"Não tenhas medo. Deus tomará conta de ti."
Essas palavras me foram ditas muito espontaneamente, por minha filha de três anos, quando mencionei um assunto que me preocupava. Falou com convicção, livre de dúvidas e em tom reconfortante, mas não se baseava em despropositado otimismo.
Como encontrar essa certeza, que mora nas asas da inocência, a aceitação do cuidado certo de Deus? Não passariam essas apenas de simples palavras infantis? Poderemos nós, adultos, aprender a confiar assim?
A Ciência CristãChristian Science (kris'tiann sai'ennss) diz que podemos, que existe uma base cientifica para essa confiança. Essa é uma das maravilhosas descobertas de Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã. Confrontada com uma lesão que parecia ameaçar-lhe a vida, ela pediu a Bíblia, como era seu hábito, em busca de conforto. Talvez o fato de os que estavam à sua volta terem perdido a esperança de sua recuperação, a tenha tornado mais receptiva às verdades da Bíblia. Inocente como uma criança, com plena confiança em Deus, assim leu ela a Bíblia, em espírito de oração. Pouco depois, ao ler o relato duma das curas que Cristo Jesus havia efetuado, apercebeu-se de algo da grande verdade subjacente ao método de cura de Jesus, que a levou à sua própria cura. Dedicou o resto da vida a trazer ao mundo esta Ciência da cura pelo Cristo, que ela denominou Ciência Cristã.
Na sua principal obra, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, que contém a exposição completa da Ciência Cristã, ela escreveu: “A disposição de vir a ser com uma criancinha e de deixar o velho pelo novo, torna o pensamento receptivo à idéia avançada.” Ciência e Saúde, pp. 323–324.
Que idéia avançada é essa? Minha filha, agora com a maturidade de seus seis anos, diria que é a idéia de sermos filhos perfeitos de Deus. Ela gosta muito de afirmar que é filha de Deus, tendo aprendido essa verdade curativa na Escola Dominical da Ciência Cristã, onde lhe ensinaram que a natureza do homem é a imagem e semelhança de Deus, portanto totalmente espiritual, como confirma o primeiro capítulo do Gênesis.
Essa perspectiva espiritual da criação parece perdida para aqueles que, como Adão, no terceiro capítulo do Gênesis, metaforicamente falando, lavram a terra para sustentar-se. Mas Paulo revela-nos, no Novo Testamento, que "como em Adão todos morrem, assim também todos serão vivificados em Cristo" 1 Cor. 15:22.. No entanto, através do Cristo, a Verdade, existe uma saída para fora desse aspecto material dum mundo cheio de calamidades e tristezas, para uma perspectiva espiritualmente inocente, onde sentimos que Deus toma conta de nós, como diria nossa filha.
Estou já a ver-nos, a nós como adultos, a sobressaltar-nos e a afirmar ser isso uma impossibilidade, dizendo: "Levei tempo a crescer, aprendi um razoável número de coisas sobre o mundo, que acho aceitáveis e mais fáceis de lidar com elas do que aquela forma de pensar. Não quero parecer-me com uma criança; não é compatível, nem oportuno, é impraticável e demasiado tarde." O mundanismo satisfeito consigo mesmo esquece, porém, que a vida é mais do que a nossa procura dos bens da terra e, como Jesus advertiu, "se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus." Mateus 18:3. Esse reino, como Jesus acentuou, está dentro de nós, dentro da natureza espiritual de cada um de nós. É um reino de paz que inclui toda a harmonia do céu.
Agora nossa capacidade de nos assemelharmos a uma criança pode concretizar-se, e nós, embora adultos, podemos vivenciar essa recém-nascida inocência. Através da oração, como nos ensina a Ciência Cristã, aprendemos a afirmar nosso relacionamento com Deus, como Seus filhos espirituais. Nós não nascemos, como está escrito no Evangelho de João, "do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus". João 1:13. Espiritualmente compreendido, o homem, inclusive o universo, é o descendente de Deus, como Sua idéia perfeita, Sua imagem e semelhança. Concebemos essa imagem ao aprender e praticar nosso relacionamento com Deus. Uma vez que a Bíblia e Ciência e Saúde nos dão vários sinônimos de Deus, tais como Amor, Espírito e Mente, podemos definir a natureza de Deus e, portanto, nossa verdadeira natureza como Sua imagem. À medida que nos tornamos hábeis em expressar essas qualidades do Amor, do Espírito e de Mente e em viver as qualidades crísticas exemplificadas no Sermão do Monte, começamos a manifestar nossa identidade espiritual, como descendente de Deus. Essa revelação interior sobre o que é o verdadeiro homem, modifica nossa maneira de ver tudo o que nos rodeia, tornando-nos mais inocentes no que se refere ao mal e mais receptivos ao bem.
Ciência e Saúde declara: "Quem quiser demonstrar a cura segundo a Ciência Cristã precisa ater-se estritamente às suas regras, estar atento a cada declaração e avançar a partir dos rudimentos estabelecidos. Nada há de difícil ou trabalhoso nessa tarefa, quando o caminho está indicado; mas só a abnegação de si mesmo, a sinceridade, o cristianismo e a persistência obtêm o prêmio, como geralmente acontece em todas as atividades da vida." Ciência e Saúde, p. 462.
Tornarmo-nos como crianças para alcançar o reino dos céus, obedece assim a duas disciplinas. Pirmeiro: é preciso identificarmo-nos como filhos de Deus, totalmente espirituais, como a própria expressão da Vida e do Amor. Segundo: é preciso praticar e demonstrar aos olhos de toda gente cotidianamente, as qualidades que caracterizam o homem de Deus. Isso significa também que temos de aprender a evidenciar as qualidades características das crianças, tais como: confiança, bondade, ausência de malícia, receptividade, capacidade de maravilhar-se e facilidade para rir e amar.
É preciso empenho para conseguir esses últimos requisitos, especialmente se fizemos todos os esforços possíveis para concorrer neste mundo de adultos, cada vez mais sofisticado. No entanto, até mesmo o desejo de manifestar essas qualidades provenientes do reino dos céus dentro em nós, pode resultar numa reconfortante calma à nossa vivência diária. Uma vez que tenhamos sentido o sabor e a satisfação ao provar os frutos dos nossos primeiros e delicados esforços com o praticar dessas qualidades, a satisfação resultante proporciona o incentivo a progredir mais rumo ao nosso estado natural e originário como filhos de Deus.
Com esse progresso, ou seja, ao termos atingido o ponto de vista de uma criança, uma calma curativa nos invade. Olhamos para a vida com a perspectiva de possibilidades ilimitadas e todo o bem se torna possível. O bem permanente pode ser atingido: saúde, santidade e felicidade estão à nossa disposição ao reconhecermos e demonstrarmos o reino da harmonia interior. Essa demonstração ilustra o estado paradisíaco, descrito há muito tempo como a época em que o bezerro e o leão novo juntos se deitarem. Ver Isaías 11:1–9. Lemos, em Isaías, que uma criancinha os conduz. Compreendemos, assim, que essa responsabilidade não se destina a uma futura criança, mas é a nós que nos cabe essa tarefa, aqui e agora. Essas firmes e ternas qualidades podem harmonizar-se em nós, em nossas circunstâncias e na ajuda que proporcio-narmos aos outros, através da liderança do filho de Deus, a criança que está em todos nós.
