Ao pensar em Igreja, várias idéias me ocorrem, mas o conceito que me surge com maior freqüência é o que encontramos no Glossário de Ciência e Saúde, de autoria da Sra. Eddy. Ela diz que Igreja é "a estrutura da Verdade e do Amor; tudo o que assenta no Princípio divino e dele procede".Ciência e Saúde, p. 583.
Adquirir uma compreensão espiritual de Igreja é uma maneira de nos aproximarmos de Deus. Viver o dia-a-dia conscientes de que, na realidade, estamos dentro da "estrutura da Verdade e do Amor", difere muito da mera presença ao culto de domingo. Por outro lado, os desafios e experiências cotidianos podem impelir-nos a uma melhor compreensão de Igreja e a apreciar o valor e o propósito que a freqüência e participação no trabalho da igreja têm sobre nossa vida. Não faz muito, esse modo de pensar sobre Igreja auxiliou-me a melhor compreender a cura cristã.
Num dia de inverno, sob uma forte tempestade, dirigia-me de um prédio a outro na universidade. A chuva misturada com gelo batia em meu rosto, o vento frio penetrava meu casaco. Eu apertava os livros contra o peito e lutava para chegar à próxima aula. Para piorar as coisas, sentia-me doente e indisposta! No entanto, precisava ir à aula, pois tinha um teste e outra importante tarefa. Sentia pena de mim mesma, mas apesar de tudo, prosseguia. Coitadinha de mim! Será que conseguiria chegar ao fim do dia? Gostaria mesmo é de estar em minha casa quentinha, enrolada num cobertor....
Foi então que parei, bem ali, no espaço entre os dois prédios, e comecei a pensar. De sã consciência, identificava-me como Cientista Cristã, seguidora de Cristo Jesus. Portanto, não me limitava ao que a matéria diz ser o homem. Como Cientista Cristã, ponderei, eu "dava provas" e não apenas "falava" acerca da verdade dos ensinamentos de Jesus.
Lembrei-me, aí, de que certa ocasião Cristo Jesus manteve-se imperturbável durante uma tempestade que amedrontou seus discípulos. Ver Marcos 4:37–41. Na realidade, estavam tão atemorizados, que pediram socorro, o que nos leva a crer que a tempestade deve ter sido aterradora, pois eram pescadores experientes. O barco estava cheio d'água e o vento uivava, mas Jesus dormia! Quando os discípulos o despertaram, ele "repreendeu o vento, e disse ao mar: Acalma-te, emudece! O vento se aquietou e fez-se grande bonança." Ele enfrentava toda situação adversa com autoridade. Acalmava o medo e sua causa.
Não tentei ordenar ao vento e ao gelo que cessassem, mas deixei de carregar o medo e a comiseração. Parei, ali, no meio da tempestade; sentia-me tranqüila, pensando no que é espiritualmente verdadeiro. Pensei na Igreja. Senti que estava de pé, no meio da "estrutura da Verdade e do Amor".
A Sra. Eddy nos dá vários sinônimos para Deus, os quais ampliam a compreensão que temos d'Ele. Três desses sinônimos são: Verdade, Amor e Vida. Senti-me segura ao pensar acerca da natureza de Deus, e sobre o homem como reflexo d'Ele, criado na verdade, expressão do amor, forte ao expressar vida.
Este trecho de Ciência e Saúde veio-me ao pensamento: "Desnudemos o erro. Então, quando soprarem os ventos de Deus, não nos conchegaremos com nossos andrajos." Ciência e Saúde, p. 201. Era exatamente isso que estivera fazendo; estava aconchegando-me não apenas ao casaco, mas aos andrajos das crenças materiais, que diziam que o tempo poderia afetar meu bem-estar, que o frio poderia influir sobre minha saúde e conforto, que teorias acerca de micróbios poderiam ser válidas.
Aprumei-me e decidi que, nos poucos minutos que me restavam, gostaria de ir além da mera crença em Deus, tentar compreender a Verdade, que é Deus. Entendi que a idéia espiritual, a Igreja, circunda a todos e não havia razão para temer o gelo e o vento frio. Estava, de fato, recebendo de bom grado "os ventos de Deus". Havia, portanto, razão para regozijar-me com todo e qualquer tipo de tempo.
Continuei a ponderar acerca de Igreja e do poder do Amor que ela expressa. Quando me apercebi, estava curada. Eu me desfizera de todas as crenças esfarrapadas às quais estivera aconchegada e, ao chegar na classe, estava completamente livre dos sintomas de gripe e desconforto. Senti estar sob a luz do Cristo e, certamente, estava.
Em Rudimentos da Ciência Divina, a Sra. Eddy afirma: "Toda Ciência verdadeira representa uma força moral e espiritual, que mantém a terra em sua órbita. Esta força é o Espírito, que pode 'ajuntar as delícias das sete estrelas', e 'soltar as ataduras do Orion'.... A lei não está na matéria, mas só na Mente." Rud., p. 4. Outros sinônimos para Deus são Espírito e Mente. Quando reconhecemos a força, a lei e a Ciência como incluídas no ser de Deus, compreendemos que o homem, como reflexo de Deus, pode apenas receber o bem e não o desconforto, a limitação ou o medo. Baseados nesses pontos, rejeitamos as leis da matéria e da limitação.
Foi basicamente o que compreendi, naquele instante, no meio da tempestade. Tive um vislumbre do fato de que o homem não está à mercê do acaso ou da teoria que reconhece influências materiais internas e externas, tais como tempo, pecado, doença ou até mesmo a morte. A vida é muito mais grandiosa do que podemos perceber. Mas também é possível compreender gradativamente a Vida, Deus, de acordo com nosso desejo e sentir o grande amor à Vida expresso em nosso dia-a-dia.
A Vida não é algo a que nos apegamos com sofreguidão. Estamos inextricavelmente circundados pela Vida. Não há, jamais, lugar algum fora da Vida, Deus. Como a idéia de Igreja está incluída na dádiva da Vida, a Igreja acompanha-nos ao expressarmos Vida em nosso dia-a-dia.
Há muito que aprender acerca da natureza de Deus e Sua criação. Quando mais compreendemos Deus, melhor compreendemos nossa identidade como Seus descendentes. Quanto mais compreendemos nosso verdadeiro ser, mais queremos compreender a realidade. O aprendizado espiritual passa a ser nosso principal objetivo na vida e passamos a ter consciência de que somos constituídos de substância espiritual. É então que o sentido material se dissipa, nosso ser perfeito e imaculado vem à luz e a cura ocorre.
