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Para além da cruz

Da edição de abril de 1984 dO Arauto da Ciência Cristã


Quando eu era jovem, perturbavam-me as palavras da Sra. Eddy: “Pela senda rude irei,/Sempre a cantar.” Hinário da Ciência Cristã, n° 304. Lembro-me de ter desejado que houvesse dito: Pela linda senda — ou, pela senda real ou celestial. Hoje, depois de muitas lições que aprendi quando a senda era rude, sinto-me profundamente grata por compreender que podemos regozijar-nos durante tempos difíceis. No esforço de alegrar-me tive de tornar-me consciente da presença de Deus e da presença da bondade viva que O expressa, e tornar-me grata por isso. O alegrar-se com as realidades espirituais leva o indivíduo a ressuscitar da crença no pecado e no sofrimento. Somente a crença mortal torna o caminho áspero ou acidentado.

Dificilmente alguém escolherá sofrer. Por outro lado, há quem pense não ter lição alguma a aprender. Mas a maioria de nós concorda em que o sofrimento freqüentemente nos impele a rejeitar, ou, a abandonar, um falso conceito acerca de nossa própria identidade, ou a de outrem. A Sra. Eddy observa o seguinte: “O sacrifício do eu é a estrada real para o céu.” Não e Sim, p. 33. Se estivermos nos sentindo mal na mortalidade — vergados com o mortal, material e pessoal — estaremos mais propensos, talvez até ansiosos, para ser despertados da ilusão. De bom grado acordaríamos para nos encontrar na “estrada real para o céu”, reivindicando nossa verdadeira identidade, nossa semelhança a Deus.

Quando nossa senda é suave, talvez nos inclinemos a ficar à vontade na mortalidade e a fazer somente esforços intermitentes no sacrifício do eu — isto é, em rejeitar ter aliança com a mortalidade e em identificarnos com o bem imortal. Entretanto, quando a senda é rude, e nos perturba um sentido errôneo de identidade, queremos ficar livres das limitações e depredações da mortalidade — a cruz que o mundo nos deu. Nessas ocasiões é bom lembrar que, através da oração e da regeneração, a cruz será trocada pela glória da vitória sobre o erro, e finalmente ocorrerá a ascensão acima de tudo o que pretenderia negar a bondade infinita de Deus. A Sra. Eddy nos assegura: “A cruz é o emblema central da história. É a estrela polar na demonstração da cura cristã — a demonstração pela qual o pecado e a doença são destruídos.” Ciência e Saúde, pp. 238–239.

Se humildemente aceitarmos a cruz como a estrela polar em nossa demonstração da totalidade de Deus, de Sua onipresença e onipotência, não desperdiçaremos o tempo em deixar que os argumentos da mente mortal atrasem nosso progresso ao aceitarmos seus agentes: a autopiedade, o ressentimento, a decepção, o desânimo, o desespero. Resolutamente daremos as costas às distrações erráticas da mente mortal, pois compreenderemos que esta última nos procuraria impedir de descobrir o que quer que provasse ser ela uma nulidade e serem seus sonhos irreais. E podemos dar prova de que a presença de Deus nos acompanha, à medida que expressamos as qualidades que com Deus podem ser identificadas.

Achar-nos-emos substituindo eficazmente a autopiedade pela gratidão por aquilo que constitui nossa identidade como reflexo de Deus, expressando bondade. Acharemos o ressentimento dissipando-se na atuante expectativa de progresso e despertar abençoados. A decepção, o desânimo, o desespero, se desfarão (como as trevas desaparecem perante a luz) diante da revelação luminosa da natureza de Deus, e da verdadeira sabedoria, atividade e existência. Quando demonstramos a cura cristã, a cruz se torna, sem dúvida, a nossa estrela polar — luz que nos guia em nossa vereda rumo ao Espírito.

Cristo Jesus disse: “Qualquer que não tomar a sua cruz, e vier após mim, não pode ser meu discípulo.” Lucas 14:27. Não tenhamos, pois, medo de carregar a cruz, mas carreguemo-la mansamente, reconhecendo que só poderá servir para nos capacitar a entender melhor e a demonstrar mais e mais o que vem a ser um discípulo fiel. A opção de expressar o bem em vez de o mal pode implicar em uma experiência dolorosa, pois o bem talvez desperte inveja e ódio naqueles que não têm visão clara do bem. Ou se, após trabalho em espírito de oração conforme a Ciência Cristã, pedimos a Deus sabedoria e juízo e somos guiados a defender alguma causa impopular, talvez encontremos escárnio, censura, condenação. É possível acabar carregando uma cruz quando a intuição espiritual nos fez perceber algum erro que parece ser o bem, sendo aceito como bem pelos que não vêem. O mal proventura irá virar-se contra nós — acusar-nos, ameaçar-nos, caluniar-nos por tê-lo visto como é. Mas podemos elevar-nos acima da cruz, e ir adiante na ressurreição dessa experiência, ao alegrarmo-nos na infinidade do bem de Deus, o qual nos assegura que o mal nada é — sendo o mal mera pretensão de ausência do bem.

Tomamos a cruz quando resolvemos confiar no Espírito para satisfazer a uma necessidade humana, seja de suprimento, saúde ou proteção. Talvez, então, tenhamos que suportar temporariamente o ceticismo de outros, ou o ridículo, e talvez sintamos o aguilhão de cruéis convencionalismos ou represálias. Mas, seguindo o Cristo, iremos avante e ressurgiremos das crenças limitadoras e das assim chamadas leis relacionadas com a matéria.

A mente mortal personaliza o bem e o mal, e perversamente chama ao bem, mal e ao mal, bem. Quando confiamos na percepção espiritual, sabemos que o bem é Deus e Sua manifestação, e que o mal é somente a crença na ausência do bem. Sabemos, portanto, que não temos que guerrear contra pessoas erradas, cheias de ódio, malévolas, ou assassinas, nem vencê-las ou destruí-las; sabemos, de fato, que podemos confiar nas verdades eternas para anular os efeitos das mentiras do pai de todas as mentiras — a mente mortal.

Jesus, ao carregar a cruz, passou por experiência angustiante. Se não tivesse estado consciente, em espírito de oração, das eternas verdades espirituais, será que poderia ter dito àqueles que encontrou após a saída do túmulo, e que lamentavam as tristes ocorrências em Jerusalém: “Quais?” Lucas 24:19. Jesus sabia que sua identidade era imortal e criada por Deus, para sempre coexistente com a Mente divina. Em última análise, somente o que a Mente conhece e ama, podia ele conhecer e amar. A Sra. Eddy afirma: “O ser consciente e verdadeiro de Jesus nunca deixou o céu pela terra. Permaneceu no alto para sempre, mesmo quando os mortais acreditavam que estava aqui. Uma vez falou de si próprio (João 3:13) como sendo ‘o Filho do homem que está no céu’ — palavras notáveis, inteiramente contrárias às opiniões populares sobre a natureza de Jesus.” Não e Sim, p. 36.

A mente mortal gostaria de associar-nos a seus sonhos, atribuir-nos uma história de acontecimentos; mas precisamos elevar-nos, como Jesus, até poder dizer, acerca dos sonhos: “Quais?” Ao carregarmos a cruz, quiçá achemos rude a senda, mas o Amor divino está presente sempre, e o cuidado do Amor de tal modo se manifesta que vemos, como Jesus via, não havermos nunca deixado o nosso lar celestial. Nunca estivemos separados da consciência pura, divina, que está sempre se regozijando e que sabe ser a senda verdadeiramente celestial.

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