As Escrituras declaram que Deus é Verdade e criou tudo. Já que a Verdade não pode ser a criadora do erro, segue-se que o erro, ou o mal, não tem realidade nem poder.
Quando a humanidade raciocina a partir da perspectiva limitada dos sentidos corpóreos, pode afirmar que o erro, o mal, é uma entidade real, abundante em toda a economia do ser. Mas, na suposta história do erro, através dos séculos, é um truísmo que o erro se repete em seu ódio à Verdade e ao Amor divino, até ceder finalmente à Verdade e ser exterminado.
Os antigos profetas hebreus enfrentaram a inimizade dos adoradores de falsos deuses. Elias, por exemplo, fugiu para o deserto para salvar sua vida da ira da rainha Jezabel, depois de ele haver desacreditado Baal perante os olhos do povo. Ver 1 Reis 18:17—19:8. A Bíblia relata como Daniel, através das maquinações de seus colegas administradores, foi lançado numa cova de leões. Ver Daniel, cap. 6. Não obstante, através do relato bíblico, sabemos que ambos, Elias e Daniel, conseguiram pôr a descoberto a impotência do mal, mediante compreensão e confiança no único Deus, o bem.
O advento de Cristo Jesus, com seu ensinamento inspirado e sua prática da Verdade, despertou nos escribas e fariseus o desejo de tramar sua queda e morte, para defender suas crenças doutrinárias formais. Mas o Mestre, inteiramente cônscio dessa oposição, prosseguiu no cumprimento de sua grandiosa missão, ilustrando, com sua vida e obras, as bênçãos e o poder infinitos outorgados ao homem por Deus, seu Pai celestial. Os embustes do mal não encontraram lugar na consciência pura de Jesus. Pela sua ressurreição do túmulo, ele demonstrou, para toda a humanidade, a imortalidade do homem e demonstrou que o erro, desafiado pela Verdade, é incapaz de manter a humanidade em submissão à lei da crença mortal.
É proveitoso examinar um pouco mais daquilo que a Bíblia tem a dizer sobre as supostas forças do mal. Paulo escreve: “O pendor da carne é inimizade contra Deus, pois não está sujeito à lei de Deus, nem mesmo pode estar.” Romanos 8:7. O que é esta mente carnal que se levanta contra Deus? E, segundo a crença, como atua ela? A mente carnal ou mortal, a soma total do mal, depende da matéria para sua manifestação e identidade. Mas, como Deus é Espírito, conforme as Escrituras declaram, Sua criação é espiritual, infinita e completa. Conseqüentemente, não resta espaço para a existência do mal e suas falsas pretensões. Como Deus, a Verdade, nunca dá origem ou sustento ao mal, essa mentalidade material e carnal tem medo e é vulnerável aos fatos da Vida divina e imortal. A mente mortal é intrinsecamente mortal e está sujeita a extinção. Dentro do sonho de sua própria nulidade, ela insta desesperadamente por afirmar-se e prolongar sua pretensão de poder e dominação.
A narrativa bíblica do encontro entre Davi e Golias revela que há uma lei superior agindo em qualquer confronto entre o Espírito e a matéria, entre a Verdade e o erro, entre o bem e o mal. Quando Davi chegou ao campo de batalha, encontrou os homens de Israel amedrontados porque Golias, o campeão dos filisteus, os havia desafiado a enviar um homem para enfrentá-lo em combate mortal. Quando Davi falou sem medo a seus compatriotas, seu irmão mais velho, Eliabe, repreendeu o jovem pastor, acusou-o de ser desobediente e de ter coração orgulhoso. E, aparentemente, essa não era a primeira vez, porque Davi respondeu: “Que fiz eu agora?” 1 Samuel 17:29. Davi, no entanto, não vacilou ante o descontentamento do irmão mas, com a bênção do rei, apressou-se em enfrentar o adversário, o gigante filisteu.
Embora Golias estivesse revestido de uma armadura protetora pesada, a pedra que saiu da funda de Davi atingiu-o na testa e lançou por terra o gigante.
