Quando Nossos Filhos entraram na adolescência, tive a possibilidade de cursar algumas matérias na faculdade — algo que quisera, mas não pudera fazer antes.
Apesar de estar contente por isso, tive de enfrentar o medo e as dúvidas. Seria eu ainda capaz de aprender? O que diriam nossos filhos, se eu não tirasse as boas notas que sempre esperava deles? Tendo em vista minhas outras obrigações, será que restaria tempo para executar com êxito os trabalhos da Faculdade?
Encontrei as respostas para essas e outras perguntas semelhantes, por meio de uma visão mais ampla a respeito do que verdadeiramente significa a continuação dos estudos. A própria vida humana pode ser encarada como uma forma de estudo contínuo. Também pode ser uma oportunidade para descobrir o que é Deus, a Mente divina, e o que é o homem como imagem, ou reflexo, de Deus. Essa educação espiritual nos ensina tudo sobre o ser verdadeiro. À medida que buscamos a compreensão espiritual, obtemos mais do que um conhecimento teórico. Aprendemos quem realmente somos.
Uma vez que a Bíblia nos diz que o homem é a imagem e semelhança de Deus, podemos dizer que o homem reflete Deus, que é Espírito, não matéria. Esse Deus único, ou Mente, é infinito e como na verdade refletimos as qualidades dessa Mente, podemos expressar a inteligência e a sabedoria ilimitadas. Essa conscientização ajuda-nos a vencer toda impressão de que nossas capacidades intelectuais sejam limitadas ou de que, por alguma razão, sejamos incapazes de aprender.
Ao orar com essas idéias, terminei vários cursos com êxito, mas um deles foi mais marcante porque, por engano, havia me inscrito num curso para o qual não estava devidamente preparada. O assunto era interessante, mas eu me sentia frustrada pelas referências freqüentes a livros que nunca havia lido nem teria tempo de ler.
Tive de enfrentar a frustração e o curso por meio da oração, por meio da comunhão com a Mente divina. Todos os dias, durante as seis semanas do curso, enquanto dirigia aproximadamente 130 quilômetros por dia, entre ida e volta para a Universidade, procurava estar em comunhão com Deus, a Mente divina. Tornou-se cada vez mais claro para mim que o homem é o reflexo de Deus e nada mais.
À medida que comecei a reivindicar para mim mesma tal relação com Deus, parecia que eu deveria ser capaz de fazer mais do que simplesmente acumular fatos, por mais interessantes que fossem. Queria obter um discernimento mais profundo sobre minhas capacidades espirituais e, no curso, compreender os conceitos de forma mais abrangente, não só captar fragmentos isolados. Achei que certamente seria possível compreender os conceitos corretos, mesmo se não houvesse muito tempo.
Afinal, quando Cristo Jesus tinha doze anos, foi capaz de manter um diálogo inteligente com sábios doutores da lei judaica. Embora não tivesse tido a oportunidade de preparar-se da forma que o mundo acreditava ser necessário, ele participou do debate. A Bíblia declara: "E todos os que o ouviam muito se admiravam da sua inteligência e das suas respostas."
Por favor, não me interpretem mal. Jesus foi único. Tê-lo como exemplo não é desculpa para a escolha insensata de cursos ou para não nos prepararmos bem para falar sobre um tema, mas mostra que podemos nos volver a Deus para obter ajuda, independentemente das circunstâncias humanas.
O homem é o reflexo da Mente. À proporção que compreendermos e aceitarmos esse fato, sentindo-o no fundo do coração, estaremos diariamente em comunhão com Deus, a Mente. A Sra. Eddy explica que essa comunhão não advém de um intelecto humano e limitado que tenta se comunicar com uma divindade distante. Pelo contrário, ela repousa sobre uma base espiritual e aplica-se à mais alta natureza espiritual do homem. Ela escreve em Ciência e Saúde: "A intercomunicação se faz sempre de Deus para Sua idéia, o homem." Começamos a romper a crença hipnótica de termos mentes próprias e pessoais, separadas de Deus, a Mente única, quando compreendemos que, como Seu reflexo, somos inseparáveis dEle.
