Lembro-me de voltar do trabalho e ir para casa no meio do dia sentindo-me doente e desanimada. Há muito tempo vinha lutando com um problema moral. Sentia-me muito atraída por um colega de trabalho, mas eu era casada e tinha um filho. Além disso, não restava dúvida de que a atração era mútua. Conquanto nada de imoral tivesse acontecido, senti que estava rapidamente à deriva em águas perigosas e não conseguia me deter. Eu sabia que de um relacionamento ilícito só adviria infelicidade. Contudo, parecia enorme a força da atração física. Não restava dúvida de que o turbilhão que agitava o meu peito, havia causado o mal-estar físico que eu estava sentindo.
Peguei um exemplar de um dos escritos de autoria da Sra. Eddy, abrindo-o ao acaso. Meus olhos pousaram no seguinte trecho: "A felicidade consiste em ser bom e em fazer o bem; só o que Deus dá, e o que nós damos a nós mesmos e a outros por Sua concessão, confere felicidade: a consciência que se tem do valor de si próprio, satisfaz o coração faminto e nada mais o pode satisfazer." Message to The Mother Church for 1902, p. 17.
A última parte dessa frase atingiu-me de modo muito especial. Meu coração parecia faminto por compreensão e afeto, mas ali estavam me dizendo que "a consciência que se tem do valor de si próprio, satisfaz o coração faminto e nada mais o pode satisfazer". Senti-me fortalecida. Ali estava a minha resposta. A "consciência do valor" que eu sentia em obedecer à lei de Deus, do bem, satisfar-me-ia como nada mais o poderia fazer. Os sintomas da doença diminuíram quase que imediatamente e um sentimento de paz me invadiu.
Cristo Jesus disse: "Quem não toma a sua cruz, e vem após mim, não é digno de mim." Mateus 10:38. Ser digno do Cristo era o verdadeiro desejo de meu coração. Os desejos carnais que clamavam por atenção, eram falsos porque não se baseavam em Deus, nem no homem que Ele criara. Percebi que eu podia tomar a cruz, cheia de confiança, e comprovar que eu era digna do amor do Cristo eterno sempre à mão. Agindo desse modo, eu não perderia coisa alguma.
As coisas se normalizaram em pouco tempo. Diminuiu a atração. Novamente me senti com controle sobre mim mesma e capaz de desfrutar a vida. O relacionamento que parecia tão sedutor, mudou por completo e passou a ter a forma de uma amizade platônica e prazerosa.
Fiquei muito grata por essa cura, pois percebi que estava caindo dentro duma situação da qual não teria conseguido me desembaraçar facilmente e que por certo teria sido ser trágica.
Na Bíblia somos advertidos a nos acautelarmos diante da mente carnal. Ver Romanos 8:7. Ela é oposta a Deus e, portanto, oposta ao bem. A Bíblia nos instrui, dizendo: "Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar." 1 Pedro 5:8. A mente carnal não é mente, em realidade, porque a única verdadeira Mente é Deus, e nós, como filhos de Deus, refletimos de fato essa Mente em toda a sua pureza e vigor. Essa é a realidade do homem como imagem espiritual de Deus. Por vezes, no entanto, desapercebidos de nossa herança, caímos sob a influência hipnótica da pretensa mente carnal ou mortal. Não é preciso, porém, permanecer sob essa influência, que pode ser dissipada se, orando, recorremos de todo o coração à Mente divina.
Em Ciência e Saúde a Sra. Eddy comenta: "O casamento, que antigamente era um fato estável entre nós, tem de deixar seu atual terreno escorregadio, e o homem precisa encontrar a permanência e a paz, apegando-se mais ao espiritual." Ciência e Saúde, p. 65.
Fui salva de um engano trágico por aprender que a "consciência do valor" satisfaz. A obediência inspirada e induzida pelo Cristo traz estabilidade, fortaleza, alegria e satisfação.
Lava-me completamente da minha inqüidade,
e purifica-me do meu pecado.
Pois eu conheço as minhas transgressões.. . .
Cria em mim, ó Deus, um coração puro,
e renova dentro em mim um espírito inabalável.
Não me repulses da tua presença,
nem me retires o teu Santo Espírito.
Restitui-me a alegria da tua salvação,
e sustenta-me com um espírito voluntário.
Salmos 51:2, 3, 10–12