Em algumas partes do mundo, quando um hóspede se despede, o anfitrião lhe diz estas palavras de bênção: “Vai em paz”, o que produz a resposta: “Permanece em paz também.”
Permanecer em paz é, sem dúvida, o que a maior parte da humanidade deseja. Contudo, a paz muitas vezes parece ser muito frágil. As relações, sejam internacionais, sejam individuais, estão amiúde sujeitas a perturbações.
Para que permaneçamos em paz, é indispensável que esta se firme sobre uma base invulnerável. Somente aquilo que é espiritual satisfaz a essa exigência. Para que as relações pacíficas sejam realmente firmes, têm de ser reconhecidas como oriundas de Deus, o Amor divino. Por ser Deus o Princípio divino, o Amor, somente o Amor é digno de toda confiança, é realmente imparcial, e de todo imune a qualquer forma de ataque.
A Ciência Cristã revela que o Amor divino é universal, é o único Pai-Mãe de todos. O Amor, portanto, é a fonte de toda verdadeira unidade. O parentesco mais autêntico de cada um de nós está em nossa unidade com Deus como Seu reflexo, o homem espiritual. A compreensão espiritual disso fornece a possibilidade de se permanecer em paz. Descobrimos nossa afinidade com os outros mediante nossa unidade comum com Deus. De que maneira prática pode-se aplicar isso, para que a humanidade permaneça em paz e em harmonia? O que é que os seres humanos precisam compreender, a fim de ver provas concretas de que a totalidade do Amor está presente na vida cotidiana?
Em primeiro lugar, é necessário reconhecer que há um poder além de nosso próprio ser. Não temos de fazer nada separados de nosso Criador. É importante compreender que o homem verdadeiro existe puramente como reflexo de Deus. Recebemos muito consolo ao compreender que é a própria expressão do Amor divino o que nos permite expressar amor. À medida que refletimos a Deus, nosso trato com os outros traz felicidade. Em Ciência e Saúde a Sra. Eddy escreve: “Não é a intercomunhão pessoal, e sim a lei divina, que é a comunicadora da verdade, da saúde e da harmonia à terra e à humanidade.” Ciência e Saúde, p. 72.
O plano do Amor para com sua criação, o homem, é que este permaneça em paz e em harmonia. Quando lembramos que refletimos a inteligência do Amor divino, podemos dizer e fazer o que é mais acertado. A graça e a bondade do Amor produzem harmonia e paz nos assuntos humanos. Pode-se definir a graça como o Amor divino a manifestar-se em nossa vida.
A graça, a gentileza e a amabilidade naturalmente atraem as pessoas. A afinidade entre aqueles que têm inclinações espirituais constitui-se em grande bênção. Relações pacíficas, afetuosas, são de fato um dom de Deus, e quando nos esforçamos para expressar a Deus em nossas atitudes para com os demais, nossas relações são divinamente controladas e protegidas, mantidas a salvo dos repentes de personalidade e das flutuações do tempo. Quando acalentamos o desejo de ser guiados pelo Amor, encontramos oportunidades de estabelecer relacionamentos felizes, de permanecer em paz e de ajudar os outros a que também o façam.
Isto não significa, em absoluto, que tenhamos que viver com a cabeça nas nuvens, sem tomar conhecimento de desarmonias. Pelo contrário, ao compreender qual é o fundamento real da paz e da harmonia, aparelhamo-nos para enfrentar os problemas e solvê-los. Nossa meta é dar provas de que o Amor divino é também Princípio divino: imutável, justo, imparcial e, também, terno.
Ninguém está excluído das dádivas do Amor ou do controle do Princípio. O governo de Deus abarca a todos. A ignorância humana quanto à totalidade de Deus pode causar tremendas perturbações, mas a aurora, na consciência, do poder do Amor traz alívio e resulta em cura. Mesmo em situações em que os indivíduos não desfrutam de companheirismo feliz, ou quando estão envolvidos diretamente em desarmonia, até mesmo quando povos e nações inteiras parecem estar desprovidos de bênçãos, ou quando a animosidade e a beligerância se manifestam com estrépito, aí mesmo, nesse meio, o Amor divino é Tudo-em-tudo — está presente e é demonstrável. Em casos graves de ódio e discórdia pode parecer difícil entrever a presença do Amor. Mas é necessário compreender essa presença, para manter a verdade absoluta de que o Amor é supremo, e para evitar ser enganados pela crença de que o Amor infinito tenha um opositor!
O Apóstolo Paulo o explicou com clareza, ao escrever aos romanos e dizer que realmente não existe condição alguma na qual se possa ficar fora do amor de Deus. Declara: “... estou bem certo de que nem morte, nem vida, nem anjos, nem principados, nem cousas do presente, nem do porvir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.” Romanos 8:38, 39.