Antes de seu encontro com Golias, Davi, que mais tarde foi chamado o “mavioso salmista de Israel” 2 Samuel 23:1., mostrou sua fé absoluta na proteção de Deus ao declarar: “Do Senhor é a guerra, e ele vos entregará nas nossas mãos.” 1 Samuel 17:47. Davi sabia que quem vive em obediência aos mandamentos de Deus, “descansa à sombra do Onipotente” Salmos 91:1.. E assim foi provado conclusivamente: o erro caiu perante a supremacia da Verdade.
No Glossário do livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde, a Sra. Eddy define espiritualmente o termo bíblico adversário. Parte dessa definição diz: “Adversário é aquele que se opõe, que nega, que disputa, não aquele que constrói e sustenta a realidade e a Verdade.” Ciência e Saúde, p. 580. Podemos dizer que a pequena pedra, arremessada por Davi, representava a ação da Verdade que destrói a pretensão do erro de ser realidade e ter poder.
Na segunda metade do século dezenove, quando suas obras foram publicadas, a Sra. Eddy enfrentou forte oposição por parte de alguns dos respeitados pensadores de sua época. Nunca, porém, claudicou em sua confiança na veracidade de sua Causa, e terminou de estabelecer sua Igreja, com sua mensagem cristãmente científica, sobre fundamentos espirituais inabaláveis. Ela compreendeu que Deus é Um e que Ele é Tudo; e que o deslocamento da Verdade, da Vida e do Amor divino e infinito, por qualquer fase do erro, é uma proposição impossível. Ciência e Saúde afirma: “Só há uma causa primária. Portanto, não pode haver efeito algum de qualquer outra causa, e não pode haver realidade naquilo que não proceda dessa causa grande e única.” Ibid., p. 207.
As pessoas, às vezes, ainda se opõem à Ciência Cristã. Ora, a postura agressiva que o sentido material assume contra a metafísica divina, pode ser reconhecida como uma forma ignorante ou maliciosa do erro, que não tem apoio na lógica divina. Essa oposição é anulada pela utilização do poder moral da Mente que habilita a humanidade a varar as areias movediças do raciocínio material, para chegar ao alicerce espiritual da Verdade e do Amor.
Após sua dramática conversão ao cristianismo, na estrada de Damasco, o Apóstolo Paulo lutou com bravura, em muitas frentes, contra as astúcias do diabo (o mal) enquanto difundia as boas-novas do evangelho cristão. Paulo dá um bom conselho quanto à escolha da armadura e das armas a serem usadas contra os poderes das trevas. Em primeiro lugar na lista de apetrechos, está o cinto da verdade, que cinge o guerreiro e o deixa livre para agir. Em seguida vem a couraça da justiça — a isenção de culpa e pecado. Os pés do guerreiro, para nossa surpresa, estão calçados “com a preparação do evangelho da paz” — paz, a expressão do amor e da bondade fraternal! Ele porta o escudo da fé — a firme confiança no bem — e usa o capacete da salvação, a prova da proteção e da farta provisão de Deus. Em sua mão, está “a espada do Espírito, que é a palavra de Deus” — a arma que dá fim ao erro.
Finalmente, atente no que Paulo recomenda como elementos de nosso trabalho cristão no interesse de todos os que são fiéis a Deus. Oração: a comunhão com Deus, que é a eterna Verdade e Amor. Súplica: um humilde pedido de ajuda a Deus. Vigilância: a vigilância incessante para atermo-nos aos fatos do ser espiritual. Perseverança: a persistência em manter nosso ponto de vista espiritual mesmo em presença de forte oposição. Ver Efésios 6:10–18. Esse programa de ação cristã, sob o governo de Deus, pode contar com Seu apoio. As tentativas do erro, no sentido de desacreditar a Verdade, revelam sua impotência e irrealidade, à medida que os homens e mulheres obedecem estritamente à lei moral e espiritual de Deus e reconhecem o Princípio divino, o Amor, como a primeira e única causa que governa tudo.