É verdadeiro tanto para o engenheiro que projeta uma grande ponte suspensa, como para o carpinteiro ao instalar uma porta ... ou para o astrônomo ao perscrutar os céus em busca de uma supernova ... ou para o agricultor ao preparar seu campo para o plantio da próxima colheita. Para realizar qualquer tarefa com sucesso e eficiência, é absolutamente essencial uma compreensão básica do princípio que rege essa atividade.
É também verdadeiro para quem anseia por praticar com eficácia a cura metafísica. No caso da cura metafísica, a compreensão que se necessita cultivar é essencialmente a compreensão espiritual.
Os motivos subjacentes à cura cristã, ou seja, consolar e elevar, trazer alívio da doença e da dor, acercar-se a Deus, libertar do pecado, glorificar o Pai, todos eles indicam algo bem diferente da mera captação de conhecimentos humanos com uma espécie de proficiência intelectual. Mary Baker Eddy torna bem claro esse ponto, desde o início de seus ensinamentos no livro-texto da Ciência Cristã.Christian Science (kris´tiann sai´ennss) No Prefácio de Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras ela escreve: “Nenhuma proficiência intelectual é necessária ao que estuda esta Ciência, mas é sumamente desejável que sua moral seja sadia.” Ciência e Saúde, p. x.
Lembro-me de estar, certa vez, com um grupo de Cientistas Cristãos e juntos partilhávamos algumas idéias a respeito da Bíblia. Naquele pequeno grupo havia todo tipo de pessoas, alguns tinham grande cultura e títulos universitários. Entre eles encontravam-se um advogado, uma dona de casa, um editor de música, um diretor comercial, um arquiteto.
Havia também um homem com menor grau de instrução, não tinha nenhum diploma. Mas sua vida era rica em experiências de que podia se valer. Seu caráter cristão era evidente em seu amor por Deus, pela Bíblia e pelas promessas de cura espiritual contidas nas Escrituras. Tinha fé honesta e compreendia algo do estreito relacionamento com Deus, que verdadeiramente pertence a todos.
Nosso debate a respeito da Bíblia voltou-se para um dos ensinamentos de Cristo Jesus: “Ninguém que, tendo posto a mão no arado, olha para trás, é apto para o reino de Deus.” Lucas 9:62. Tínhamos começado a levantar algumas perguntas sobre o que Jesus estava tentando transmitir, quando o amigo que acabo de mencionar, entrou na conversa. “Deixem-me dizer algo a esse respeito.” Então, segundo me recordo, ele continuou: “Vejam, eu era meeiro e passava muitas horas atrás de uma mula a arar os campos. Posso assegurar-lhes que, quando não se olha direto para a frente, pode-se topar com todo tipo de problemas, tropeçar e cair, os sulcos podem ficar tortos, enfim, o trabalho seria uma confusão. Por isso mesmo colocávamos viseiras na mula. Tanto o agricultor como a mula precisam olhar direto para a frente!”
Nosso amigo nos dizia que não podíamos nos distrair. Para encontrar o reino de Deus, é preciso olhar direto para onde se vai e seguir adiante sem desviar-se. De repente a história adquiriu vida para o restante do grupo.
Não foi apenas o que o homem contou, que nos fez sentir que ele sabia o que estava dizendo, isto é, que ele conhecia a parábola de Jesus. Foi também a maneira como ele a narrou, simples, honesta e humilde, em tom de convicção. Dava para discernir sua intuição espiritual e sua compreensão.
A compreensão que eleva e cura é sempre a compreensão que expressa nosso sentido espiritual. O sentido espiritual é a capacidade inata, nutrida mediante oração e estudo e o viver cristão, que percebe conscientemente a presença de Deus e sente a realidade do Amor divino a governar nossa vida.
Conquanto a compreensão que cura não se baseie na proficiência intelectual, requer que utilizemos com sabedoria nossa inteligência dada por Deus, para discernir inteligentemente a realidade a partir do ponto de vista da verdade espiritual. As verdades espirituais básicas necessárias à cura metafísica têm algo a ver com a natureza fundamental de Deus como infinito, como todo-poder e o bem onipresente, a causa única, a única Vida, Mente, Princípio, Amor divino. Também precisamos compreender nosso próprio relacionamento com Deus, e o dos outros, como homem espiritual criado por Deus.
O fato é que nossa identidade não está confinada pela mortalidade ou comprimida numa fisicalidade finita. O homem não é doentio nem frágil, deficiente ou carente de controle. O homem é a semelhança de Deus, a expressão de Deus inteiramente boa, de Sua própria natureza. O ser do homem é completo, puro, sadio, e isso de modo permanente, e ele está permanentemente unido com o criador.
Começar a captar essas idéias espirituais é descobrir a compreensão básica da realidade divina que nos livra da doença. Não se trata de um exercício mental teórico. Se assim fosse, nunca poderíamos contar com encontrar a verdadeira cura. A compreensão da verdade espiritual deve ser cálida, reconfortante e vital. Precisa proporcionar alegria. Precisa ser prática.
Como cristãos que se esforçam para seguir mais de perto o exemplo de nosso Mestre na cura cristã, faremos bem em recordar que é a expressão pura de amor, a refletir o Amor divino, o que sempre constitui o melhor sanador, o mais rápido e mais completo. Assim a compreensão que cura será primeiro e acima de tudo uma compreensão do próprio Amor, com uma disposição humilde de viver de acordo com o que compreendemos. Somente se houver essa noção espiritual de Amor, somente se houver esse amor compreensivo, haverá os elementos suficientes para curar os doentes.
No entanto, alenta-nos o fato de que podemos conhecer esse Amor divino e realizar essa grande obra de amar e curar. A compreensão que cura é a dádiva de Deus à humanidade, revelada através da eterna Ciência do Cristo. Deus já proveu de suficiência a todos, não porque nós O tenhamos amado primeiro mas “porque”, como o declara a Bíblia, “ele nos amou primeiro” 1 João 4:19..
