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REFLEXÕES SOBRE A CIÊNCIA CRISTÃ E A CONDIÇÃO DE SER MULHER

Muita gente atualmente se vê forçada a pensar sobre questões pertinentes ao mundo da ciência, da teologia, da medicina, da justiça social, da educação e das reformas econômicas. Vão notando, cada vez mais, que essas questões afetam sua vida cotidiana. A série intitulada "Reflexões sobre a Ciência Cristã e ..." associa a perspectiva espiritual, metafísica, da Ciência Cristã a esses temas e a outros tópicos.

A verdadeira mulher e o "método divino de fazer guerra"

Da edição de abril de 1990 dO Arauto da Ciência Cristã


Raras vezes as mulheres estiveram ausentes do campo de batalha. Muitas trabalharam incansavelmente pelos doentes e feridos. Algumas lutaram mesmo como soldados. A maioria delas, no entanto, ofereceram muito, de forma menos dramática, conquanto não menos heróica. Estas tiveram de estar "no serviço ativo" na frente doméstica, apoiando seus entes queridos e orando por eles enquanto estavam em combate. E, com abnegação, se esforçaram para livrar as vítimas da doença e do pecado.

É verdade que o avanço da marcha da verdadeira mulher tem sido, por vezes, árduo e obstruído pelo preconceito e pela limitação. Contudo, em todos os tempos, mulheres dedicadas transpuseram barreiras que lhes impediam o progresso.

Cristo Jesus nunca deu a entender que as mulheres fossem menos qualificadas para admissão no reino dos céus. Uma de suas parábolas mais curtas, mas não menos evocativa, fala de uma mulher que colocou fermento em três medidas de farinha. Ver Mateus 13:3. Penetrando por baixo da superfície (literal e figuradamente), um comentarista bíblico salientou que ali ocorre certa forma de guerra contínua: "Num exame com microscópio, o fermento misturado com a farinha se parece a um verdadeiro campo de batalha: diante da forte resistência ocorrem assaltos e avanços, até que a paz é instalada depois do fermento conquistar todo o terreno." The Abingdon Bible Commentary (Nashville, Tennessee: Abingdon Press, 1929), p. 978. Ressalte-se que na parábola a mulher é o elemento catalizador do fermento, mas ela não é enleada nele.

Tal como o fermento, o progresso é persistente, instando com a humanidade para que aceite os direitos divinos pertinentes aos filhos e filhas de Deus. O mundo treme e vacila enquanto crenças materiais corroídas pelo tempo se empenham desordenadamente para fazer valer sua pseudo-autoridade sobre a verdade espiritual. Prevendo o conflito entre essas duas forças opostas, a Sra. Eddy escreve em Ciência e Saúde: "Neste período revolucionário, tal como o jovem pastor com sua funda, a mulher avança para lutar com Golias." Ciência e Saúde, p. 268.

Isto, é claro, não sugere que contendas belicosas e sem fim sejam aliados fidedignos da santidade na consecução da reforma verdadeira e duradoura. Ao preparar-se para enfrentar o mais terrível inimigo, Davi rejeitou as armas mundanas e convencionais. (Ver 1 Samuel 17:38–40.) Do mesmo modo, a mulher que se precavê contra a tentação sutil de usar as pretensas "armas femininas" de emocionalismo, dependência e engodo, bem como o homem que recusa "as armas masculinas" de agressividade e dominação, avança na descoberta e comprovação do domínio que Deus lhe deu. O Amor divino, que se expressa em compaixão, perdão e brandura, é capaz de curar feridas profundas e suavizar corações empedernidos.

Sendo ainda jovem, durante os primórdios do movimento feminista de libertação, meus sentimentos eram confusos. O elemento clamoroso desse movimento feminista, que desejava levar suas exigências, de roldão, ao centro do palco, não me inspirava confiança. Contudo, as injustiças a que as mulheres haviam sido submetidas no passado e no presente, me preocupavam profundamente, em especial porque as repercussões desse problema social se manifestavam em minha própria vida. Durante algum tempo, diversos homens, meus amigos, não respeitaram os pontos de vista que eu defendia com sinceridade sobre vários assuntos, inclusive os que diziam respeito às mulheres e durante os debates tinham manifestado indiferença, contrariedade e até mesmo raiva. Eu pensava que o não ser levada a sério, era uma cruz a suportar, como um desafortunado aspecto da condição de mulher.

