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Ainda há esperança de salvar o meio ambiente

Da edição de outubro de 1991 dO Arauto da Ciência Cristã


Quando os incorporadores imobiliários e ecologistas travam batalhas, uma das primeiras vítimas talvez seja a esperança. À medida que os debates se tornam mais acalorados, tornam-se cada vez mais escassas as soluções a respeito de como um pedaço de terra deva ser ocupado. No entanto, o ecologista neo-zelandês, afirma que a oração pode auxiliar a trazer de volta a esperança e pode, também, conduzir a novas perspectivas de solução para os problemas ambientais e a um maior acordo entre os envolvidos na discussão. O Dr. Lauder ocupa o cargo de cientista consultor, especializado em preservação do meio ambiente, no Departamento de Meio Ambiente em Invercargill, na Nova Zelândia. Trechos desta entrevista também foram transmitidos por ondas curtas no programa O Arauto da Ciência Cristã.

Como Cientista Cristão e como autoridade no governo municipal, você deve estar em busca de soluções singulares. O que está em discussão e como é que você trata desse assunto? Bem, sob o ponto de vista da Ciência Cristã, precisamos perceber a natureza e a ordem espirituais da criação de Deus, ver e compreender melhor o bem que reflete a Deus. Como especialista em meio ambiente, minha atividade é muito mais variada do que eu jamais poderia ter imaginado. Sou cientista natural por formação acadêmica, mas como especialista na preservação do meio ambiente constato, cada vez mais, que há algo neste campo que me agrada profundamente.

O que é que lhe agrada tanto? Lidamos com coisas que não estão afastadas de nós. São coisas que falam diretamente ao coração das pessoas.

Porque estão temerosas das conseqüências, ou porque realmente amam o meio ambiente? Em primeiro lugar, porque as pessoas amam o meio ambiente. O que é maravilhoso sobre esse trabalho é a constatação de que praticamente todas as pessoas, em qualquer lugar do mundo, sentem algo em comum com você. Praticamente todos gostam das montanhas, dos pássaros e do mar.

Com todo esse sentimento, como se explica, então, que ao andar pela praia, nos bosques ou nas montanhas, encontramos lixo por todos os lados? Creio que é porque não olhamos à nossa volta. Não procuramos nos aperceber das conseqüências de nossos atos. Há também outros aspectos mais profundos, ou seja, a ganância e a preguiça, que parecem ter influência em todo lugar. Onde quer que se vá no mundo, deparamo-nos com os mesmos problemas; não encontramos apenas lixo e entulho, mas também produtos químicos tóxicos e o mau uso de nossos rios e oceanos.

Você já orou sobre isso? Sim. Vou relatar-lhe um incidente que ocorreu há alguns anos. Um grupo empresarial propôs desenvolver um projeto numa determinada área do litoral; ao passo que outro grupo estava muito preocupado com as conseqüências desse projeto, tanto do ponto de vista de seu efeito visual, como em relação às conseqüências sobre o ecossistema da região. A questão, no entanto, não era simples. Era difícil identificar, com certeza, quem eram os "bons" e quem eram os "maus". Acabei ficando no meio da disputa. Começaram a ocorrer discussões muito acaloradas, cheias de animosidade.

Vocês não estavam conseguindo nada com os debates? Não, não estávamos progredindo. A discussão estava polarizada e ninguém mudava de posição. A essa altura compreendi que precisávamos de paz. Afasteime do que parecia ser um campo de batalha e orei. Em minha oração, procurei perceber mais claramente o bem que existia em cada um dos participantes, pois todos eram filhos de Deus. Podíamos encontrar afinidades pelo fato de termos uma ascendência em comum, o mesmo Pai, que é Deus.

Percebi que havia questões que nos eram afins, em particular, nosso amor pelo meio ambiente.

Quer dizer que ninguém tinha, de fato, um propósito destrutivo? Bem, eu não diria isso. Ninguém, declaradamente, estava querendo destruir alguma coisa, mas é claro que as partes tinham prioridades diferentes. Alguns ponderavam que essa era uma oportunidade de oferecer mais empregos e fazer dinheiro. Outros argumentavam que essa era a oportunidade de proteger um lindo lugar. Havia, porém, necessidade de obter uma noção absolutamente clara dos motivos de cada uma das partes. E era aqui que entrava a oração.

Essa questão dos motivos foi abordada durante os debates do grupo? Sim. Como primeiro sinal de progresso, percebi que as pessoas estavam começando a ouvir umas às outras e a falar entre si. E quando começamos a dialogar, a questão do lucro e de se atender aos interesses de um grupo de acionistas estava realmente preocupando as pessoas.

Os incorporadores imobiliários não eram pessoas de mau caráter mas se sentiam, sem dúvida, pressionados por um poder econômico muito forte. Os ecologistas, por outro lado, sentiam um medo terrível, por acharem que, de alguma forma, tinham de representar todos os grupos ecológicos e todas as crianças do futuro. Não se tratava apenas de uma baía numa bela ilha. Esse era um caso que representava todas as demais baías do mundo. Era, de fato, um exemplo dos desafios enfrentados no caso de todos os oceanos e baías.

Começamos a ver que a ganância era um ponto fundamental para um dos lados. O medo influenciava o outro lado. No entanto, ao orar sozinho e ao falar com os demais, compreendi que podíamos começar a resolver esses temores e problemas. Pouco a pouco, começamos a derrubar os muros que nos dividam.

Como você orou? O primeiro passo foi tratar de acalmar-me. Quando estamos diante de tamanha animosidade, a primeira coisa que temos de fazer é compreender que é possível conseguir a paz porque o amor está presente e esse amor provém de Deus. Houve ocasiões em que estávamos sentados diante de setenta pessoas de ânimo pouco amistoso.

