Por vezes temos a impressão de que o bem está sempre um passo à nossa frente e que só com o transcorrer do tempo poderemos usufruílo. Quando estava na escola primária queria ser mais velho para passar para o segundo grau e assim poder fazer muitas coisas diferentes. Aos treze anos já dirigia o caminhão da fazenda nos campos e bosques, mas sonhava com o dia em que pudesse tirar a carta de motorista para dirigir na estrada. Mais tarde, é claro, o que queria era ter meu próprio carro.
Sonhar acordado é alimentar devaneios, é ir à derive, e nos leva a desperdiçar períodos valiosos de nossa vida. Na verdade, o progresso, a felicidade e a satisfação podem estar em cada fase sucessiva de nossa vida se aceitarmos a perspectiva espiritual de que Deus é nosso ponto de partida e que nossa constante meta é expressá-Lo.
Para mim, esse fato está claramente ilustrado na cura realizada por Cristo Jesus, do enfermo que esperava à beira do tanque de Betesda. Ver João 5:2–9. Esse homem estivera doente trinta e oito anos e durante todo esse tempo aparentemente acreditara estar separado de Deus e pensara que a bondade divina só se manifestaria em sua vida se determinadas circunstâncias coincidissem. Jesus provou ser falso esse conceito acerca de Deus. Ele ordenou ao homem que se levantasse e andasse. De imediato o homem levantou-se e andou, dando provas da eterna presença da bondade divina.
Na verdade não há nada que possa separar-nos de Deus. Ao sonhar acordados corremos o perigo de rejeitar os pensamentos angelicais de Deus, que se nos apresentam continuamente. Quando sonhamos acordados, almejamos encontrar a vida e o bem no futuro, esperamos encontrar nossa própria felicidade no sonho ilusório, ou na fonte dos desejos. Em tais circunstâncias, é natural que nos sintamos cada vez mais separados do bem genuíno.
Almejar encontrar algo no futuro e desejar que o tempo passe depressa para que esse desejo se realize rapidamente, denota ignorância sobre a eterna presença de Deus.
Esse estado de imaginação permite que nossa vida seja governada por um falso conceito de inteligência, por uma mentalidade mortal. Ao invés disso, podemos apoiar-nos inteiramente no único criador do bem, na única Mente verdadeira, para ser supridos de tudo o que necessitamos, em todos os momentos.
Em Ciência e Saúde a Sra. Eddy escreve: “O desejo é oração; e nenhuma perda nos pode advir por confiarmos nossos desejos a Deus, para que sejam modelados e sublimados antes de tomarem forma em palavras e ações.” Ciência e Saúde, p. 1.
Quando esperarmos que Deus nos revele em cada momento Seu bem infinito, ao invés de esperarmos por aquilo que nossa mente humana sonhou para um futuro longínquo, então nos sentiremos realizados e satisfeitos. A cada instante podemos crescer espiritualmente e tomar conhecimento do bem ao nosso alcance. A Bíblia diz que: “Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo.” Ecles. 3:11.
Acalentar desejos válidos é como estabelecer metas, o que não é incorreto se estivermos dispostos a trabalhar para alcançá-las pela oração e dispostos a seguir diariamente o Cristo. Desejar meramente que nossa meta espiritual se realize, é, porém, negligenciar nosso dever para com Deus. Essa negligência às vezes até toma a forma de excessiva preocupação com prazeres, divertimentos e riqueza material. A palavra bíblica pecado tem dois significados: “errar o alvo” e “negligenciar o dever”. Ao reconhecer que o desejo pode transformar-se em negligência pecaminosa para com Deus, a necessidade de abandonarmos esse modo de pensar torna-se clara. Ciência e Saúde afirma: “Os mortais vão ao encontro do bem ou do mal, à medida que o tempo desliza. Se os mortais não progridem, seus malogros do passado se repetirão, até que todo trabalho seja apagado ou retificado. Se no presente estamos satisfeitos em fazer o mal, temos de aprender a detestá-lo. Se no presente estamos contentes na ociosidade, temos de aprender a abominá-la.” Ciência e Saúde, p. 240.
Quando abrirmos nossa consciência à totalidade de Deus e à Sua bondade sempre presente, seremos impelidos a expressar essa bondade. Passo a passo, provaremos o abundante suprimento que nosso Pai-Mãe nos dá, incluindo saúde e felicidade. Essa é a forma de superarmos a crença de que o homem está separado de Deus.
Nosso empenho em dar provas da presença constante do bem não significa pôr de lado a paciência e a perseverança. O requisito básico para demonstrar a eterna presença do bem, é viver essas qualidades. Ciência e Saúde ressalta o resultado inevitável: “É preciso que a paciência realize ‘sua obra perfeita’.” Ibid., p. 454.
A Bíblia não poupa palavras sobre o fato de que uma vida de desperdício, apatia e devaneio é prejudicial à salvação. Paulo nos admoesta: “Já é hora de vos despertardes do sono; porque a nossa salvação está agora mais perto do que quando no princípio cremos.” Romanos 13:11. Para desenvolver nossa salvação temos o modelo do elevado exemplo de Cristo Jesus que trabalhava sempre na vinha do Pai. Assim como o apóstolo Paulo e a Sra. Eddy, que o seguiram com fidelidade, deram contribuições que ainda hoje auxiliam a humanidade, também nós temos de dar nossa contribuição para a humanidade, e podemos começar a fazê-lo agora mesmo.