Mais tarde, o problema assumiu maiores proporções. Eu sabia que as técnicas psicológicas, como a do treinamento para impor-se ou a tentativa de derrotar os oponentes mediante uma demonstração de superioridade, jamais poderia trazer cura real. A resposta estava em compreender a Deus melhor, assim como a inteireza e perfeição de tudo o que Ele criara, inclusive o homem genérico, o "homem e a mulher" mencionados no primeiro capítulo do Gênesis.

Pesquisando a fundo as Escrituras, empenhei-me em seguir os exemplos de mulheres cuja espiritualidade as tornaram merecedoras de honras e dignas de serem lembradas desde a época em que viveram, há muitos séculos. Dentre elas estão Débora, Abigail, Rute e Ana, bem como algumas que receberam instrução informal de Jesus. A inspiração e sabedoria dessas mulheres estavam às vezes em desacordo com as práticas comumente aceitas.

Por exemplo, lemos que Ana, absorta em oração, confundiu o sacerdote Eli a ponto de ele pensar que ela estivesse embriagada. Ver 1 Samuel 1:9-18. É evidente que a oração silenciosa era uma prática incomum naqueles tempos idos. O fato de Ana recorrer a essa oração, pode ser considerado um avanço no sentido de adorar a Deus de maneira mais elevada.

Continuando com esse estudo, percebi que as mulheres comemoravam radicalmente e, por vezes, anunciavam uma vitória sobre o inimigo. (Ver, por exemplo, a nota de rodapé na página 68 de The New English Bible.) Em consonância com isso, as profetisas Miriã e Débora glorificaram a Deus com suas canções, depois do sucesso militar de seu povo e Maria Madalena correu para contar aos discípulos a vitóra de Jesus sobre o "último inimigo", a morte. Essas mulheres leais sugerem a impossibilidade de silenciar as vozes elevadas em louvor à bondade e onipotência de Deus.

Ponderando esse tema das Escrituras, meu pensamento se voltou para a visão de S.João no Apocalipse, capítulo 12, que descreve o triunfo da mulher "vestida do sol" contra os assaltos perversos e pertinazes do grande dragão vermelho, que tipifica o mal. Elucidando o significado dessa alegoria, a Sra. Eddy escreve em Ciência e Saúde: "A Verdade e o Amor prevalecem sobre o dragão, porque o dragão não os pode guerrear." E, mais adiante, diz: "O décimo segundo capítulo do Apocalipse simboliza o método divino de guerrear na Ciência e os gloriosos resultados dessa guerra. Os capítulos seguintes descrevem os efeitos funestos da tentativa de combater o erro com o erro." Ciência e Saúde, pp. 567, 568.

Quão grata me senti ao ser lembrada de que enfrentar o ódio e o erro com Amor e Verdade é a responsabilidade primordial dos seguidores do Cristo! Eu tinha tomado sobre mim o fardo de lutar contra o que eu pensava ser o "dragão" da intolerância ou do desrespeito e havia aprendido que, por mais nobres que fossem meus motivos, as tentativas humanas de mudar atitudes e hábitos, a menos que procedentes do impulso divino, estão fadadas a terminar em frustração. Tornou-se claro que a emancipação das mulheres (bem como a dos homens) não se conquista simplesmente por meio de combate corpo-a-corpo, mediante protestos, discussões ou pela retirada para evitar lutar contra os desafios. Por quê? Porque a libertação espiritual genuína de todo mal nos foi dada por nosso Pai-Mãe Deus celestial. Exatamente ali onde a luta acontece, exatamente ali onde a fumaça da batalha está cheia do furor e da cólera da mente carnal, o Amor divino protege e sustenta a verdadeira mulher perfeita e o verdadeiro homem perfeito. O Amor enfrenta suas batalhas por meio do amor.

