Muitos de nós talvez admitamos que ultimamente não pensamos realmente em adorar a Deus. No entanto, no sentido espiritual da Oração do Senhor, apresentado no livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras de autoria de Mary Baker Eddy, a frase "Santificado seja o Teu nome" é interpretada como "Único adorável." E os artigos de fé da Ciência CristãChristian Science (kris'tiann sai'ennss) dizem que nós "reconhecemos e adoramos um Deus único, supremo e infinito". Ciência e Saúde, pp. 16, 497.
Ora, o problema talvez tenha a ver com o modo de entendermos a palavra adorável. São tempos difíceis para essa palavra! Os adolescentes falam em adorar os astros e estrelas do "rock" ou em adorar a última novidade em sabores de sorvete. Mas não se trata apenas de evitar o uso desse termo. A coisa é bem mais profunda e até pode reportar-se a uma pergunta feita no livro de Isaías. O profeta faz a seguinte interrogação, em nome de Deus: "A quem, pois, me comparareis para que eu lhe seja igual? diz o Santo." Isaías 40:25. Se temos em nossa vida muitas coisas que parecem ser mais importantes que Deus, é bem possível que não encontremos muitos motivos para adorá-Lo, isto é, para amá-Lo com envolvimento e devoção total. Se Ele for apenas um entre muitos, deixará de ser para nós o Santo, o Único.
Se estamos por demais ocupados na tentativa de fazer a Ciência Cristã "funcionar", a ponto de não nos dedicarmos realmente a ampliar nosso conceito de Deus, precisamos fazer uma pausa e availar a situação. Em realidade, praticar a Ciência Cristã com eficácia significa necessariamente adquirir um conceito bem mais amplo de Deus, progredindo sempre em nossa compreensão de Sua totalidade e unicidade.
A Ciência Cristã responde à pergunta de Isaías, com uma conclusão lógica. Torna evidente a enorme importância de termos uma só base do ser, ao invés de duas; de termos a Mente, Deus, como nossa base, em vez de ambas, matéria e mente. A Sra. Eddy vai ao âmago da questão em poucas palavras: "A unicidade da Divindade resulta do fato de esta ser Tudo." Ciência e Saúde, p. 267.
Faríamos bem se nos perguntássemos: Que é esse Único a que estou tentando obedecer e o que quer dizer não ter outro além dele? Obter ao menos uma parte da resposta, significa ter muito mais alegria, cura e bondade em nossa vida.
Quando começamos a perceber que Deus é, de fato, a fonte de toda a bondade, a luz e o amor que apreciamos, então torna-se mais natural pensar em termos de adoração. Sendo a fonte do amor, Ele é todo Amor, e não apenas amoroso.
Podemos, portanto, dirigir-nos ao Deus único, com um sentimento de verdadeiro amor, em vez da sensação de frialdade, dúvida ou de vazio. Essa sensação consiste do quadro mental distorcido, apresentado pela mente mortal, do que significaria acercar-se de Deus. Para o sentido material, o Espírito é um vazio pelo simples fato de não ser possível vê-lo. A espiritualidade, porém, conhece o Espírito como a grande e única substancialidade, Vida e realidade. A mente carnal talvez argumente com desonestidade, dizendo que adorar a Deus significaria perder contato com o homem. Contudo, o exemplo da vida de Cristo Jesus demoliu esse argumento ilusório. Jesus associou claramente os dois grandes mandamentos de amar a Deus e de amar ao próximo. Amar a Deus é amar o homem. Expressar amor é saber mais acerca de Deus. Quando, de fato, nos aproximamos mais de Deus, o que vivenciamos é a quase inexprimível sensação da absoluta realidade do Amor. Toda e qualquer parcela de amor altruísta que já tenhamos sentido, parece apenas pequena parte do que passamos a ver e a sentir.
As afirmações da Sra. Eddy acerca de seu sentido espiritual de Amor divino, são tremendamente incisivas. É interessante notar que essas afirmações se assemelham a outras que foram feitas no decorrer dos séculos, o que não é de supreender. Bem se poderia esperar que, ao terem experiências objetivamente reais, todas as pessoas apresentem relatos similares. E assim acontece.