A oração esclarecida, que reconhece estar presente o controle do Amor, pode trazer ajuda e cura a circunstâncias as mais trágicas. Talvez o medo, a adesão a causas sem valor, os motivos egoístas, as influências nefastas, se tenham feito sentir. Mais cedo ou mais trade, esses males têm de ser vencidos. Têm de ser reconhecidos como a pretensão fraudulenta de que exista um poder à parte do Amor divino. O sofrimento, a angústia ou a tragédia produzidos por pensamentos errôneos e ações errôneas podem tornar-se tão intoleráveis, que obrigam a se pensar de outra maneira.
Quando as pessoas buscam solução às discórdias da humanidade e à freqüente ruptura da paz, talvez fiquem insatisfeitas com os meros esforços humanos. Os pensamentos que procuram meios mais elevados, podem ser guiados a reconhecer o poder do Amor infinito. É isso o que harmoniza as relações. O Amor conquista o medo e o ódio.
Algum dia se compreenderá que é dessa maneira que se encontra e se mantém a paz. O Amor divino jamais deixou de governar, mas a atitude de escarnecer da lei do Amor ou de ignorá-la, ou, ainda, as múltiplas formas do medo, pretendem impedir-nos de obedecer ao Amor. É disso que advém a aparente ausência do governo de Deus. Mas Deus não está ausente. Seu controle absoluto está presente, e se expressa em maneiras práticas que trazem soluções pacíficas até mesmo aos problemas mais difíceis de uma nação.
A cura das divergências entre nações, no entanto, tem de ter começo na experiência humana individual. Relacionamentos pacíficos e felizes que se desintegraram, ou que nunca chegaram a se formar, podem ser restaurados por meio da oração que reconhece o governo do Amor divino. Corrigir atitudes desarmoniosas de pensamento com a consciência da presença eterna do Amor, cura a desarmonia e promove a paz e a realização.
Alguns meses depois de sair da faculdade e começar a dar aulas, tive uma experiência inesquecível. A diretora substituta da escola era realmente uma pessoa gentil e agradável, mas, depois de certo tempo, tornou-se áspera para comigo e cada vez mais me criticava. Orei para ver o que fazer para melhorar a situação e procurei ser especialmente gentil e atenciosa para com ela, lembrando-me de que o amor que eu expressava era simplesmente o reflexo do amor de Deus. A dificuldade continuava evidente, e um dia ela me falou de maneira muito ríspida e grosseira diante de vários colegas. Quando deixou a sala, os outros estavam tão indignados que, percebi, a situação tinha de ser curada e tínhamos de recuperar a paz.
Quando cheguei em casa, naquela tarde, e pensei no que havia ocorrrido, orei para ouvir a voz do Cristo a falar-me com clareza e a trazer cura. Senti-me inclinada a ler o Manual de A Igreja Mãe de autoria da Sra. Eddy. Quando peguei o livro, este se abriu na página 40 e meus olhos caíram numas poucas palavras que se destacaram como que escritas com letras enormes. Diziam: “O Amor divino governa o homem.” Fazem parte do belo parágrafo intitulado “Regra para motivos e atos”, que sem dúvida indica o caminho para manter a paz.
A frase completa dessa mensagem dez: “Na Ciência, só o Amor divino governa o homem, e o Cientista Cristão reflete os suaves encantos do Amor, pela repreensão do pecado, pela verdadeira fraternidade, caridade e perdão.” Man., § 1° do art. 8°. No momento, porém, o impacto daquelas seis palavras foi tão grande, que não li outra coisa. Entendi que aquilo me bastava. Eu planejara passar toda a tarde trabalhando e orando, até vir a compreender como chegar á cura e á paz. Contudo, de repente compreendi que, no fato de que o Amor divino, e só o Amor divino, governa a todos, estava a resposta completa. Essa declaração poderosa por certo transmitiu-me grande sensação de paz. Regozijei-me e repousei. A mensagem do Cristo sanador encheu-me a consciência com a realidade do poder sempre presente do Amor divino que envolve a todos.
Nem bem cheguei na escola, na manhã seguinte, a diretora substituta também chegou. Veio direto a mim e disse: “Bom dia, alegro-me de vê-la, pois queria pedir desculpas pela maneira em que me expressei ontem. Não sei por que o fiz.” Daí por diante nossas relações foram pacíficas, e permanecemos em termos bastante amistosos.
É alentadora uma experiência como essa. Mostra que Deus expressa Suas qualidades em nós, porque somos o homem de Sua criação. À medida que confiamos nEle e Lhe obedecemos, nossos relacionamentos se colocam sob Seu controle. O Amor divino, a governar benéfica e supremamente, mantém a paz; elimina o medo e a discórdia. A segurança que nos advém de aprendermos essas lições, nos equipa para dar provas disso em favor da paz da humanidade. Sem dúvida, quanto mais o governo do amor for universalmente aceito e reconhecido como o único poder, tanto mais a paz e a harmonia duradouras se evidenciarão em toda parte.
