A maioria das pessoas pensam em progresso, de vez em quando. Progresso pessoal. O progresso de seu país. Mas será que pensamos com a necessária freqüência em progresso espiritual?
Um conferencista de Ciência Cristã comentou certa vez: “O preço do progresso é o crescimento espiritual.” A frase ficou comigo e tem aumentado em significação, pois, a cada dia que passa, confirma-se sua sabedoria. Considero sempre a utilidade de encarar espiritualmente o crescimento e o progresso e de não aceitar como progresso a fantasia da mera mudança.
Vemos mudanças por toda parte. São constantes os relatos de reveses econômicos; o censo constata o crescimento populacional; enquetes reportam solenemente como certas personalidades públicas estão ganhando (ou perdendo) em popularidade; as crianças colocam-se ao lado de uma fita métrica para ver quanto cresceram desde a última vez em que se mediram.
Crescimento e progresso, porém, não dizem respeito apenas a tendências humanas; são mandatos espirituais. A Sra. Eddy, referindo-se às palavras em Gênesis 2:4, 5, escreve: “Eis a declaração enfática de que Deus cria tudo pela Mente, não pela matéria — que a planta cresce, não por causa da semente ou da terra, mas porque o crescimento é o mandato eterno da Mente.” Ciência e Saúde, p. 520.
Mandato. Encargo de crescer.
Pessoas “progridem” e adquirem nova casa ou mudam para emprego melhor. E tais esforços humanos podem levar-nos a viver com padrões mais elevados e aumentar nosso conforto material. Contudo, podem trazer pouca satisfação genuína. É preciso aproximar o pensamento dos padrões espirituais de medida, verdadeiros e indestrutíveis, de modo que não venhamos a confundir a mera mudança, ou o crescimento material, com o progresso espiritual.
A Sra. Eddy dá-nos uma diretriz, escrevendo em Ciência e Saúde: “Para nos certificarmos de nosso progresso, precisamos saber onde pomos nossos afetos, e a quem reconhecemos e obedecemos como Deus.” Ibid., p. 239.
“Onde pomos nossos afetos” fica, por vezes, mais prontamente revelado em momentos de provação, quando as circunstâncias nos forçam a recorrer às reservas espirituais ou quando as colisões com outras pessoas forçam-nos a examinar os nossos próprios motivos. Então, reavaliamos nosso progresso espiritual e chegamos a conclusões atualizadas a seu respeito.
Em meu próprio caso, o crescimento espiritual, por vezes, parece estar congelado, se não totalmente paralisado. No entanto, há períodos de súbitas manifestações. Dou graças por estas manifestações súbitas. Um problema recente e grave de relacionamento familiar forçou-me a examinar qual era a minha posição. Acontecimentos inesperados resultaram numa forte tendência a sentir mágoa profunda — se não completa desolação — seguida de raiva e ressentimento.
Alguns anos antes, estas reações negativas poderiam ter dominado toda a troca de palavras. No entanto, minha mulher e eu havíamos passado a estudar Ciência Cristã cerca de dez anos antes e nos filiáramos à igreja. Sentia-me muito grato pelo estudo de Ciência Cristã. Inúmeros trechos úteis e sustentadores, contidos na Bíblia e nos escritos da Sra. Eddy, assomaram ao meu pensamento. Estas verdades fortaleceram-me e consegui permanecer calmo.
Não importava que frase agressiva fosse cruamente dita ou que granada verbal tivesse sido atirada, não importava quão violentas as explosões emocionais que ameaçavam a harmonia da família, eu respondia com o que havia aprendido a respeito do amor espiritual.
Quando Pedro perguntou: “Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes?” a Bíblia registra: “Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete.” Mateus 18:21, 22. Fortalecido por este conselho, fui capaz de expressar continuamente amor durante a experiência toda. Essa reação inabalável surpreendeu a todos os membros envolvidos (inclusive a mim) e teve efeito curativo imediato.
Sem recriminações ou condenações para alimentá-lo, sem força motivadora que não o amor à mão, o caso, ao invés de ampliar-se e transformar-se num desastre, serenou, resultando em esforços construtivos para a paz. Não foi lançada culpa em ninguém. Após poucas semanas, firmaram-se os planos e abriram-se as portas do mercado de trabalho para o nosso jovem. Novos relacionamentos foram cimentados, enquanto os laços familiares permaneceram intatos. Na verdade, foi como lemos em Ciência e Saúde: “Nenhum poder pode resistir ao Amor divino.” Ciência e Saúde, p. 224.
Quão gratos podemos sentir-nos porque os ensinamentos de Cristo Jesus e as revelações da Ciência Cristã dão a cada um de nós um recurso seguro contra o ódio, o sofrimento, o ressentimento ou o alheamento, mediante a aplicação das verdades eternas que acompanham o crescimento espiritual.
A Bíblia diz-nos: “Crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.” 2 Pedro 3:18. Assim procedendo, veremos que temos a capacidade de tomar distância do que pensamos estar realizando e avaliar nossos esforços segundo a medida espiritual. Quando enfrentamos o que parecem ser retrocessos, podemos tornar a examinar as supostas derrotas. Bem mais felizes seremos quando formos capazes de discernir neles o nosso progresso em expressar valores cristãos. Muitíssimas vezes verificaremos que o objeto de que pensáramos necessitar ou o acontecimento que, a nosso ver, devia acontecer, realmente não oferecia nenhum benefício. E esses aparentes reveses conduzem-nos para as veredas felizes e corretas do bem espiritual, real, que procuramos.
Poderia citar muitos exemplos de incidentes em minha própria experiência que pareciam derrotas fragorosas. No entanto, cada um deles, quando encarado na clara luz do crescimento espiritual, provou conter bênção real e grande vitória.
Progresso e crescimento são nutridos quando nos voltamos de todo o coração ao Cristo. A Bíblia anima a cada um de nós: “Desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que por ele vos seja dado crescimento para salvação.” 1 Pedro 2:2.