Durante muitos anos após a Sra. Eddy ter descoberto a Ciência Cristã, eram freqüentes os ataques maldosos contra ela e contra seus ensinamentos. Contudo, vezes sem conta, ela se esforçou sinceramente para ajudar e curar, para enfrentar o ódio da mente mortal com terno afeto e paciência. Mais de uma vez, um estudante que cometera algum erro, deixou sua presença chorando de arrependimento, envergonhado diante de seu amor compassivo e genuíno.

Profundamente comovida e fortalecida por essas lições, constatei aos poucos que ao mudar meus conceitos sobre Deus e sobre a mulher e o homem, os estereótipos que eu havia aceito sem dar-me conta, começavam a perder força. Fui instigada a afastar o olhar da terra e elevá-lo ao céu, a fim de perceber mais da verdadeira identidade espiritual de cada indivíduo. Alguns dos homens com quem eu não estivera de acordo, se mostraram mais dispostos a escutar e ponderar o que eu tinha para dizer e, o que também não foi nenhuma surpresa, minha maneira de pensar e meus pontos de vista passaram a basear-se cada vez mais na lógica espiritual, ao invés de na opinião pessoal.

Percebi que não me competia defender a condição de ser mulher. Deus é quem o faz, assim como Ele defende o homem perfeito. O fato de que Deus é tanto Pai como Mãe, penetra a neblina dos conceitos humanos errados, iluminando a vida daqueles que conhecem a Deus como Espírito. A Ciência Cristã abarca essa grande verdade, reconhecendo que Deus é o nosso Pai-Mãe imparcial e amável, que nunca tornou mandatória uma criação mortal em que a metade da humanidade é subjugada pela outra metade. O filho de Deus é inteiramente espiritual, está intato, em paz.

O pensamento limitado ampliou-se por meio do raciocínio espiritual e a revelação da Ciência Cristã. Silenciosamente, passei a confiar com mais freqüência na Palavra incontestada, durante os debates de questões delicadas.

A Ciência Cristã ensina que a liberdade da mulher e do homem é sempre irrestrita, mesmo nas horas de mudanças terríveis e de inquietação. Concordo que talvez seja tentador evadir-se ao alistamento no exército de Deus, por medo de enfrentar a maré de crenças mortais profundamente entrincheiradas. Essa atitude pode resultar na tentativa de evitarmos o conflito a qualquer preço. Ora, no uso freqüente da metáfora da batalha, a Sra. Eddy ressalta que a Verdade requer dedicação corajosa e sincera de seus adeptos. Ressalta que a paz há de, por fim, coroar os esforços dos que estão dispostos a pegar em armas em defesa da liberdade com que Deus dotou a humanidade. Do sermão dedicatório feito na recém-completada Igreja Mãe, em 1895, constavam estas palavras: "Nossa certeza reside em nossa confiança no fato de que realmente habitamos na Verdade e no Amor, a eterna mansão do homem. Essa certeza celestial põe fim a toda guerra e ordena a cessação do tumulto, pois o bom combate da fé chegou ao fim e o Amor divino nos dá a verdadeira noção de vitória." Pulpit and Press, p. 3.

A oração inspirada conduz o pensamento ao ápice da revelação. Revela a verdade poderosa na Ciência de que a mulher tem domínio sobre todas as pretensas leis que procuram limitá-la, inclusive a maldição de "Eva", essa lei que pretende escravizá-la aos prazeres e dores de um corpo físico. Sua identidade espiritual e verdadeira não é maculada pela luxúria, maltratada pela brutalidade, nem ignorada pela indiferença ou depreciada pela condescendência. Ela está ternamente ligada ao coração de Deus, que impulsiona e sustenta sua pureza inestimável e o direito divino de manifestar inteligência infinita.

Aqueles que encontram a condição perfeita de homem, rejubilam-se na liberdade que acompanha o achado da condição perfeita de mulher, pois ambos devem ser encontrados por todas as pessoas. Unidos pela humildade aos pés de seu Pai-Mãe Deus, homens e mulheres cerrarão, por fim, fileiras contra tudo o que procure resistir ao desenvolvimento da idéia espiritual. Assim fazendo, tornam-se sócios na ascensão da humanidade ao monte da santidade.

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