Quando eu era criança, gostava muito de um livro que eu tinha. Eu o chamava de livro do “leia e faça”. Era um livro que uma prima mais velha me dera, quando já se considerava muito crescida para brincar de fazer coisas. O livro era cheio de sugestões de coisas a serem feitas: canções para cantar, brinquedos que podiam ser feitos em casa, jogos de todo tipo. Era só ler as instruções e pôr mãos à obra.
Com esse livro, aprendi a dançar quadrilha, a jogar amarelinha, a fazer colares, flores de papel, sabão e um mundo de outras coisas. A parte ativa era a mais divertida.
Um dia, contei à minha professora da Escola Dominical sobre esse livro de que tanto gostava. (Eu ia a uma Escola Dominical da Ciência Cristã, todos os domingos.) A professora ficou interessada em todas as coisas que eu estava aprendendo a fazer. Depois, perguntou-me se também gostava da Bíblia e de Ciência e Saúde de autoria da Sra. Eddy.
“Claro,” respondi. (Eu tinha uma Bíblia e um exemplar de Ciência e Saúde só para mim. Encapados de vermelho.)
“De certa forma,” disse ela, “esses também são livros de ‘leia e faça’.”
Durante a aula, naquele dia, mostrou à classe muitas das instruções de Jesus, na Bíblia. Como, por exemplo, a parábola do bom samaritano que nos ensina a ser o próximo das outras pessoas. (Duas pessoas passaram por um homem que estava ferido e caído na estrada. Só a terceira pessoa, um samaritano, parou para ajudar. “Vai, e procede tu de igual modo,” disse Jesus ao seu interlocutor. Ver Lucas 10:30–37.)
Daquele dia em diante, como lição de casa, devíamos escolher uma das instruções que apareciam na lição bíblica da semana (no Livrete trimestral da Ciência Cristã), e pô-la em prática. No domingo, devíamos contar à classe como havíamos aplicado essas instruções.
Certa vez, escolhi esta: “Saudai-vos uns aos outros com ósculo santo.” 2 Cor. 13:12. Mamãe explicou que “ósculo” é uma palavra antiga que significa “beijo”. Ela disse que essa instrução da Bíblia poderia estar mandando que eu amasse todas as pessoas tal como Jesus as amava. Ele via todos — todos os filhos de Deus — perfeitos, espirituais e bons, nunca ruins ou doentes. E esse tipo de “beijo”, ou seja, essa forma de ver a bondade de cada um, era o que curava.
Fui à escola, aquele dia, ansiosa para pôr em prática a instrução que escolhera. Logo, porém, descobri que não era nada fácil. Uma menina mais velha, no refeitório, caçoou do meu vestido. No recreio, um menino me fez tropeçar de propósito. A professora chamou minha atenção dizendo que eu estava conversando na aula quando, em realidade, era a menina do banco de trás que estava falando. À tarde, voltei para casa em prantos.
Mamãe, porém, foi de grande ajuda. Contei-lhe que teria de escolher alguma outra instrução, porque os “beijos santos” eram muito difíceis para mim. Então ela me lembrou da primeira vez que eu tentara fazer bombons de chocolate e de como tinha achado difícil. Eu não havia desistido. Continuara tentando até acertar.
Mamãe me mostrou, no livro da Sra. Eddy, Ciência e Saúde, a seguinte afirmação: “Só Deus, o Espírito, criou tudo, e o achou bom.” Ciência e Saúde, p. 339. Disse que se pudermos começar cada dia sabendo que Deus, o bem, é Tudo, as coisas não nos parecem tão assustadoras, nem mesmo a maldade, a injustiça, ou coisa alguma.
O dia seguinte foi melhor. Embora tivessem acontecido outras coisas para tentar me convencer de que o mal é tão real quanto o bem (vomitei na hora do recreio; além disso, a classe toda teve de ficar depois da hora, até aparecer o “ladrão” que tirara um dinheiro de cima da mesa da professora), eu me recusei a desanimar. “Deus é Tudo” continuei repetindo para mim mesma. “Leia e faça. Leia e faça.” Também fiquei pensando que Deus não me pediria para fazer mais do que eu era capaz de fazer.
Foi isso o que me ajudou a agradecer a Deus pela saúde, bem na hora em que estava me sentindo mal, e pela honestidade. (Ricardinho acabou confessando que pegara o dinheiro e o devolveu.)
No fim daquele dia, eu me sentia mais forte. Sentia que a bondade de Deus não podia faltar enquanto eu a visse como a única realidade.
Minha professora da Escola Dominical tinha razão! A Bíblia e Ciência e Saúde tornaram-se meus livros do “leia e faça” e ainda são meus favoritos. Cresci e agora também tenho filhos. Todos os dias “leio e faço” coisas que esses dois livros me ensinam.
“Curai enfermos, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expeli demônios.” Mateus 10:8. Foi isso o que Jesus mandou que seus seguidores fizessem. Por isso, sempre são muitas as coisas que podemos fazer.