Stanley está na universidade. Ele mora com quatro jogadores de hóquei: Joca, Ciro, Grilo e Guido. (Os jogadores de hóquei têm o hábito de se chamarem uns aos outros por apelidos.) Stanley, ou “Stan”, como às vezes o chamam, não é jogador de hóquei, é um cachorrinho.
Ele tem o pelo marrom e macio e usa um lenço vermelho no pescoço, como os rapazes. Tem os olhos tão escuros que parecem estar sempre piscando. Gosta de correr pelos grandes gramados da Cidade Universitária e de andar de carro, quando seus amigos saem para comprar sanduíches.
No dia em que Stanley foi curado, os rapazes estavam todos no quintal atrás da casa em que moravam, preparando um trabalho de arte para a faculdade. Stanley andava por ali cheirando tudo e os rapazes estavam pintando. Os filhotes, como as crianças, não podem ir à rua sozinhos, mas Stanley esqueceu-se disso. Ninguém o viu quando ele resolveu atravessar a rua sozinho, nem mesmo a motorista do carro que vinha descendo a ladeira.
Há algo importante que precisa ser lembrado. Embora parecesse que Stanley cometera um erro e que a moça do carro cometera outro erro, Deus estava lá com eles assim mesmo, o tempo todo. Deus não deixa que aconteçam enganos. Deus não sabe nada de erro algum. Ele é todo Verdade, que não conhece erro nem mentira nem engano. O sol nada sabe da nuvem que passa à sua frente, simplesmente continua a brilhar. Deus simplesmente continua a amar e manter Sua criação perfeita, não importa o que pareça estar errado. Podemos contar com esse amor para nos ajudar a ver as coisas como sempre são realmente, ou seja, boas.
Os ganidos de Stanley assustaram todo o mundo, até ele ficou assustado. Todos os cães da vizinhança começaram a latir e os rapazes que estavam no quintal correram à rua para socorrê-lo.
Guido percebeu que, qualquer que fosse o problema, havia na rua gente suficiente para prestar socorro. Decidiu que faria mais por Stanley se ficasse orando. Todos os rapazes gostavam muito do cãozinho. Estavam com medo que tivesse acontecido algo grave com ele. Guido estava dando amor a Stanley da melhor maneira que podia. Não estava com medo e não procurou imagens de acidentes e sofrimento. Orou para ter completa certeza de que não estava acreditando num acidente. Nenhum acidente pode ocorrer, em lugar algum da criação amada de Deus. Ele queria saber e sentir que há somente um único poder, e esse é o Amor divino.
Esse era o tipo de oração que Guido aprendera na Bíblia e no livro Ciência e Saúde de autoria da Sra. Eddy desde bem pequeno. Ele já havia passado da idade de freqüenter a Escola Dominical da Ciência Cristã, mas o que aprendera o estava ajudando agora. Estava aplicando o que a Bíblia ensina: “Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus.” Salmos 46:10. (Isso é justamente o oposto de ficar correndo de cá para lá, com medo.)
Guido também estava obedecendo ao Segundo Mandamento, que diz: “Não farás para ti imagem de escultura.” Êxodo 20:4. Deixar que imagens assustadoras fiquem em nosso pensamento é o mesmo que fazer imagens de escultura. Os Cientistas Cristãos são seguidores de Cristo Jesus. Mary Baker Eddy, que descobriu a Ciência Cristã, escreve em seu livro: “Nosso Mestre expulsava os demônios (os males) e curava os doentes. Deve-se poder dizer também de seus seguidores, que eles expulsam o medo e todo mal de si mesmos como de outros, e que curam os doentes.” Ciência e Saúde, p. 494. Era isso que Guido estava fazendo.
Foi muito bom que alguém tivesse ficado no quintal pois foi justamente para lá que Stanley correu à procura dos amigos, enquanto estes tinham corrido para a rua pelo outro lado da casa. (Alguns dos rapazes ficaram falando com a moça do carro para acalmá-la e assegurar-lhe que ela não tinha culpa.)
O poder do bem, o Cristo, estivera em ação o tempo todo, alertando Guido para orar, acalmando a motorista do carro, e agora estava curando Stanley. Cristo é a Verdade, o poder de Deus, sempre em ação, fazendo as coisas certas. A oração abre espaço em nossos pensamentos para a presença do Cristo, e foi isso o que aconteceu na história da cura de Stanley.
Quando o cãozinho veio para o quintal, tremendo e chorando, Guido disse: “Você está bem, Stan. Você está completamente bem.” Disse isso três vezes, com muita firmeza. Guido realmente acreditava no que estava dizendo a Stanley, porque já tinha orado para compreender que se Deus não conhecia acidentes, o reflexo de Deus também não o conhecia. O cãozinho parou de tremer. Guido chamou-o: “Vem aqui, Stan.” Queria que Stanley soubesse que, em realidade, ele estava bem e podia obedecer.
A essa altura, os outros rapazes já tinham percebido que o cachorrinho estava no quintal. Guido estava andando em silêncio ao lado dele. Guido achou que ninguém precisava examinar o animalzinho à procura de machucaduras, porque Stanley estava recebendo tratamento pela Ciência Cristã e estava sendo curado. Os rapazes sabiam que Guido confiava no cuidado de Deus e eles tiveram confiança nos cuidados que o amigo estava prestando a Stanley. Eles tinham visto que, no ano anterior, Guido fora curado de uma fratura no tornozelo somente por suas próprias orações, sem cuidados médicos.
Agora, aqui vai o restante da história da cura de Stanley. A princípio, ele andava devagarinho, se arrastando atrás de Guido. Este disse a si mesmo e a Stanley, com muita firmeza: “Nunca houve um segundo sequer em que você possa ter estado fora do cuidado de Deus.” O cãozinho alcançou Guido e foi andando ao lado dele. O rapaz continuou: “Não importa o que tenha acontecido de ruim para você lá fora, Stan. É tudo mentira a respeito da criação de Deus e nós não temos de acreditar nisso.” Agora o cachorrinho ia andando à frente de Guido e começara a saltitar enquanto andava.
Guido se ajoelhou e afagou as orelhas longas e macias do cãozinho. O moço sabia que não importava se Stanley entendia ou não cada palavra que era dita. Tudo e todos, em realidade, entendem o amor. Na proporção em que o amor é espiritual e não conhece medo nem inverdade, esse amor reflete o Amor divino que cura.
Joca, Ciro e Grilo já notavam que agora Stanley estava completamente bom. Guido tinha certeza de que o medo e a dor já tinham passado. O testemunho da cura do cãozinho era seu rabinho abanando, e também seus beijos lambuzados distribuídos aos rapazes que o abraçavam.
Stanley foi para dentro de casa, onde devorou uma tigela cheia de ração para filhotes. Guido voltou à sua pintura no quintal. Queria ficar sozinho para agradecer a Deus pelo Cristo, pelo poder curativo da Verdade e do Amor.