William Law, clérigo inglês do século XVIII, escreveu o seguinte a respeito de Deus: "Ele é o Bem, o imutável, a transbordante fonte de bem a jorrar, por toda a eternidade, apenas o bem. Ele é o próprio Amor, o Amor imensurável e sem mistura, tudo realizando a partir do amor, dando apenas dádivas de amor a tudo o que Ele criou; nada exigindo de todas as suas criaturas a não ser o espírito e os frutos desse amor que lhes deu existência. Oh! quão doce é essa contemplação da altura e da profundidade da riqueza do Amor divino! Com que força deve atrair todo homem sincero a pagar amor com amor a essa fonte transbordante de bondade sem limites." Citado em Anne Fremantle, ed., The Protestant Mystics (Boston: Little, Brown and Company, 1964), p. 119.
Semelhantemente, a Sra. Eddy escreve: ".. . à medida que o pensamento ascende na escala do ser que leva à consciência mais divina, Deus torna-se, para mim, como para o apóstolo que declarou 'Deus é Amor'—Princípio divino—que eu adoro; e 'assim eu sirvo ao Deus de nossos pais'." Miscellaneous Writings, p. 96. Existe enorme diferença, porém, no ponto de vista da Sra. Eddy. Consta dele a revelação singular do Amor sem fronteiras, o Amor verdadeiramente infinito, o Amor que permeia tudo de tal modo, que é o único Princípio do universo e do homem. Não há morte, dor, ódio nem matéria para limitá-lo em nenhuma direção, em nenhum ponto. Simplesmente não existe poder algum igual ou oposto a ele.
Para sermos honestos, temos de admitir que poucos captaram um conceito do Amor divino que se assemelhe à sua plenitude. É de extrema importância essa honestidade, para sabermos se estamos só repetindo palavras ou se estamos realmente sentindo o Amor divino. No entanto, é esse Amor sem oposto e sem limites o que serve de base à Ciência Cristã. É isso o que essa Ciência ensina, é isso o que somos capazes de reconhecer. É por isso que a cura do pecado e da doença é possível.
Cada vez que obtemos uma perspectiva melhor do Amor, sentimonos impelidos a prosseguir, a abandonar o que necessita ser abandonado para que possamos ter com maior firmeza essa perspectiva, quer se trate de medo ou sensualidade, quer de uma convicção arraigada da "realidade" tangível da existência material. Esse progresso espiritual permite que vejamos com novos olhos uma frase bem conhecida do livro Ciência e Saúde: "O Amor divino sempre satisfez e sempre satisfará a toda necessidade humana." Ciência e Saúde, p. 494.
Haverá alguém que jamais tenha questionado se é de fato verdade que o Amor satisfez a toda necessidade humana? E no caso de fulano? Foi satisfeita aquela necessidade? Isso, porém, seria uma interpretação errônea. Seria pensar do ponto de vista de que o Amor é limitado, tal como uma pessoa, que talvez seja, ou não, capaz de atender adequadamente a uma necessidade. O Amor a que a Ciência Cristã se refere, é o recém-revelado Amor que está no âmago do ser, o Amor cuja radiância tem uma luz que modifica a maneira de encararmos todas as coisas. Esse Amor divino, em razão de sua própria existência, indica que todas as necessidades humanas são satisfeitas.
Ao nos consagrarmos mais a esse Amor divino, constatamos que nosso conceito humano de necessidade se desfaz na nova compreensão real das coisas. Percebemos que não é uma questão de o Amor divino "decidir" atender a nossa necessidade. O que ocorre é que nós nos tornamos mais conscientes do Amor transbordante, que sempre esteve conosco. Nossa necessidade humana, embora pareça nos ter sido imposta nas condições mais difíceis e minuciosas, é, em realidade, nossa necessidade de conhecer a Deus.
Os versos de um hino bem conhecido descrevem o que acontece quando compreendemos isso:
Eis, ó Deus, que Tua graça,
Do pecado nos salvou.
Santa luz desfez as trevas,
Onde Teu amor reinou.
Com ternura nos indicas
Um caminho ao lar do Amor;
Nossos corações palpitam
Num tributo de louvor. Hinário da Ciência Cristã, no 109.
Ao nos achegarmos ao Único que é Amor, conseguimos uma segurança mais profunda de que somos amados. Encontramos a cura eficaz. E aprendemos, pouco a pouco, que esse Amor que estamos sentindo, é sempre o mesmo, é o Princípio do ser, o Único Santo adorável.
 
    
