Séculos atrás, muitas pessoas moravam em castelos, que eram construídos de modo a não deixar entrar os inimigos. Esses castelos tinham alicerces profundos, paredes grossas e enormes. Muitas vezes, eram cercados de água por todos os lados. A água ficava à volta do castelo, numa escavação que era chamada "fosso". Geralmente, havia uma ponte levadiça que podia ser levantada ou baixada, conforme se quisesse, e era usada para atravessar o fosso e entrar ou sair do castelo.
Na extremidade da ponte levadiça havia um portão. A sentinela no portão tinha uma responsabilidade maior do que a de todos os outros soldados: devia reconhecer quem era amigo e quem era inimigo. A segurança do castelo todo dependia da sentinela no portão, pois mesmo se um só inimigo entrasse no castelo, este poderia, por sua vez, deixar entrar todo um exército.
Acontecia, às vezes, que um inimigo vinha disfarçado de amigo e mentia para o guarda. Talvez até desse recados falsos para confundir mais ainda o guarda. Ora, o guarda devia ser uma pessoa muito alerta, para distinguir os amigos verdadeiros dos falsos amigos.
Gosto de tomar o castelo como símbolo de nosso próprio pensamento. A Sra. Eddy, em seu livro Ciência e Saúde, escreve sobre montar guarda à porta do pensamento. Talvez você se lembre: "Monta guarda à porta do pensamento. Admitindo somente aquelas conclusões cujos resultados desejas ver concretizados no corpo, tu te governas harmoniosamente." Science and Health (Ciência e Saúde), p. 392: "Stand porter at the door of thought. Admitting only such conclusions as you wish realized in bodily results, you will control yourself harmoniously." Se nosso pensamento é nosso castelo, nós temos o direito de decidir o que pode e o que não pode entrar. Nada acontece sem que nosso pensamento concorde, seja levantar de manhã, seja emprestar um livro ou sair para um passeio. Nossos pensamentos determinam até que tipo de dia queremos ter.
Às vezes, temos a impressão de que estamos doentes ou descontentes. É como se visitas más viessem à porta de nosso castelo mental e tentassem nos fazer baixar a ponte levadiça para nele entrar. É aí que devemos reconhecer se a visita é um amigo ou um inimigo. Ou o pensamento vem de Deus e é bom, ou não vale nada. Mas como saber qual é qual? Gosto de fazer um teste com os pensamentos que não conheço. Procuro perguntar a mim mesma:
1. Esse pensamento diz coisas boas sobre mim ou sobre outras pessoas?
2. Serve de ajuda a alguém?
3. É um pensamento de amor?
Se a resposta for "sim" às três perguntas, aí posso deixá-lo entrar. Se não, não deixo. Não permito que tal pensamento venha morar no castelo.
Uns dois anos atrás, a família toda estava fazendo uma viagem de carro, no centro dos Estados Unidos. Eu estava dirigindo quando, de repente, levantou-se um vento tão forte, que tive de parar o carro no acostamento. Era uma rodovia bem movimentada. Logo depois, meu marido e eu vimos um tornado enorme, preto, vindo em nossa direção. (Tornado é um redemoinho que às vezes aparece nos desenhos animados. É um fenômeno que ocorre de vez em quando em certas regiões dos Estados Unidos.)
Em vez de montar guarda à porta do pensamento, baixei a ponte levadiça e deixei entrar todo tipo de medo. Não sabia o que fazer. Dizem que os tornados são imprevisíveis e nós estávamos longe da cidade, sem proteção. A parte da frente do carro chegava a levantar com a força do vento e uma das crianças começou a chorar. Eu deveria ter feito o teste de que falei antes. Teria sabido logo que os pensamentos de medo e destruição não vêm de Deus.
Mas aí, de repente, outra voz, no assento de trás, disse: "Eu não estou com medo. Sei que meu Pai-Mãe Deus está bem aqui com a gente. Ele não vai deixar acontecer nada de ruim."
Ora, se alguém, alguma vez, tentar convencê-lo de que é preciso ter determinada idade para saber a verdade, não acredite! Nossa filhinha de quatro anos estava montando guarda e ela não estava deixando que o medo passasse do portão! Fiquei calma imediatamente. Todos nós começamos a nos alegrar pelo poder de Deus e por Sua ajuda. O medo que tentava dominar-nos, foi expulso. Todos tínhamos certeza da presença de Deus. Vimos o tornado atravessar a rodovia à nossa frente e ir para longe. Em seguida, continuamos nossa viagem.
Lembram-se da história de Noé? Ele sabia reconhecer um bom pensamento que vinha de Deus. Quando ele recebeu ordem de construir a arca, não havia nada que indicasse essa necessidade. Nem tinha começado a chover. Mas o pensamento de Noé estava completamente aberto à palavra de Deus. Não só ouviu como também obedeceu. Noé conseguiu salvar a si mesmo, a sua família e a muitos animais, porque obedeceu à idéia certa que viera de Deus.
Poderíamos ser um pouco mais como Noé. Quando nos vem o pensamento de fazermos alguma coisa boa para alguém, devemos obedecer. Se acontece fazermos algo de errado no parquinho ou na escola, podemos parar e perguntar: "Será que isso é bom?" Como sentinelas que guardam a entrada do castelo, podemos ficar cada vez mais espertos em reconhecer amigos e inimigos, os pensamentos bons e os pensamentos maus.
