Um jovem marinheiro tomou parte no primeiro curso de Ciência CristãChristian Science (kris’tiann sai’ennss) de todos os tempos, realizado em 1871. Ver Robert Peel, Mary Baker Eddy: The Years of Discovery (Boston: The Christian Science Publishing Society, 1966), p. 247. Seus motivos não eram necessariamente os melhores, e sua devoção aos assuntos espirituais não era grande coisa.
Ele se matriculara nesse curso a pedido de sua irmã. Após algumas aulas, no entanto, curou uma menina de hidropisia. Ficou tão assustado que abandonou o curso! Aparentemente, sua capacidade momentânea de curar, com base na verdade espiritual, resultara de sua receptividade ao ensino inspirado de Mary Baker Eddy.
A princípio, esse tipo de cura pode parecer no mínimo inconcebível ou perturbador para a mente humana. Compreender um ponto fundamental porém, a respeito da matéria, nos ajuda a desenvolver a convicção mais forte de que é realmente possível e natural seguir a ordem de Cristo Jesus: “Curai enfermos.” Mateus 10:8.
Não é acaso a confiança impensada na matéria, o que nos faz tomar posição vacilante e claudicante com respeito à cura? Pensamos a respeito de um estado material do corpo, por exemplo, e talvez duvidemos que possa ser modificado, porque parece tão real e substancial. Contudo, o problema reside mais na convicção do que no estado do corpo.
Por que tanta devoção à matéria? A final, esse conceito sobre a matéria não significa fidelidade profunda, de coração. Baseia-se inteiramente na evidência e nas ações dos sentidos físicos. Por que confiar tão implicitamente no que esses sentidos nos dizem a respeito da realidade e tratá-los com tanta deferência? Por que obedecer ao que nega tão completamente Deus, o Espírito, e Lhe desobedece? Por que valorizar tanto o que os sentidos têm a dizer, quando sabemos para onde levam suas conclusões relacionadas com a doença e a morte?
A Sra. Eddy não era ingênua. Sabia muito bem até que ponto os sentidos físicos pretendem ter autoridade e a matéria pretende ser a própria substância e a lei da vida. Ela fez, porém, uma descoberta espiritual que mudou total e irresistivelmente seu modo de ver. Ela aprendeu que Deus, o Espírito, é a única substância e a Vida real do homem. Então compreendeu a validade dessa descoberta a evidenciar-se em sua habilidade de curar e nas curas feitas por milhares de seus alunos.
Como cristãos, nós nos voltamos para o Mestre e perguntamos: que pensava Jesus a respeito da matéria? A resposta seria: não atribuía grande valor à matéria. É evidente que para Cristo Jesus as condições da matéria não definiam a realidade. O que Deus lhe revelava acerca do reino dos céus, de Seu amor como o Pai do homem, era muito mais impressionante para Jesus do que aquilo que os sentidos físicos apresentavam, quer esses sentidos descrevessem uma tempestade, ou cinco mil pessoas que não tinham o que comer, ou um homem aleijado havia trinta e oito anos.
Conforme o indica a Ciência Cristã, Jesus revelou à humanidade, por meio de seus atos de cura, que a matéria não tem vida, substância nem inteligência. A Ciência Cristã ensina que, se aceitarmos esse ponto de vista a respeito da matéria e nos empenharmos por compreender a totalidade do Espírito divino, estaremos dando pequeninos passos no sentido de aprender o que Jesus conhecia.
Então, por que devemos considerar a matéria algo substancial, com que precisamos contender mediante oração? Não, francamente, é importante não dar essa consideração à matéria. No Glossário de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras de autoria da Sra. Eddy, há uma descrição que nos ajuda a considerar a matéria com maior compreensão. Afirma que a matéria é: “...aquilo de que a Mente imortal não toma conhecimento; aquilo que a mente mortal vê, sente, ouve, prova e cheira apenas segundo a sua crença”.Ciência e Saúde, p. 591.
É a nossa impressão de viver na matéria, que tanto tem a ver com o medo. Quantas vezes um novo e poderoso vislumbre que alguém teve de sua natureza espiritual e de Deus como sendo sua Vida, afastou o medo. A pessoa passou a ter convicção de sua segurança e de sua cura, muito antes de haver evidência material que indicasse motivo de esperança. A nova compreensão de como as coisas realmente são, a compreensão acerca do Espírito, Deus, como o fato mais essencial do ser, fez mudar totalmente a perspectiva das coisas. É assim que, com efeito, recebemos o toque sanador do Cristo e o amparo que o Cristo oferece.
Não há nada que negue mais fortemente a verdadeira natureza do homem à imagem e semelhança de Deus, do que a impressão de viver na matéria e como matéria. Contudo, vemos que a matéria de si mesma não pode expressar essa negação. Tem de ser a mente carnal ou mortal a conceber-se como matéria, o que nega a presença de Deus. (Isso nos indica a verdade cristã fundamental de que é necessária a regeneração espiritual, se quisermos algum dia encontrar o caminho que conduz para fora da ilusão de vida material.)
A Sra. Eddy explica em Ciência e Saúde: “Nega a existência da matéria, e poderás destruir a crença em condições materiais. Quando o medo desaparecer, o fundamento da doença já não existirá. Uma vez que o médico mental creia na realidade da matéria, estará propenso a admitir também a realidade de todas as condições discordantes e isso o impedirá de destruí-las.” Ibid., pp. 368–69.
Será demasiado difícil não acreditar que o homem é material? De acordo com o sentido não-inspirado das coisas, é difícil, mas na realidade, não, não é difícil. Qualquer sentimento de amor genuíno começa a romper o argumento de que o homem é apenas matéria. (O que amamos uns nos outros não é matéria, por certo, mas qualidades: inteligência, alegria e amor. Quando amamos, temos certeza de qual é a nossa essência e isso nos coloca no rumo de um maior aprendizado acerca do que é a nossa verdadeira substância.) O esforço contínuo e sincero de seguir o Cristo é a única coisa que pode sustentar essa inspiração que cura.
Não é preciso pensar que somos materiais. Não é imperativo e esse não é o método do Mestre. Aceitemos mais como fato o que Jesus fez e o que a Ciência Cristã está se empenhando em nos mostrar. Algumas frases de Isaías descrevem algo do novo sentimento que resulta dessa atitude: “A areia esbraseada se transformará em lagos, e a terra sedenta em mananciais de águas; onde outrora viviam os chacais crescerá a erva com canas e juncos.” Isaías 35:7.
Algo maravilhoso entra na vida humana quando começamos a perceber que o homem não é material, mas é o que esperamos que seja e intuitivamente sabíamos que é: espiritual, sustentado e expressado pelo Espírito e Mente que é Deus.
 
    
