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O trabalho é nosso, o poder é de Deus

Da edição de junho de 1987 dO Arauto da Ciência Cristã


“Entrega-te a Deus” é um adágio muito usado. Em mais de uma ocasião, ouvi essas palavras oferecidas como conselho bem intencionado a alguém que estava enfrentando uma situação difícil ou uma crise pessoal.

Esse adágio pode ser de alguma utilidade, quando se procura animar alguém a desfazer-se da vontade humana, do orgulho, de objetivos egoístas ou de sentimentos de desespero, e a acatar a vontade, o propósito e a orientação divinos. Mas tal expressão também oferece perigo, se for tomada de modo demasiado literal. (A pessoa que estiver suspensa sobre um despenhadeiro terá o bom senso de pensar duas vezes antes de entregar-se — de largar-se no espaço!) Também se incorre em perigo se, dito num comentário de improviso, o ditado vier a animar alguém a abdicar de responsabilidades que são legitimamente suas. É nesta última área que devemos ter o maior cuidado, pois há um elemento da natureza humana cujo maior prazer seria o de encontrar uma desculpa para dar de mão, para “entregar” tudo, em vez de fazer o seu próprio trabalho. Em termos de desenvolvimento espiritual, essa atitude seria fatal para o progresso individual.

Cristo Jesus por certo esperava que seus seguidores realizassem o trabalho exigido de discípulos cristãos. Enviou-os a pregar o evangelho e curar os doentes, e existem inúmeros relatos de curas feitas pelo próprio Mestre, em que advertia aqueles a quem restaurara, de que tinham obrigações a cumprir. Ao homem de Betesda, doente havia trinta e oito anos, mas restaurado instantaneamente pelo poder de Deus Jesus disse: “Não peques mais, para que não te suceda cousa pior.” João 5:14. Ao geraseno, curado de demência, Jesus disse: “Volta para casa e conta aos teus tudo o que Deus fez por ti.” Lucas 8:39.

E, em seu ensinamento por meio de parábolas, os exemplos utilizados pelo Mestre não evocam imagens de salvação sem esforço. Ele se refere ao homem que, tendo posto a mão no arado, não olha para trás; diz ser preciso pôr em uso os nossos talentos, e que devemos ser mordomos fiéis.

Na parábola em que Jesus se refere ao bom samaritano, podemos interpretar a atitude do sacerdote e do levita, os quais passaram de largo e deixaram que o homem ferido continuasse sofrendo, como um bom exemplo de como não “entregar a Deus”. O samaritano, porém, ao cuidar das necessidades daquele homem, realmente fez o que a lei de Deus exige. Ao samaritano, é bem verdade que talvez tivesse sido necessário entregar algo, ou abrir mão de algo, tal como o medo, a repulsa, o preconceito religioso; mas, ao assim proceder, confiou em Deus para que lhe governasse o pensamento e as ações. Jesus, ao concluir a parábola, usou de palavras diretas e sem rodeios: “Vai, e procede tu de igual modo.” Lucas 10:37.

Em sua mensagem para A Igreja Mãe, na Assembléia Anual em junho de 1900, a Sra. Eddy estabeleceu o padrão, para Cientistas Cristãos de todas as partes, os quais se dedicam a seguir o caminho de Cristo Jesus. A Sra. Eddy declarou: “A canção da Ciência Cristã é: Trabalhar — trabalhar — trabalhar — vigiar e orar.” Message to The Mother Church for 1900, p. 2.

Ao enfrentarmos uma crise pessoal, uma enfermidade, um desafio que não quer ceder, seria possível existir um momento em que não há nada que possamos fazer? Se “entregar” significa omitir-se, isto está errado. Pois seria apenas a tentação da mente carnal, numa tentativa sutil de manter-nos agrilhoados à mortalidade, sujeitos à matéria, aprisionados pelas crenças da corporalidade.

Mas as exigências da lei de Deus precisam ser atendidas: é dever de cada pessoa trabalhar, vigiar e orar. No livro Ciência e Saúde, a Sra. Eddy escreve: “O bem exige que o homem dedique todas as suas horas à solução do problema do ser. A consagração ao bem não diminui a dependência do homem em relação a Deus, porém aumenta-a. A consagração também não diminui as obrigações do homem para com Deus, mas mostra a suprema necessidade de cumpri-las.” Ciência e Saúde, pp. 261–262.

Não ficamos livres dessas exigências simplesmente porque pedimos ajuda a outrem. Por exemplo, se pedimos a um praticista da Ciência Cristã para nos dar tratamento pela Ciência Cristã, para orar conosco num momento em que nos defrontamos com um problema, será que não desejaríamos, sempre que possível, apoiar o praticista naquilo que está fazendo? O trabalho do praticista, o vigiar e orar, é geralmente feito tanto conosco como por nós. Não haveríamos de dar de mão a nossa própria responsabilidade de trabalhar, vigiar e orar, apenas porque outra pessoa está fazendo isso em nosso favor. Um dos hinos do Christian Science Hymnal nos anima assim:

É Deus, o Espírito, quem guia
Por veredas antes não vistas;
O trabalho a ser feito é nosso,
Mas a força é toda Sua.Hymnal, n° 354.

É óbvio que há momentos em que necessitamos “entregar”, largar de maus hábitos ou de arrimos materiais. Talvez tenhamos de desempalmar um ego pessoal, abandonar a crença de que a mente humana é que cura, ou redime, ou que tudo consegue. E nessa humildade vai uma preparação maravilhosa para alcançar-se a cura ou a regeneração. Podemos reconhecer sinceramente as limitações da mente humana e orar para discernir a realidade e a onisciência da Mente única e infinita que é Deus — a Mente que cada um de nós, sendo o homem da criação de Deus, verdadeiramente reflete. Ao confiarmos na onipotência de Deus para impelir nossa demonstração e para nos orientar, nossa vida expressará domínio cada vez maior. Obteremos a cura.

É correto entregar, largar, o sentido pessoal e as crenças mortais. Mas nunca deveríamos entregar, pôr de lado, a exigência espiritual de fazer a vontade de Deus — de desenvolver a nossa própria salvação, de nós igualmente vigiarmos e orarmos. Poderemos sempre progredir em nossos esforços cristãos, compreendendo que Deus dá poder a cada ação correta.

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