficiente para perceber em nossos irmãos e irmãs a verdade de que são o homem imaculado de Deus, ao invés de nos envolvermos em criticá-los, ridicularizá-los ou em fazer a seu respeito comparações não cristãs.

João Batista expressou seu reconhecimento do papel de Cristo Jesus nestas palavras: “Eis o Cordeiro de Deus.” João 1:36. Estaremos apreciando essa visão do Cordeiro como o maior em magnitude? reconhecendo nossa própria semelhança com o Cordeiro, a qualidade espiritual em nós de ser como criança, e sentido o quanto somos amados e prezados? E o que dizer de nossa presteza em ver tais qualidades nos outros?

Temos de estar cônscios, como Jesus estava, de que a inocência, a humildade e a confiante dependência de Deus nos dá o único poder real e o único discernimento real que há. Maior confiança e pureza infantis nos fortalecem e, por meio da obediência, nos proporcionam maior capacidade de lidar com assuntos complexos com sabedoria e critério.

Intuição pode ser qualidade infantil. Identificar-nos como filhos de Deus, a Alma, nos habilita, por meio da intuição espiritual, a conhecer o que é de fato verdadeiro e real. Essa mesma intuição nos mostrará como não ter medo de seguir tal visão da realidade espiritual. Nosso relacionamento individual com Deus, de Pai e filho, continua a revelar-se a nós e nunca nos abandonará.

Podemos seguir a Bíblia e o livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde, de forma conscienciosa e sincera, aderindo honestamente a eles como nosso pastor. Fazendo-o, não nos preocuparemos com que nossos esforços de expressar qualidades espirituais infantis na família, nos negócios ou na igreja sejam ridicularizados ou com que alguém se aproveite deles. Honestidade e sinceridade profundas em viver essas qualidades nos darão a sabedoria de não agir ingenuamente. Avanço espiritual verdadeiro envolve aprofundar-se na simplicidade crística, em vez de acumular conhecimentos teóricos complexos.

O crescimento espiritual não vem com o acúmulo dos anos ou com certos cargos exercidos na igreja. A posição de nos ajoelharmos e lavar os pés de nossos irmãos Ver João 13:3–15. não nos diminui. Ao contrário, eleva-nos; esse amor prático, expressando-se em serviço desinteressado, revela nossa verdadeira estatura espiritual. O despontar dessa verdadeira estatura aniquila o seu oposto, o sentido de “posição”.

Isso nos lembra que, no trabalho de igreja, não deveríamos considerar algumas posições mais (ou menos) “elevadas” do que outras. Se há em tal noção uma tradição da mente mortal, esta será superada pelo pensamento progressista, quando orarmos para saber como prestar serviço prático e inspirado à igreja. Preocupar-se com prestígio no trabalho de igreja atrapalha o desenvolvimento da humildade, qualidade indispensável na prática da Ciência Cristã.

Largar preocupações “adultas” com prestígio e posição social ajuda nos a ver a brilhante simplicidade da Palavra de Deus, de um modo que venha a comprovar que curar é algo mais simples do que antes parecia. Engana-nos menos o magnetismo animal, disfarçado de um sintoma físico, um traço de personalidade arraigado ou um mortal apático ou odioso. A simplicidade impressionante da própria Verdade desponta sobre o pensamento humano cansado e turbulento, e o cura.

Temos de estar alerta, porém. Como Paulo o disse, ao expressar seu terno cuidado pelos coríntios: “Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também sejam corrompidas as vossas mentes, e se apartem da simplicidade e pureza devidas a Cristo.” 2 Cor. 11:3.

Na prática da cura, a criança crística, o Cordeiro em nós é capaz de perceber a luz da Verdade, brilhando de tal modo que a totalidade de Deus torna-se inevitavelmente clara. Mas para ser esse tipo de sanador, temos de ver a nós, bem como ao paciente, como o filho amado da criação do Pai-Mãe, a criança na qual não há dolo.

Deus é o Pai-Mãe de todos nós! E podemos sentir o que de fato significa ser o filho de Deus. Significa saber que o Amor com que somos amados é perfeito e imutável — que isto é tão certo para cada um de nossos irmãos como o é para nós. Significa saber que nossas necessidades já estão sendo carinhosamente atendidas, ainda mesmo antes de pedirmos. Significa que podemos comungar com Deus de forma sincera e simples, como Jesus o fazia.

Nem toda a metafísica intelectual do mundo, ainda que impecável, poderia igualar-se ao poder sanador da declaração de Jesus, quando orava a Deus e dizia “Pai”. O tom e a moral curativos da prática individual e o resultado curativo dessa prática têm de basear-se no espírito de nosso relacionamento com nosso Pai-Mãe Deus, relacionamento semelhante ao de uma criança, semelhante ao do Cordeiro.

Todo estudante de Ciência Cristã reverencia na Sra. Eddy a admirável sanadora que era, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, autora de seu livro-texto, Ciência e Saúde, Líder da Igreja de Cristo, Cientista, e fundadora de um grupo de periódicos, inclusive de um jornal diário internacional (The Christian Science Monitor). Vendo isso, toda pessoa poderia maravilhar-se dessa obra monumental! Poderíamos ficar impressionados com o poder espiritual e a compreensão que a Sra. Eddy demonstrou.

No entanto, sua compreensão elevada e tão terna é convidativamente acessível, como se vê, por exemplo, em seu poema da mais infantil e devota súplica: “Mostra, Pastor, como andar.. . .” Hinário da Ciência Cristã, n° 304.

Em sua primeira mensagem para A Igreja Mãe, a Sra. Eddy escreveu: “Amados filhos, o mundo precisa de vós, e mais como crianças do que como homens e mulheres: precisa de vossa inocência, altruísmo, afeto sincero, vida incontaminada. Vós também precisais vigiar, e orar para que preserveis imaculadas essas virtudes e não as percais no contato com o mundo. Que ambição maior haverá do que manter em vós o que Jesus amava, e saber que vosso exemplo, mais do que palavras, estabelece o padrão moral para a humanidade!” Miscellaneous Writings, p. 110.

Se, ao procurar seguir a Sra. Eddy como ela seguia ao Cristo, ainda fazemos eco, ocasionalmente, à pergunta dos discípulos: “Quem é, porventura, o maior no reino dos céus?” tenhamos humildade bastante para relembrar a resposta de Jesus: “as crianças.” O espírito competitivo e a voluntariosidade do mundo desaparecerão na medida em que percebermos o Cordeiro de Deus: a criança semelhante ao Cristo, em nós e em todos. Disso resultará a cura. E havendo tal prova, não restará dúvida quanto aonde está a grandeza. A glória é de Deus.

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