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Olhe para a frente

Da edição de abril de 1988 dO Arauto da Ciência Cristã


Em geral se reconhece que pode ser perigoso olhar para trás enquanto se caminha para a frente! Não obstante, pessoas normalmente sensatas, muitas vezes, agem desse modo. Não estou me referindo aos casos em que simplesmente nos viramos para falar com alguém que vem em sentido contrário numa calçada movimentada, e quase damos um encontrão num poste. Tais experiências podem ser embaraçosas, mas geralmente não chegam a ser tão prejudiciais como o hábito de “olhar para trás” que se verifica na privacidade de nossa própria consciência.

A Bíblia trata desse assunto em diversos lugares. Por exemplo, no Gênesis lemos que a mulher de Ló foi convertida numa estátua de sal Ver Gênesis 19:17, 26. porque, em vez de obedecer à ordem divina de abandonar o ambiente pecaminoso de Sodoma e Gomorra sem olhar furtivamente para trás, virou-se para testemunhar a destruição dessas cidades.

Lembrando aos seus discípulos esse incidente, Cristo Jesus falou do dia do julgamento, quando cada um deles teria de fazer uma escolha semelhante. Ver Lucas 17:28–37. “Naquele dia quem estiver no eirado e tiver os seus bens em casa, não desça para tirá-los; e de igual modo quem estiver no campo não volte para trás.” Continuando com o assunto, acrescentou: “Duas mulheres estarão juntas moendo; uma será tomada, e deixada a outra.”

Não precisamos esperar algum grande terremoto ou o dia do juízo final para prestar atenção a essa advertência. As palavras que a Sra. Eddy emprega nesse sentido em Ciência e Saúde, são: “Nenhum juízo final aguarda os mortais, pois o dia em que a sabedoria profere o juízo final vem a toda hora e continuamente, isto é, o julgamento pelo qual o homem mortal se despoja de todo erro material.” Ciência e Saúde, p. 291. Toda vez que somos confrontados com a necessidade de abandonar alguma forma de erro — alguma crença num poder separado de Deus — e de crescer em graça espiritual, somos confrontados com a escolha sobre se devemos ser “tomados” ou “deixados”. Será que aquele que é “deixado” não vem a ser o indivíduo que se agarra a um senso mortal ou pessoal de vida com suas limitações, enquanto aquele que é “tomado” é alguém que está preparado para abandonar tudo por Cristo e ir adiante na compreensão espiritual?

Para mim, essa escolha entre dois modos de ação indica que a salvação é individual. O progresso espiritual vem a cada um de nós à medida que estamos preparados. O progresso não se manifesta coletivamente. Afinal todos nós temos de nos afastar da materialidade, mas isso depende da nossa disposição individual para não mais depender das condições mortais, e para aceitar os fatos espirituais do ser.

A culpa, o remorso, o ressentimento e o pecado não destruído pretendem perpetuamente fazer retroceder o pensamento, paralisando nossa capacidade de seguir o Cristo. Para destruir esses erros e romper o mesmerismo que quer nos manter prisioneiros de nossos próprios erros passados, ou aos de outras pessoas, precisamos reconhecer o fato espiritual de que Deus, o bem, é a única Vida, e o homem é Sua eterna semelhança. Esse fato de que o homem é inseparável de Deus, tal como é ilustrado pela vida de Cristo Jesus, mostra que a existência mortal é um sonho autodeceptivo e temporal. Em vez de minimizar o valor da vida humana, o reconhecimento desse fato elimina tudo quanto pretende desmoralizar-nos e revela a atual impecabilidade de cada um de nós, no nosso verdadeiro ser como filhos de Deus. Essa compreensão espiritual, isto é, essa demonstração, destrói o engodo fantasista do pecado e nos liberta de suas seqüelas. Substitui a degradação por uma sensação de valor consciente.

Um passado pecaminoso, todavia, não é a única tendência que é preciso abandonar. Que dizer então de alguém que se agarra obsessivamente às doces lembranças, sempre a repetir: “Oh! que saudades que tenho”! Embora seja justo sentir gratidão pelo bem e pela alegria que experimentamos no decorrer de nossa vida, precisamos evitar a tentação de idolatrar algum período passado de crescimento, como se nossos melhores anos e melhores amigos tivessem ficado para trás, roubando-nos as alegrias atuais. A bondade e o propósito de Deus para cada um de nós permanece para sempre, sem diminuir.

Outra tentação que pretende deter o pensamento, de uma maneira destrutiva ao progresso, é a curiosidade mórbida. Acaso a mulher de Ló se virou para trás para ver se todos aqueles pecadores de Sodoma e Gomorra receberam o castigo merecido? Não será esse o motivo de tanta tagarelice maliciosa e especulação no tocante ao pecado de outras pessoas? A preocupação, seja com os nossos próprios pecados ou com os de outrem, imobiliza o pensamento no lodo da mortalidade, quando deveria estar avançando até vistas mais crísticas da criação.

Na prática da Ciência Cristã, o recordar erros passados pode ser produtivo, às vezes, se estivermos desenvolvendo uma consciência moral mais elevada, se estivermos procurando conseguir uma percepção aguda dos conceitos errôneos que necessitam ser eliminados dos nossos próprios pensamentos e de nossa própria vida. Nessas ocasiões, vários erros que estavam escondidos no pensamento podem vir à tona; mas aparecem a fim de ser destruídos, não para ser aceitos como realidade. Não precisamos vasculhar na memória mortal, à procura de tais erros, mas podemos sempre ter a confiança de que, à medida que nos empenharmos em progredir rumo a Deus, a força da purificação espiritual trará à superfície todos os erros passados que precisam ser confrontados e expulsos. Ciência e Saúde diz desse processo: “A quimicalização mental traz à tona o pecado e a doença, obrigando as impurezas a desaparecerem, como no caso de um líquido em fermentação.” Ibid., p. 401.

Quando deixamos essa força espiritual transformar nossa vida, abandonamos o passado do mesmo modo que uma borboleta abandona o casulo. Para a borboleta seria desperdício de seu potencial, como também uma negação do seu propósito, tentar viver a existência de um verme. O livro-texto da Ciência Cristã declara: “A lagarta, transformada em belo inseto, já não é um verme, nem pode o inseto voltar para fraternizar com o verme ou para controlá-lo. Tal transformação retroativa é impossível na Ciência.” Mais adiante, lemos: “Na Ciência Cristã jamais se dá passo para trás; jamais há retorno a posições ultrapassadas.” Ibid., p. 74.

Obedecer ao mandamento de não olhar para trás não proporciona mandato nem desculpa para virarmos friamente as costas a relacionamentos corretos com a família ou amigos. Devemos abandonar unicamente aquilo que está errado ou ultrapassado nos nossos relacionamentos — ou seja, antigos padrões de pensamento e pontos de vista materialistas desgastados sobre a criação, que pretendem limitar o desenvolvimento do convívio crístico. Somos desafiados a trazer conosco o nosso conceito de amizade e de família, ao momento espiritual do presente e não apenas mantê-lo na memória mortal do passado.

A vida é contínua e eterna. Proporciona renovadas oportunidades de promessas e cumprimentos simultâneos a cada passo do caminho. Cada um de nós, em vez de olhar para trás e lamentar de saudade, ou com curiosidade mórbida no tocante a fases superadas da vida, pode continuar a olhar para a frente com renovada certeza de que o presente contém em si mesmo a superabundância do Amor infinito e o desenrolar ininterrupto da Vida eterna.

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