Muitas curas na Ciência Cristã realizam-se rapidamente. Inúmeras vezes um só claro vislumbre de uma verdade espiritual específica apaga do pensamento a suposição mentirosa oposta e também seu correspondente estado corpóreo. Muitas pessoas contam casos em que, por seu esforço devoto, a verdade tornou-se-lhes tão brilhante que toda a lembrança de um problema simplesmente se desvaneceu. Somente mais tarde deram-se conta de que a evidência física também havia desaparecido.
Mas, e os problemas que não cedem? O que pensar das dificuldades que parecem desafiar a Verdade, além do trabalho dedicado tanto do paciente como do praticista da Ciência Cristã, durante longo período de tempo? Significaria esse renitente sinal de enfermidade que a Verdade não foi discernida ou que ela é ineficaz?
A Ciência divina é infalível. Deus guia-nos ao longo da vereda mental correta mediante inspiração, não importando a extensão dessa vereda. O apoio do Cristo de Deus vem-nos sob a forma de intuições suaves, na Ciência do ser enunciada por um praticista, ou mediante a inspirada Palavra da Bíblia, ou de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras por Mary Baker Eddy. A Verdade, quando em atividade no pensamento humano, tem sempre um efeito mesmo que a mudança física não se torne imediatamente perceptível.
O livro-texto afirma: “Os passos com que o pensamento se eleva acima dos pontos de vista materiais são lentos, e pressagiam uma longa noite ao viajante; mas os anjos de Sua presença — as intuições espirituais que nos dizem: ‘Vai alta a noite e vem chegando o dia’ — são nossos guardas nas trevas.” Ciência e Saúde, p. 174.
Quando alguém se trata na Ciência Cristã ou recebe tratamento de outrem, sábio é examinar a si mesmo do ponto de vista da constância. Muitas vezes entendem-se verdades específicas — até certo ponto, pelo menos — mas algo mais se faz necessário: aplicação constante. Como a parábola de Jesus sobre os talentos Ver Mateus 25:14–30. torna claro, não podemos dar-nos ao luxo de enterrar o bem que estamos aprendendo. Precisamos aumentar tal bem, fazendo uso dele em nossa vida diária. O viver a Verdade inculca-a em nosso pensamento e apaga a crença errônea imposta pela educação. Ciência e Saúde explica: “A fim de compreendermos mais, precisamos pôr em prática o que já sabemos. Precisamos lembrar-nos de que a Verdade é demonstrável quando compreendida, e que o bem não é compreendido enquanto não for demonstrado.” Ciência e Saúde, p. 323.
Porque um problema desemaranha-se lentamente, deveríamos sentir-nos embaraçados ou condenar-nos como ineptos seguidores de nosso Guia, Cristo Jesus? Certamente que não! Precisamos apenas volvernos para um dos relatos contidos nos Evangelhos sobre a vida de Cristo Jesus e ler a respeito de seus quarenta dias no ermo. Ver Marcos 1:13. Os doutos em Bíblia mencionam que o número quarenta, nesse caso, não indica necessariamente um intervalo específico, mas designa “um extenso período de tempo” The Interpreter's One-Volume Commentary on the Bible (Nashville, Tenessi: Abingdon Press, 1971), p. 614..
Em realidade, não existe o elemento tempo, nem há processo algum de aperfeiçoamento. Em verdade, somos agora mesmo precisamente o que Deus determinou que fôssemos: Sua expressão imortal, incorpórea, imaculada. Por toda a infinidade existe apenas o eterno agora e a presença e o poder de Deus, o bem, refletidos na Sua criação. Tempo é apenas um conceito humano, errôneo, que talvez nos pressione quando ocorre a necessidade aguda de rendermo-nos ao fato divino.
Não resta dúvida de que a mais significativa cura jamais registrada e que se realizou no decurso do tempo, foi a ressurreição e a ascensão do Mestre. Jesus deve ter percebido algumas verdades monumentais em seu devotado trabalho antes e após a experiência na cruz. Sua ressurreição do túmulo é o próprio fundamento do cristianismo. Conquista nossa mais profunda reverência e nosso respeito pela magnitude da missão de Jesus. Interessante é observar que, até mesmo após sua prova insuperável, o Mestre ainda apresentava — pelo menos de momento — as feridas que supostamente foram a causa de sua morte. Lemos no livro Ciência e Saúde: “O estado físico inalterado de Jesus depois do que parecia ser a morte, foi seguido pela sua exaltação acima de todas as condições materiais; e essa exaltação explicou sua ascensão, e revelou incontestavelmente um estado de provação e de progresso para além do túmulo.” Ciência e Saúde, p. 46.
O período de progresso e de provação que usualmente assinala a ressurreição da consciência individual à algum aspecto do Cristo, a Verdade, é parte importante da cura, que se completa mediante a ascensão acima da crença material específica.
Vale a pena considerar precisamente o que Jesus estava fazendo durante os quarenta dias entre sua ressurreição do túmulo e sua ascensão acima de todo sentido material. Estudando as Escrituras, vê-se que, por certo, ele não estava descansando porque já havia visto e provado tanto. Nem estava preocupado com as coisas do viver diário. Houve ocasiões em que Jesus aparecia e outras em que não era visto. No entanto, durante esses quarenta dias ele mostrou normalidade humana. Consta que continuou a cuidar das necessidades dos outros, fornecendo até mesmo o desjejum aos discípulos. Ensinou as Escrituras e curou a carência, como ficou provado pela grande pesca feita pelos discípulos. O ponto importante a respeito daquele tempo, no entanto, é que, enquanto o Mestre estava elaborando a solução final do problema do ser para si mesmo, continuou a aplicar e a demonstrar a verdade em assuntos de todo o dia.
Recentemente fiquei impressionada por duas diretrizes dadas por Jesus a Maria Madalena pouco após ele haver ressuscitado do túmulo. Disse-lhe ele: “Não me detenhas; porque ainda não subi para meu Pai.” A resurreição ainda estava acontecendo; a verdade preciosa de sua inteireza espiritual, de sua inocência e imortalidade, que estava sendo elevada na consciência, precisava de proteção, cuidado e cultivo. A seguir, Jesus lhe ordenou: “Vai ter com os meus irmãos, e dizelhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus.” João 20:17. Os irmãos a que ele se referia eram os seus discípulos, a maioria dos quais estava profundamente adormecida no medo e na dúvida. Não estaria Jesus pedindo com efeito a Maria Madalena para levar a verdade ressuscitada, que ela acabara de ver, e proclamá-la ao sentido em dúvida?
Esses dois pontos mostram-nos o que fazer com qualquer verdade que está sendo desenvolvida no pensamento. Tomamos esta verdade e a alimentamos para que ela cresça e se estabeleça em nossa compreensão. Nós a defendemos e a utilizamos. Nós a proclamamos a cada intromissão do medo e da dúvida, a cada sugestão mental agressiva que se interponha em nosso caminho.
A esta altura do tratamento talvez aos olhos ainda se façam visíveis as “feridas”, mas, continuando a contemplar a verdade, reconhecemos que a evidência material não tem autoridade nem causa. Este tipo de constância do paciente — de nutrir e aplicar uma verdade específica e de permanecer impassível diante do testemunho oposto — é exatamente o que se faz necessário, enquanto esperamos o aparecimento pleno desse conceito e a rendição total de nosso pensamento a ele, o que traz a cura científica!
