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Mais do que voltar a outra face

Da edição de julho de 1988 dO Arauto da Ciência Cristã


Era uma manhã radiosa e cheia de beleza. Lá em casa pairava uma atmosfera de bem-estar. Até que o telefone tocou. Do outro lado da linha a voz irada despejou crítica mordaz a propósito de uma carta escrita por mim. Apercebi-me que minha interlocutora dera à carta sentido muito diferente. Mas ela desligou intempestivamente antes de me dar oportunidade de esclarecer o mal-entendido. Durante alguns minutos fiquei sem saber o que fazer.

Então perguntei-me: o que é que o Mestre, Cristo Jesus, nos ensinou sobre como lidar com semelhantes situações? Duas recomendações me vieram ao pensamento. “Ouvistes que foi dito: Olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo: Não resistais ao perverso; mas a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra.” Mateus 5:38, 39. Em outra ocasião, quando o impetuoso Pedro cortou a orelha direita do servo do sumo sacerdote, disse Jesus: “Mete a espada na bainha: não beberei, porventura, o cálice que o Pai me deu?” O relato desse incidente mostra que Jesus tocou a orelha do servo e o curou, tal como consta no registro de Lucas. João 18:11; ver também Lucas 22:51.

A exigência de perdão foi bem clara, mas o exemplo de Jesus continha uma mensagem adicional: o perdão é seguido pela cura. Para obedecer ao espírito da ordem de Jesus, necessitava eu algo mais que ser tolerante. Teria que ser receptiva ao toque curativo do Cristo, a Verdade. A cura era o único resultado possível da ação da Verdade. Tal como Jesus estava sempre consciente de sua missão curativa, assim também nós temos de estar conscientes da nossa, temos de seguir suas pegadas tão de perto quanto nos for possível.

Em meu íntimo comecei a ceder ao fato espiritual de que o homem nunca está excluído do amor, cuidado e orientação de Deus. Não acarinha Deus Sua criação perfeita? Compreendi que por ser Ele o único criador, a causa única, tanto minha interlocutora quanto eu éramos verdadeiramente filhas do mesmo Pai-Mãe Deus, ambas irrepreensíveis e perfeitas, de natureza inteiramente espiritual. Não me competia mudar o pensamento dela, mas sim assegurar-me de que eu reconhecia ser a identidade espiritual a única verdadeira natureza de cada uma de nós. Essa identidade inclui gentileza, inteligência, calma, ternura. Nossa integridade, isto é, nossa inteireza, nosso ser completo, está enraizada no único Progenitor, o Amor divino. Deveríamos ser receptivos somente a essa identidade, e aceitá-la. Tudo o que lhe seja dessemelhante não é da feitura de Deus ou de Seu modo de agir.

Parecia lógico que bastava-me simplesmente escrever nova carta explicando a carta inicial, utilizando palavras distintas, mas senti que algo mais se fazia necessário. Orei por orientação e minha oração foi respondida: mandaria singelo bilhete dizendo: “Se o que você disse é verdade, sou-lhe muito grata por mo chamar à atenção. Se o não for, perdôo-lhe.” O bilhete levou três dias para chegar ao seu destino, e no dia em que chegou meu telefone tocou de novo. Uma voz chorosa implorava perdão. E não só pudemos debater o assunto familiar com calma, mas essa conversa foi o início de um relacionamento afetuoso e duradouro.

Amarmo-nos uns aos outros como Jesus amou não é simplesmente uma opção. É, como Jesus disse, um “novo mandamento”. Ver João 13:34. Perdoar e amar são duas partes de um mesmo conjunto. Escrevendo sobre esse mandamento a Sra. Eddy declara: “O Amor divino compele finalmente os mortais a voltarem as costas aos sepulcros abertos do pecado, e a não mais olhá-los como se fossem realidade. Ordena-lhes em voz alta a enterrarem fora da vista os mortos; a perdoar e esquecer tudo o que for dessemelhante do Amor ressureto, imortal; e a calar tudo o que se lhe oponha. Cristo ordena ao homem que ajude aqueles que desconhecem o que ele faz em benefício deles e que por isso o amaldiçoam; ordena-lhe a tomá-los pela mão e a conduzi-los, se possível, a Cristo, através de palavras e atos de amor”.Miscellaneous Writings, p. 292.

Hoje há necessidade urgente de perdão e amor espiritualmente gerados. Pensem na eficácia deles nas relações matrimoniais, na educação das crianças, nos contratos empresariais e nos assuntos comunitários. Essas íntimas demonstrações do poder do Amor divino têm alcance progressivo nos assuntos nacionais e internacionais. E tudo começa nos indivíduos.

Será que nos podemos dar ao luxo de esquecer as palavras de Jesus na cruz: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”? Lucas 23:34. Se nosso Guia pôde expressar tamanho perdão em face do ódio e da ignorância, por certo também nós podemos seguir seu exemplo nos desafios menores de nossas próprias vidas. Cada um de nós tem lições a aprender; cada um tem que desenvolver sua salvação do pecado provando por si mesmo que o bem é o único poder. Voltar a outra face é um passo do nosso progresso espiritual nesse rumo, mas dar o passo seguinte, isto é, amar os outros com o amor que reconhece o verdadeiro eu dos outros, pode atiçar a faísca da cura para nós e para eles.

Situações que requerem amor e perdão vão da menor à superlativa, mas cada uma delas pode ser tocada pelo Cristo curativo. As de categoria mais alta com freqüência requerem muita oração em busca de orientação, antes de iniciarmos ações que envolvam outros. Em Ciência e Saúde, de autoria da Sra. Eddy, está contida esta explicação cristalina dos resultados de tal oração: “Pensamentos não proferidos não são desconhecidos para a Mente divina. O desejo é oração; e nenhuma perda nos pode advir por confiarmos nossos desejos a Deus, para que sejam modelados e sublimados antes de tomarem forma em palavras e ações.” Ciência e Saúde, p. 1.

Ajuntemos pois esse passo adicional de fazer todo o carinhoso esforço de conduzir outros a Cristo, ao ato de voltar a outra face. Com essa espécie de amor, descobriremos que não apenas estaremos perdoando, mas também sendo perdoados.

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