A maior parte de nós deseja progresso. Freqüentemente, porém, parece que resistimos justamente àquilo que proporciona crescimento genuíno, a obediência a Deus. Será que pensamos que Deus nada sabe a nosso respeito? Ou que está demasiado longe para se importar conosco? Ter-nos-emos habituado a aceitar um ponto de vista costumeiro em vez de procurar o ponto de vista espiritual de nossa vida? Haverá algum valor prático em confiar na orientação espiritual, num mundo de falências, de execução forçada de hipotecas, competição e escassez de emprego?
Certa manhã, depois de reservar tempo para orar e procurar respostas espirituais para alguns desafios com que me debatia, percebi em breve que fazia tudo para evitar essa tarefa a que me propusera. Ao contrário, caíra numa espécie de pensamento positivo, e não na profunda comunhão com Deus que almejava. Também descobri que meu pensamento deambulava de uma para outra das atividades desse dia. Pouco depois eu estava mentalmente preparando minha rotina diária, e minha oração cessara.
No entanto, nessa manhã em especial, eu necessitava escutar a voz de Deus, pois precisava encontrar emprego. Mas sentia-me aprisionada por toda a espécie de dúvidas: não tinha a idade certa; vivia no local errado, onde não havia oportunidades para os meus talentos; e não tinha relações com as pessoas apropriadas. Mas a maior dúvida de todas é que eu não saberia iniciar uma atividade nova, mesmo que ma oferecessem.
Lembrei-me, então, de um verso da Bíblia: “Sujeitai-vos, portanto a Deus; mas resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.” Tiago 4:7. Apercebi-me que passara mais tempo identificando-me com pensamentos do diabo do que com pensamentos de Deus. Ao contrário do que tencionara fazer, não havia estado à procura de Deus, mas sim a fazer uma listagem de limitações!
Voltei a orar. Determinada a obedecer a Deus, neguei o medo de falta de tempo, falta de quietude e falta de oportunidade para orar. Com renovado vigor, e desta vez com mais humildade, recordei aquilo que sabia ser verdadeiro: neste preciso momento, o homem reflete todo o bem de Deus, porque o homem é a expressão de Deus, a imagem de Deus. Uma vez que somente Deus tem poder para dirigir minha vida, eu não poderia estar separada um só instante do bem que Ele constantemente concede.
Comecei a escrever num livro de apontamentos todas as verdades espirituais de que me lembrava, e procurei uma visão mais clara de minha entidade espiritual. Quando já tinha enchido várias páginas apercebi-me, de repente, de um fato importante: Deus amava-me o suficiente para me dar, desde logo, todo o bem. Fui invadida por um sentimento de gratidão. Essa era uma verdade que anteriormente muitas vezes declarara, mas que só nessa altura aceitara de fato. Eu não resistiria ao amor de Deus por mim. Tinha o direito de o aceitar, e aceitá-lo-ia.
Esse meu estudo deu-me nova introspecção sobre um Estatuto do Manual de A Igreja Mãe, de autoria da Sra. Eddy: “Será dever de todo membro desta Igreja defender-se diariamente contra sugestão mental agressiva, e não se deixar induzir ao esquecimento ou à negligência quanto ao seu dever para com Deus, para com sua Líder e para com a humanidade. Segundo as suas obras será julgado — e justificado ou condenado.” Man., § 60° do art. 8°.
Compreendi que a resistência a Deus é um elemento da sugestão mental agressiva, da crença diabólica num poder oposto a Deus. Comecei alegremente a recusar resistir ao amor que Deus me tem. Abandonei falsos pensamentos a meu respeito e vi com mais clareza a verdadeira natureza de Deus e do homem. Percebi que para cumprir meu dever tinha de alinhar minha vida pelo exemplo dado por Cristo Jesus, isto é, amar a mim própria e à humanidade como Deus quer que eu ame. Fazê-lo tornou-se motivo de grande alegria para mim.
Alguns dias depois senti-me impelida a telefonar para uma academia em França e pedir para lecionar num seminário de verão, durante um mês, para o que me sentia habilitada. Em breve fui contratada e encarregada de preparar essa tarefa para o verão seguinte. Mais tarde foi-me pedido que voltasse como membro do corpo docente e lecionasse nesse seminário todos os anos, no verão. Ao aceitar essa oportunidade com gratidão, comecei a ver quantas atividades em minha vida haviam-me preparado para essa função.
Ao compreender, mesmo em grau mínimo, o amor infinito de Deus pelo homem, consegui progredir e ajudar outros. O amor de Deus alivia o fardo em nossa vida diária e dissolve a resistência que nos impede de confiar nEle.
Uma vez que todo o poder pertence a Deus, como a Bíblia assevera, não há outro poder que limite o homem em sua expressão infinita de Deus, o bem. Verdadeiramente a confiança na compreensão espiritual é prática, porque, com essa compreensão, não podemos ser levados a resistir a Deus ou a impedir nosso próprio progresso.
 
    
