De alguma maneira, surgiu o assunto de casamento e a cliente do banco perguntou à jovem funcionária que a atendia: "Você é casada?"
"Não, não sou, nem vou me casar. Há qualquer coisa errada com o casamento, pois só termina em divórcio. Todos os meus amigos, um depois do outro, estão se divorciando."
Enquanto saía do banco, a mulher recordou o tempo em que no seu próprio casamento as coisas não iam nada bem e a única solução parecia ser a de conseguir liberdade pelo divórcio. Eles haviam começado a vida em comum, com tanta alegria e esperança, com enorme satisfação e verdadeiro amor. E, depois, a mulher descobrira que o marido era alcoólatra.
Antes do casamento, ela estava ciente de que ele bebia um pouco, mas havia prometido parar. Ela acreditara, mas depois começou a achar garrafas de bebida em lugares estranhos. Na garagem e dentro do órgão!
As coisas foram piorando. O marido bebia abertamente e, com freqüência, ficava bêbedo. O momento crítico chegou quando, certa manhã, ele nem sequer se lembrava de ter dirigido o carro de volta para casa na noite anterior.
"Não agüento mais. Eu me separo dele", a mulher resolveu. Não obstante, mesmo enquanto ainda estava dizendo isso, sobreveio-lhe um forte sentimento de culpa e frustração. No fundo, o marido era um homem bom, generoso, amante do lar e lhe era fiel.
Mas, o que fazer? A mulher tinha orado muito, rogando por paz e harmonia no lar, que pertencia aos dois. Como Cientista Cristã, tinha certeza de que existia uma solução espiritual para todas as dificuldades, até para as dificuldades do casamento. Mesmo quando um casamento parece ir por água abaixo, ainda é possível receber ajuda e ter esperança.
A mulher decidiu ater-se à oração e, com isso, começou a compreender, mais do que nunca, a idéia de unidade espiritual. Lembrou-se de uma referência a esse ponto, no livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, onde a Descobridora e Fundadora da Ciência CristãChristian Science (kris'tiann sai'ennss), Mary Baker Eddy, escreve: "A moral científica do casamento é a unidade espiritual." Ciência e Saúde, p. 61. A unidade espiritual é o resultado do amor que confia em Deus como sua fonte. A mulher entendeu que tal unidade era a conseqüência natural do seguinte: o Próprio Deus é o Amor divino e Deus criou o homem "à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou" Gênesis 1:27.. Ao ponderar sobre a unidade como algo espiritual, a mulher encontrou os fundamentos para ter coragem, disciplina e boa vontade de perseverar. Com os mesmos fundamentos, foi também capaz de sentir ternura, compaixão, paciência, honestidade e de ficar firme nessas qualidades.
A mulher tentou dialogar com o marido acerca do vício, mas não teve êxito. Então ocorreu-lhe algo que a surpreendeu. Havia muito tempo, ela vinha culpando o marido pelo alcoolismo. O que precisava, porém, era ver que ele, como homem criado por Deus, estava espiritual e mentalmente livre da escravidão da doença e do pecado. De certa forma, ela também vinha acreditando em sua própria vulnerabilidade. O vício dele era a bebida. Ela, porém, tinha também um vício, o de consentir que o alcoolismo se lhe tornasse obsessão e realidade.
A partir daí, a mulher esforçou-se para ficar livre, ela mesma, da crença obcecada de que aquele vício era ou até mesmo real. Sem dúvida, não era a verdade de Deus nem era Sua vontade para com o homem. Logo, não era um estado verdadeiro e não podia apavorar nem a ela nem ao marido. Honestamente, ela se fez estas perguntas: "Estou vendo o que Deus vê? Revolto-me contra alguma coisa que Deus conhece?"
Deus não conhece nem cria o medo e a infelicidade. Essa é uma das lições que Cristo Jesus ensinou. Ver Marcos 12:13–17. Quando fariseus e herodianos procuraram fazer com que ele se incriminasse e lhe perguntaram se era "lícito pagar tributo a César, ou não", Jesus pediu uma moeda, mostrou a imagem de César e disse: "Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus."
Assim, Jesus preconizou a obediência às leis do país, sem conflito com o reconhecimento da lei superior, que é a de Deus.
Pensando assim, a mulher percebeu que, se quisesse salvar seu casamento, amparada na lei de Deus, era-lhe necessário pôr em prática a significação da unidade espiritual. Era-lhe preciso unir-se a uma compreensão mais elevada de que Deus é Espírito e o homem é espiritual, de que Deus e o homem são, portanto, inseparáveis.
Orou durante meses para "dar a Deus" o homem perfeito por Ele criado, para ver que ela própria era, na verdade, espiritual, para ver o marido sob essa mesma luz. Então, certo dia, o marido perguntou: "Você notou alguma diferença em mim?" Depois de admitir que ela nada notara, ele esclareceu: "Não estou mais bebendo. É engraçado, parece que agora me causa enjôo, mas não deixei de beber porque me causasse náuseas. Eu sabia que você não gostava e fiquei com medo de que você me abandonasse."
A mulher concluiu que fora isso mesmo o que havia feito. "Abandonara" a impressão dolorosa de um casamento em frangalhos e de uma pesa viciada em álcool. Persistira em "dar a Deus" o puro fato de que o homem é um com Ele. Ao admitir como verídico apenas o homem perfeito criado por Deus, ela corrigira o que estava errado com sua maneira de ver os dois integrantes do casal. Essa verdade a libertara da crença de que Deus pudesse ter criado um alcoólatra, ou alguma justificativa para o álcool, no lar ou em qualquer outra parte.
Mais tarde, a mulher teve a certeza de que ela e o marido tinham sido ambos curados, quando o marido lhe declarou: "Estou muito contente por ter deixado de beber, estou mesmo. Afinal, não foi tão difícil assim. Mas eu não o teria conseguido sem sua ajuda, do jeito como você acredita."
A cura foi permanente. O poder da unidade espiritual e do amor desprendido foi capaz de erradicar o que ameaçava desfazer aquele casamento.
A mulher ficou muito agradecida, não apenas pela cura do alcoolismo, mas também pela compreensão de que, seja qual for o tipo de discórdia conjugal, a cura é possível quando mantemos no pensamento as verdades espirituais.
