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Reconhecer o poder do amor crístico

Da edição de abril de 1988 dO Arauto da Ciência Cristã


Ao examinar as manchetes, a gente tem de perguntar: será que as crenças entrincheiradas, o interesse próprio e o medo podem ceder, por meios pacíficos, às exigências da justiça e do Amor divino? Podem os sistemas que institucionalizam o preconceito e a discriminação racial ser mudados sem o recurso à violência? Seria errôneo ter esperança, contra todas as expectativas no mundo de hoje?

Não, não é errôneo. É essencial. Não é tarde demais. Nunca será tarde demais. A história da humanidade mostra que a hora mais negra pode ser a hora do nascimento da maior esperança para a humanidade, a hora de nossa libertação do mal. Acaso não é esse o significado da ressurreição de nosso Mestre, Cristo Jesus?

Jesus de Nazaré, o Messias de há muito prometido, o Filho de Deus, fora crucificado; o ódio havia ferido o lado do representante do Amor divino; a lei humana havia sido subvertida para destruir o porta-voz da lei divina; os discípulos haviam se desesperado e desertado; o céu literalmente enegrecera. No entanto, a demonstração do Amor divino prosseguiu desimpedida e sem hesitação. Os inimigos foram perdoados. O Amor afastou a pedra do túmulo e deu à humanidade uma esperança transformadora e provas do poder do Amor divino. A luz dessa prova transcendental do inextinguível amor de Deus resplandece sobre nosso mundo ainda hoje. Não pode ser obscurecida nem apagada. Ninguém que se glorie na ressurreição de nosso Senhor, pode crer que não haja esperança para alguma situação humana.

O cristão sabe que há um caminho para se chegar a sentir e a obter provas desse poder do Amor divino. Contudo, não temos nós de andar nesse caminho? Nossa vida tem de ser a transparência espiritual através da qual brilha a luz do Cristo, oriunda da Verdade e do Amor. Animada pelo Amor divino, nossa vida resplandecerá de fraternidade verdadeira, coragem moral, desprendimento, afeição e força espiritual. O batismo espiritual limpa-nos da mentalidade carnal que tenta obscurecer a janela de Deus. O cristão rejeita a exclamação egocêntrica de Caim: “Acaso sou eu tutor de meu irmão?” Gênesis 4:9., e empenha-se por atender à instrução do Mestre: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” Mateus 19:19.

Pedro e Paulo, duas grandes figuras cristãs, tiveram suas vidas e opiniões mudadas radicalmente pela ação do Cristo, a Verdade. O preconceito de Pedro contra os gentios, engendrado por séculos de tradição, foi reprovado por Deus. Pedro deu provas de que sua fidelidade a Deus era mais forte do que sua fidelidade à tradição e ao sentido pessoal. Seu encontro com Cornélio comprovou que Deus não era uma divindade nacional, racial ou tribal; e que não havia um povo mais favorecido do que outro. Ver Atos 10:1–48.

Saulo de Tarso, antes de se tornar o cristão Paulo — batalhando por preservar a pureza de suas crenças religiosas, profundamente escolado na tradição e na história especial de seu povo, zeloso contra mudanças, e perseguindo a igreja cristã — foi impedido de continuar nesse caminho, pela revelação de Cristo Jesus, e foi transformado para sempre. Ver Atos 9:1–20. Teria percebido, também, o fato de que um único Deus universal e um único Cristo levariam inevitavelmente à união entre homens e nações? Paulo escreve eloqüentemente sobre a exigência de amar todos e de, a partir daí, tornar esse amor ainda mais abundante.

A Sra. Eddy aborda esse ponto com freqüência no livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde: “Deve-se compreender bem que todos os homens têm uma e a mesma Mente, um e o mesmo Deus e Pai, uma e a mesma Vida e Verdade e um e o mesmo Amor. O gênero humano tornar-se-á perfeito à proporção que esse fato ficar evidente; as guerras cessarão e a verdadeira fraternidade do homem será estabelecida. Não tendo outros deuses, não recorrendo a nenhuma outra mente para o guiar, senão à única Mente perfeita, o homem é a semelhança de Deus, puro e eterno, e tem aquela Mente que havia também em Cristo.” Ciência e Saúde, p. 467.

Precisamos reconhecer que é possível termos aquela Mente que havia em Cristo Jesus. Ver Filip. 2:5. Esse reconhecimento é mais importante do que pensamos. Ao ler, há alguns anos, um dos romances de Dostoiévski, deparei-me com a seguinte passagem, dentro de uma discussão a respeito do amor crístico. Um dos personagens diz: “Na minha opinião, o amor do Cristo pelos homens é uma espécie de milagre impossível na terra. É verdade que ele era Deus; mas nós não somos deuses.” Feódor Dostoiévski, Os Irmãos Karamázovi (São Paulo: Os Imortais da Literatura Universal, Abril Cultural, 1970), p. 178.

