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“Enfim livre!”

Da edição de abril de 1988 dO Arauto da Ciência Cristã


O guarda jogou uma Bíblia à prisioneira, dizendo com desprezo: “Aqui está a Bíblia, peça ao seu Deus para livrá-la da prisão!” Winnie Mandela, Part of My Soul Went with Him (Nova Iorque: W. W. Norton and Co., 1985), p. 103.

Atualmente, em muitas partes do mundo, há milhares de pessoas presas sem outro motivo senão o de haverem oferecido oposição a regimes injustos, opressivos.

Muitos desses indivíduos são apenas suspeitos de estar do lado “errado”. Talvez nunca tenham sequer feito um discurso, mas assim mesmo foram presos, e muitas vezes submetidos ao flagelo e à tortura. Freqüentemente suas famílias não conseguem localizá-los. Daí serem chamados, não sem acerto, de “desaparecidos”.

A pior epidemia do mundo não é uma doença, mas sim o poder da tirania e da opressão. Essa epidemia clama pela atenção de todas as pessoas que oram no mundo inteiro, pessoas dotadas de coração. A necessidade mais premente quiçá seja de convicção espiritual, convicção de que se compreendermos com mais certeza e clareza a realidade de Deus que a tudo envolve, essa compreensão transformará o pensamento do mundo e contribuirá para refrear esse tratamento dado a seres humanos nossos iguais.

Por certo podemos começar a dedicar alguns momentos para ocu-par-nos daqueles que injustamente estão hoje passando o dia ou a noite na prisão. Quem, a não ser os leitores do Arauto, pode com naturalidade e firmeza elevar-se para reconhecer os direitos de toda a humanidade, o direito que a humanidade tem de libertar-se não só do pecado, da doença e da morte, como também do mal e da injustiça? Quem estará mais bem preparado para ajudar, senão aqueles que adquiriram alguma compreensão de que saber mais acerca da natureza de Deus e de Sua expressão, significa aumentar amplamente a liberdade humana?

A Bíblia não poderia ser mais direta ou mais específica nessa questão. Do livro de Isaías, por exemplo, consta a pergunta feita por Deus, pergunta que paira sobre o Antigo e o Novo Testamento, como o tema de uma grande sinfonia. “Porventura não é este o jejum espiritual que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces todo o jugo?” Isaías 58:6.

A intuição espiritual diz-nos que liberdade é aquilo que Deus expressa. É emanação natural do ser de Deus. É por isso que a liberdade é herança legítima, direito que assiste a todo ser humano.

Há também uma lição a esse respeito, derivada das experiências de cura na Ciência CristãChristian Science (kris’tiann sai’ennss). Por exemplo, sabemos por experiência que a liberdade física da doença e da dor nos advém da conscientização voluntária do fato científico e espiritual de que Deus, o Espírito, realmente criou o homem à Sua semelhança. Muitas vezes, quando oramos a partir dessa base, temos a convicção da cura mesmo antes que haja uma mudança nas condições físicas.

Assim, podemos começar a orar, a partir de idêntica base, por aqueles que foram presos por motivos injustos, pelos reféns, pelos cativos, pelos oprimidos. Percebemos que é preciso considerar a liberdade tendo por base não as aparências humanas, mas o fato espiritual. O fato espiritual é que o homem criado por Deus não pode ser acorrentado pela doença, nem pela tirania. Se, do ponto de vista humano, parece claro que ele está preso, mesmo assim podemos nos elevar com cada fibra moral do ser para resistir a essa idéia. Não precisamos concordar com ela, podemos insistir e orar até ter a certeza do Cristo libertador ou a Verdade. Temos o encorajamento de S. Paulo: “Porque o que foi chamado no Senhor, sendo escravo, é liberto do Senhor; semelhantemente o que foi chamado, sendo livre, é escravo de Cristo.” 1 Cor. 7:22.

A tentativa de negar a qualquer ser humano seus direitos fundamentais e assim rebaixar o ser humano, é impulso cara do homem dessemelhante de Deus. Em outras palavras, é a suprema loucura da pessoa que não compreende que o Deus onipotente cria e mantém inviolada a liberdade. É seu próprio sonho de pecado, seu sonho de mal que o induz à tentativa de aprisionar os outros. Se quisermos ajudar os que caem vítimas, comecemos por recusar-nos mentalmente a participar da crença de que o mal é mais poderoso do que o bem, seja sob a forma de pesadelo no caso de um governo repressivo, ou da crueldade de uma facção revolucionária.

Por isso, nossa compaixão tem de ir muito além de simplesmente ficar com dó dos oprimidos. Precisamos “vigiar” e orar com afinco para perceber espiritualmente que ninguém jamais está destituído da presença de Deus. Ninguém está desprovido de poder, ninguém está perdido. Nenhum filho de Deus está relegado a um paradeiro desconhecido. Cada um dos filhos de Deus está tão próximo dEle, quanto a idéia está próxima da Mente divina que a concebe. Ninguém jamais pode ser separado da proximidade e do desvelo de Deus. A liberdade é a realidade divina que abrange a todos e se estende a toda parte no universo de Deus.

Estas linhas de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de autoria de Mary Baker Eddy, resumem a necessidade real: “Temos de aprender que o mal é a terrível ilusão e irrealidade da existência. O mal não é supremo; o bem não é impotente; nem são primárias as assim chamadas leis da matéria, nem é secundária a lei do Espírito.” Ciência e Saúde, p. 207.

Às vezes se insinua que essa abordagem espiritual é ingênua. A verdade, porém, é que este é o único caminho para evitar a interminável repetição da opressão. A humanidade triunfará na luta pela liberdade, mas essa vitória só será permanente se for conquistada numa base espiritual, nunca numa base de um grupo poderoso a substituir outro. Temos grande trabalho espiritual a realizar, se quisermos regozijar-nos com a humanidade e reconhecer que todas as raças e povos “enfim estão livres”.

Não podemos atribuir poder ao mal na experiência de outra pessoa, se quisermos demonstrar que o mal não tem poder em nossa própria experiência. Cabe-nos a responsabilidade de saber que em toda parte a posição do mal não é a de força, mas de fraqueza, de irrealidade. A bondade e a justiça, em todos os lugares, têm o apoio, a inteligência, a força invencível, a irresistibilidade — e a realidade majestosa — que derivam de sua fonte, que é o Deus onipotente, ao qual nada se opõe. A oração feita nessa base, como a Bíblia repetidamente mostra, conduz não só à liberdade mental, mas ao progresso rumo à efetiva libertação.

Está alguém entre vós sofrendo?
Faça oração. ...
Muito pode, por sua eficácia,
a súplica do justo.

Tiago 5:13, 16

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