Ao ter esse fato espiritual no pensamento, descobrimos que podemos saber tudo o que precisamos saber numa determinada circunstância. Encontramos a autodisciplina e a calma para orar e estudar regularmente com inspiração; vemos que somos capazes de compreender, reter e transmitir valiosos conceitos.
No meu caso, pude compreender as idéias básicas, fundamentais, apresentadas no curso universitário, apesar de não ter tido tempo de ler todos os livros discutidos. Minha nota final demonstrou que o professor percebera que eu havia compreendido o que ele ensinara.
O que ajudou foi minha crescente compreensão sobre o homem — a sua e a minha natureza verdadeira — como reflexo de Deus. A conscientização de que somos o reflexo, não a origem, expressa humildade, mas é gratificante. Os discípulos de Cristo Jesus devem ter tido essa mesma sensação, ao captarem as verdades a respeito de Deus e do homem que ele lhes ensinava. Cada um de nós pode ter essa experiência. A Bíblia afirma: "Vós possuís unção que vem do Santo, e todos tendes conhecimento."
Quando expressamos qualidades espirituais tais como humildade, inteligência, intuição, isto é, quando mantemos essas qualidades em mente, cultivando-as e identificando-nos com elas, começamos a demonstrar que o homem real é um reflexo da consciência divina.
Podemos constantemente discernir as idéias espirituais, perguntando a nós mesmos: "O que significa esta pessoa, esta coisa, esta circunstância para a Mente?" Quando tivermos percebido a base ou natureza espiritual de cada coisa, manter-nos-emos firmes nela como sendo a realidade. No plano espiritual não há um conceito finito, material ou pessoal, uma vez que não temos uma mente separada de Deus, que conceba de forma pessoal, material ou finita. Os únicos conceitos que verdadeiramente existem são infinitos, espirituais, impessoais e universais. Eles são o resultado da Mente que tudo sabe, que revela a si mesma como manifestação, como homem, como nosso ser espiritual verdadeiro.
O ser real é Espírito, Deus. Certamente o que se requer de nós é que deixemos esse fato sobrepujar nosso atual senso de existência, até que reconheçamos completamente a realidade. Se o ser é Espírito, então a substância é constituída de idéias espirituais que estão constantemente se manifestando. Tudo o que a Mente concebe constitui a realidade. O que não for concebido pela Mente não é real.
A compreensão que a Mente infinita tem de si mesma é revelada humanamente de modo que atenda, de alguma forma, à necessidade humana. Pode se manifestar em nossa percepção e correção de uma falha antes encoberta. Pode fazer com que alguém de repente saiba o que fazer em um determinado trabalho, compreenda uma matéria na escola, ou seja capaz de ler a Lição-Sermão do Livrete Trimestral da Ciência Cristã, com mais inspiração. Pode fazer com que saibamos o que dizer em determinada situação e como dizê-lo, ou que, da mesma forma, saibamos permanecer calados e calmos.
Encarar o aprendizado de forma espiritual faz com que nosso aprimoramento seja contínuo. Nunca compreenderemos conceitos infinitos e imortais com os recursos limitados de uma mente separada de Deus, mas o reconhecimento humilde e coerente de que a Mente divina é a única Mente, desdobrar-se-á em verdades maravilhosas. Isso nos ajudará na vida diária e também nos abrirá os olhos para infinidade espiritual e magnificente de Deus, sempre ao nosso lado.
Que é que o Senhor requer de ti?
Não é que temas o Senhor teu Deus,
andes em todos os seus caminhos,
e o ames, e sirvas ao Senhor teu Deus
de todo o teu coração
e de toda a tua alma....
Deuteronômio 10:12