Acaso essas asserções não expõem uma crença oculta, ignorante ou conscientemente alimentada pela maior parte da humanidade — qual seja, a crença de que o amor crístico excede às nossas capacidades? No entanto, examinando os Evangelhos e todo o Novo Testamento, jamais encontramos Cristo Jesus a ensinar: Eu sou Deus, e os mandamentos que vos dou são impossíveis de cumprir. Pelo contrário, ele ensinava e enfatizava a habilidade dada por Deus ao homem de ser semelhante ao Cristo e de viver o amor crístico que cura a doença e a moléstia, e, o que é mais importante, salva todos do pecado. Como Paulo escreve: “Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade.” Filip. 2:13.

O amor crístico provém de uma compreensão da verdadeira natureza de Deus e do homem como Sua criação. A Bíblia ensina que Deus é bom, o Amor divino, o Espírito infinito. Ensina que Deus é Um e Tudo e que não há outra força ou presença criadora. No primeiro capítulo da Bíblia, lemos que Deus declara: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança.” Gênesis 1:26.

Não podemos ter dois tipos de homem, assim como não podemos ter dois tipos de Deus. Cristo Jesus trouxe à luz a importância do fato espiritual de que o homem é a imagem e semelhança de Deus. Que maior amor poderia ser expresso, senão aquele que isenta as pessoas da maldição de crerem que são descendentes da raça pecadora de Adão — ou de qualquer uma de suas divisões geográficas — revelando-lhes, ao invés disso, que são os amados de Deus. Não há nenhum homem decaído, ou de segunda classe, na criação de Deus. E não há nenhuma hierarquia de seres humanos baseada em raça, nacionalidade ou ponto de origem. Homem-de-Deus significa cada um de nós no seu verdadeiro ser; e todos nós somos Sua idéia, a imagem do Amor divino.

Nem o interesse egoístico, nem o poder religioso ou político, nem o medo nem a intolerância podem resistir à ação do amor crístico. Esse amor não é mera emoção. Expressa a autoridade, a majestade e o poder do Altíssimo. Desfaz todo elemento de ódio, luxúria, medo, ganância, e todos os etcéteras da mente carnal. O Amor neutraliza o medo. Manifesta-se em liderança, coragem, justiça, inspiração e sabedoria. O Amor revela a união natural do gênero humano e revela a possibilidade de se alcançar o bem. Fortalece o empenho. Por ser o Amor o único criador, gera idéias originais e inspiradas que conduzem a soluções, justamente nos casos em que a mente humana limitada não tem esperança de solução alguma. Essa força-pensamento de origem divina gera a ação do Amor e abarca toda a humanidade.

Nem o Sinédrio nem os exércitos de Roma puderam impedir a ressurreição de Cristo Jesus. Nem pode qualquer oposição religiosa ou política de hoje impedir a demonstração definitiva do Amor divino. Mas esse amor tem de ser vivido. Deve ser a fibra e a substância de nosso próprio pensar e viver. O impulso para mudança não precisa ser a violência e o sofrimento. O amor crístico pode impulsionar mudanças através da Ciência divina. Existem animadores sinais do despertar cristão da humanidade, e do desejo de espiritualidade mais profunda entre os cristãos. Essas tendências merecem apoio. Precisam ser grandemente ampliadas por meio do poder da oração e da demonstração cristã. Isso pode ser feito através do amor crístico. É aquilo que mais se faz necessário em nossos dias.

O advento de Cristo Jesus e o advento da Ciência Cristã mudaram o mundo de modo irreversível. Temos o exemplo espiritual de nosso Mestre e os ensinamentos do Consolador que nos habilitam a demonstrar o reino do Cristo, a Verdade. Estamos nós atentos aos recursos poderosos da Verdade que se acham disponíveis?

Acaso percebemos que o verdadeiro cristianismo nos coloca no reino de Deus e Seu Cristo, sob o governo da Verdade, da Vida e do Amor? O reconhecer que estamos sob a autoridade e o governo de Deus, liberta-nos do sentimento de que o amor crístico possa ser restringido ou embaraçado por regulamentos humanos, governos, facções políticas, oportunismo. O cristão pode responder a essas sugestões tal como Jesus o fez quando disse a Pilatos: “Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fosse dada.” João 19:11.

O cristão é testemunha de uma nova ordem. Testemunha a favor do poder e da autoridade de Deus. E, à medida que os cristãos derem testemunho dessa verdade, o mundo será mudado. O poder do amor crístico era subestimado pelas pessoas nos dias de Jesus. Mas a memória de sua ressurreição anima todos nós a reconhecer novamente sua mensagem e a dar testemunho dela no dia de hoje.

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