A Habilidade De cálculo e a destreza manual de um de meus professores de matemática eram espantosas. Observá-lo a realizar no quadro complexas operações algébricas seria divertido, se nossas notas não estivessem em jogo! As turmas ficavam admiradas com sua habilidade de fazer equações complicadas com u'a mão, enquanto que com a outra explicava o raciocínio e ia apagando o que escrevera com a mão direita. No entanto, muitos estudantes desistiam das aulas dele, porque nunca chegavam a compreender bem os conceitos que ele apresentava.
Inversamente, um outro professor, que ensinava a mesma disciplina, era conhecido pela arte de seu ensino. Ele pegava esses mesmos alunos repetentes e ajudava-os a dominar a matéria que antes os confundira. Ele combinava o conhecimento da matéria com um aguçado discernimento da forma de melhor transmiti-la aos alunos.
Decerto que, em qualquer campo, é necessário conhecimento técnico. Ambos os professores o possuíam. Mas qualquer que seja a área de especialização, é necessário mais do que mera coletânea de dados ou informação técnica.
Quase todos os ramos de atividade podem tornar-se uma arte. Quer sendo dona-de-casa, quer exercendo uma profissão ou desenvolvendo uma técnica aprendida, chega um ponto em que aquilo que se faz torna-se mais do que mera proficiência técnica. Podemos verificar isso na Bíblia.
Tome-se, por exemplo, o Quarto Mandamento. A lei hebraica era estrita. O sábado devia estar isento de todos os afazeres corriqueiros, para que o trabalho criativo de Deus e Seu lugar central na vida e propósito comunitário dos filhos de Israel fosse honrado. Mas no capítulo treze do Evangelho de Lucas lemos uma passagem sobre um outro sábado. Uma mulher tem uma doença que a incapacita há dezoito anos. Ela acerca-se de Cristo Jesus, quando ele está a ensinar na sinagoga.
Todos observam para ver como reagirá o Mestre, inclusive o principal chefe religioso. Jesus cura a mulher. Isso origina controvérsia, porque alguns acreditam que esse ato contraria a proibição, contida no mandamento, de se trabalhar no sábado. O chefe religioso que desafiou Jesus certamente conhecia a letra, ou conteúdo técnico, do código mosaico. Mas Jesus conhecia o espírito da lei e compreendia como seu propósito de honrar o trabalho criativo de Deus era apoiado pela lei divina, que vence a doença. Podemos dizer que esse incidente é uma ilustração perfeita da arte espiritual da cura, em contraste com o mero conhecimento técnico, ou literal, da lei de Deus.
A propósito da arte espiritual, ou cristã, da cura, é interessante dar uma olhada no livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde, da Sra. Eddy. O capítulo intitulado "A Prática da Ciência Cristã", localizado na segunda metade do livro, é uma descrição da arte ou prática perita da cura cristã. São dados exemplos de como é possível relacionar, de forma prática, a verdade metafísica da onipotência de Deus com o tratamento das doenças humanas e a derrota do pecado. Esse capítulo mostra como a oração espiritual restaura a saúde.
Uma breve passagem de Ciência e Saúde que ajudou certo homem, mostra as possibilidades: "O ódio inflama as propensões brutais. A condescendência para com motivos e propósitos maus faz de qualquer homem, que esteja acima do tipo mais baixo da espécie humana, um sofredor desesperançado."
Quando esse homem leu essas duas frases, ele estava a recuperarse de lesões resultantes de um acidente. Ao orar, ponderou no que essa declaração significaria para ele. Orou para ver como alinhar melhor sua vida com a lei e o amor de Deus e discerniu um ressentimento profundo e antigo em relação a um colega que atuara de modo injusto numa transação comercial. Logo procurou meios de vencer esse ódio. Compreendeu que o ódio era totalmente incompatível com o reconhecimento absoluto do poder de Deus e orou para reconhecer com maior amplitude o poder de Deus que em harmonia o governava. Ele começou a discernir mais e mais a criação de Deus como expressão espiritual da bondade e perfeição de Deus. Seu sofrimento depressa cedeu e pouco tempo depois os efeitos do acidente foram curados. O ressentimento, que durante tanto tempo albergara, também se desvaneceu.
Esse homem reagiu ao espírito cristão e à realidade divina que são o ponto central de Ciência e Saúde. Ele foi além da simples familiaridade com as palavras desse livro e vislumbrou o espírito cristão subjacente à arte da cura espiritual. Ciência e arte estão unidas na Ciência Cristã. Estão relacionadas da mesma forma que a sabedoria e a verdade se relacionam.
A perícia na prática da Ciência Cristã é diferente das habilidades técnicas materiais, que podem ser aprendidas e aplicadas sem se tomar muito em consideração o motivo do aprendiz ou o espírito que rege sua vida. Na prática da Ciência Cristã, o Amor divino tem de permear a oração. Então passamos a conhecer, de modo espiritual e direto, a natureza do homem como filho de Deus.
A vida de Cristo Jesus é transparente nesse ponto, evidenciando o Amor divino que governa o homem. A cura para Jesus não era a exibição de um poder ou habilidade pessoal fora do comum, como a de meu professor ambidestro. Pelo contrário, o poder curativo que Jesus demonstrou era motivado por Deus, baseado na verdade de que o homem é o filho espiritual de Deus.
Esse modo de vida e de se refletir a Deus é o que, em essência, inspira a prática da cura cristã. A natureza fundamental do homem como expressão de Deus é o que habilita a Ciência Cristã a satisfazer às necessidades humanas, curando a doença e habilitando as pessoas a vencerem as propensões brutais e mortais causadoras de sofrimento. À medida que vislumbrarmos a natureza do homem como descendência de Deus, nosso próprio pendor espiritual para a bondade e a saúde será melhor compreendido e vivenciado. Uma nova arte se desenvolverá em nós, a arte da cura cristã, que nos reconcilia com Deus, o Amor divino.