Assim, a primeira coisa que fiz foi procurar conseguir sentir-me em paz. Tratei de afastar-me mentalmente da tensão, da idéia de que teria de lutar por uma coisa ou outra. É provável que tivesse de lutar por alguma coisa, mas somente depois de haver realmente identificado quem era o inimigo. O inimigo, com efeito, era a ganância, o medo, a ignorância.

Depois de haver encontrado a calma, tive de compreender, da melhor forma possível, o que estava de fato controlando a situação. Foi nesse ponto que a oração e minha compreensão da Ciência Cristã auxiliaram-me profundamente. Eu sabia que há apenas um Deus, uma Mente, um criador do universo. Há apenas uma Mente divina que controla, ordena, equilibra e abençoa a tudo.

Essas idéias foram úteis na reunião que tivemos, em que desempenhei um papel importante, pois respondi a perguntas dos presentes. Houve momentos em que tive de levantar a questão da preservação do meio ambiente, mas a maneira como reagimos às perguntas depende do que sentimos sobre o assunto. À medida que orava, compreendi que uma única e boa Mente infinita era a base da situação e essa compreensão eliminou meus temores.

Quando surgiam conflitos entre as partes, eu sabia que, ainda assim, havia uma solução. Eu estava, de fato, trabalhando do ponto de vista de que há esperança. Gradativamente, quando as partes envolvidas começaram a ver o outro lado ceder, mesmo que um pouco, passaram a compreender que era possível chegar a algo de bom nessa questão.

Esse tipo de problema não é resolvido de uma hora para a outra. Esse caso ainda está sendo discutido, mas houve uma abertura do pensamento em dois pontos. O primeiro é que o outro lado não é automaticamente mau: há sempre algo de bom a ser percebido no ponto de vista dos outros. E o segundo é que podemos ter fé de que uma solução será encontrada.

Em meu trabalho, não encontro uma solução maravilhosa a cada dia, mas percebo as soluções gradativamente. Creio que nesse caso avançamos, dando alguns passos construtivos.

A Sra. Eddy escreve, sobre a beleza que nos cerca, de uma forma que, por vezes, associo à esperança. Ela descreve a beleza que vemos no universo e afirma que assim podemos referir-nos a ela: "Amo tua promessa; e compreenderei, um dia, a realidade espiritual da substância e da forma, da luz e da cor daquilo que agora, por teu intermédio, vislumbro vagamente; e ao compreender isso, ficarei satisfeita." Esse trecho encontra-se em seu livro Miscellaneous Writings. Talvez seja necessário compreender que essa é a realidade do meio ambiente que estamos tentando admirar e respeitar. Sem dúvida. Minha esperança de preservar alguns dos belos recantos que estão sendo ameaçados é fortalecida quando elevo meu pensamento acima da evidência material existente, para um sentido mais elevado, para aquilo que o sentido espiritual me informa estar presente. Se tivesse me detido, durante os irados debates, na evidência do rancor, teria ficado naquele plano de discussão. Teríamos ficado nos debatendo de um lado para o outro na esperança de que, no fim do dia, alguém saísse vitorioso.

Da mesma forma, se partirmos da premissa de um meio ambiente vulnerável e frágil, será nesse nível que permaneceremos. Podemos jogar com esses conceitos; podemos esperar que o bem vença no final, mas ficaremos presos ao ponto de vista de que as coisas estão sendo destruídas e que talvez tenham se perdido para sempre.

No meio das discussões, quando estávamos orando, e presumo que outros também estivessem orando, quando tratava de tirar meu eu humano da luta do dia-a-dia e procurava elevar meu pensamento, passei a ver as coisas de uma maneira mais profunda. Essa perspectiva diferente substituiu minha percepção de que se tratava de um grupo de pessoas iradas. Estivera ali o tempo todo: a percepção de que o homem é feito à imagem de Deus, homens e mulheres que são meus irmãos e irmãs, porque temos um único Pai-Mãe, Deus.

Quando elevei meu pensamento a esse plano, a solução não apareceu repentinamente, mas as coisas começaram a mudar.

Em suma, você está dizendo que existe poder nessa oração, nessa elevação de pensamento. Algo de bom resulta disso. Exatamente. Passamos a ter esperança porque sentimos o poder e a presença do bem infinito, Deus. Sentimos, também, a certeza de que esse poder e essa presença estão disponíveis em qualquer circunstância.

Um dos aspectos que me parecem interessantes nessa questão do meio ambiente, é a receptividade da maioria das pessoas em procurar resolver os problemas, quando percebem que uma solução é possível. O que é inquietante sobre a devastação da floresta amazônica, por exemplo, é a sensação de desesperança que cerca o problema. Ao falar com ecologistas e estudiosos especializados na proteção de florestas e pássaros, na Inglaterra e na Nova Zelândia, percebi que entre eles impera uma sensação de desesperança no que se refere à proporção do problema amazônico. Estão em busca de soluções práticas e procuram indivíduos que não estejam tão envolvidos com o problema a ponto de não conseguirem vislumbrar essas soluções práticas.

As pessoas são mais facilmente motivadas pelo amor do que pelo temor. E logo que tenham um lampejo de esperança, os indivíduos, na comunidade ou em empresas, reagem favoravelmente às soluções.

Até que essa desesperança seja vencida, o mundo inteiro parece estar girando numa grande espiral descendente. A percepção espiritual, no entanto, que reconhece uma perfeição que não pode, de forma alguma, ser maculada, poluída ou diminuída, fornece-nos uma base de esperança a partir da qual podem-se tomar as providências humanas para resolver esses problemas.

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