Quem For Incapaz de explicar a Alma, sábio será em não empreender a explicação do corpo.” Essa declaração encontra-se em Ciência e Saúde, de autoria da Sra. Eddy. Para mim, essa frase é um chamado e um desafio, não uma proibição. Na Ciência Cristã, Alma é sinônimo de Deus. Pelo estudo e pela prática dessa Ciência, podemos obter uma despretensiosa competência para explicar a natureza da Alma. Embora nosso alcance da natureza da Alma esteja somente nos estágios iniciais, a Ciência capacita-nos, progressivamente, a compreender a Alma, Deus, em toda a Sua glória.
A Ciência explica que a Alma é única, sem oposto nem igual. O homem não é Alma, nem tampouco tem uma alma pessoal vivendo nele, como muitas vezes se supõe. O homem é a expressão espiritual da Alma. Ele é testemunha da imortalidade e da beleza da Alma, do vigor e da bondade da Alma.
Deus, ou Alma, é Ser sem pecado, imortal. A Alma é a origem da arte e da beleza, da cor e da forma, da harmonia e da saúde. A Alma, a única Alma, dá ao homem sua identidade singular. Podemos dizer que a Alma, Deus, expressa Seu infinito ser no homem individual, isto é, na consciência individual espiritual, incorporando todas as Suas qualidades.
O verdadeiro conhecimento do eu deriva, então, da percepção da natureza de Deus como Alma e do homem como expressão de Deus. As palavras que empregamos para definir Alma transmitem idéias espirituais, verdades viventes. Essas verdades ganham vida em nosso coração. São sempre poderosas para o bem em nossos pensamentos e vivência.
Por exemplo, a Ciência Cristã afirma a natureza de Deus, imaculada e incapaz de pecar. Isso leva-nos a ver que, como Seu reflexo, nossa verdadeira individualidade é espiritual e livre de pecado. O resultado prático é que somos capazes, pelo poder de Deus, expresso por meio do Cristo, de subjugar as tendências pecaminosas e reduzir as pretensões do erro à sua nulidade. Em seu lugar descobrimos qualidades da Alma, como a pureza e a inocência. Trabalhar e orar desse modo é a única forma de poder obedecer à exigência imperiosa feita por Jesus, de nascer de novo.
Esse empenho espiritual está longe de ser exatamente um exercício intelectual. É um despertar de consciência, ainda que por um só momento, para a palpável presença da Alma, Deus. Com isso, surge uma noção clara do eu separado da carne, no entanto, tangível como nossa identidade espiritual presente.
Ao obter uma compreensão da Alma através da Ciência, alcançamos compreensão cada vez maior das formações da Alma. Podemos humilde, mas corajosamente, conhecer mais da verdadeira substância e da forma divinamente criada que é a identidade do homem como reflexo de Deus. Desse modo, crescemos no genuíno conhecimento de nós mesmos.
Como prelúdio para definir alguns fatos referentes à identidade e ao corpo, é bom saber que os conceitos humanos de corporalidade não são mais do que declarações errôneas finitas sobre realidades infinitas. Por exemplo, o conceito humano de corpo não é outra criação, senão um conceito errado do que a formação da Alma verdadeiramente vem a ser. À medida que libertamos o pensamento da noção arraigada de que o ser é físico, tornamo-nos mais aptos a aprender algo sobre nossa identidade real. Tornamo-nos mais aptos a reivindicar o domínio do Espírito sobre o sentido físico de corpo e a deixar que isso reforce as leis divinas de harmonia e de saúde.
Ao formular algumas perguntas, respondendo-as de acordo com o que a Ciência Cristã ensina, podemos obter novas idéias sobre a substância real de nossa identidade.
Está a identidade separada de seu criador? S. Paulo nos diz: “Há somente um corpo e um Espírito. ..” (Efésios). A criação é única, porque testifica a unicidade do criador. Mas essa unicidade é caracterizada pela diversidade infinita de expressão. A Alma mede a criação em termos de diversidade, não de pluralidade. Vemos a criação, não como uma massa de entidades separadas, mas sim, na sua manifestação individualizada. O homem individual, refletindo a Alma, tem unicidade com todas as outras identidades, embora seja distinto, manifestando individualmente a totalidade e a bondade da Alma.
Qual é a forma do ser do homem? Paulo escreveu aos coríntios: “... lavoura de Deus, edifício de Deus sois vós.” Muitos crêem que o corpo físico é edifício de Deus. Mas a Ciência Cristã mostra que o físico é uma versão falsificada da forma e da substância real. A identidade perceptível formada por Deus é espiritual, incorpórea. O homem, como imagem de Deus, é essa idéia espiritual. É constituído pelas idéias da Alma, livres de matéria. Existindo na substância duradoura que é o Espírito infinito, o homem real não tem partes separadas, nem elementos finitos.
Expressa a variedade ilimitada das qualidades puras de Deus. Por exemplo, como idéia, ou corporificação da Alma, teu ser verdadeiro expressa beleza e graça. Tu tens ritmo, saúde, és forte, embora terno. Tens autoridade, embora sejas humilde. Expressas atividade repousante e repouso em atividade. Estás satisfeito com todas as coisas espirituais. Estás completo, embora haja progresso infinito.
A preocupação de algumas pessoas é de que se elas se desfizerem do sentido físico de corpo, perderão a identidade. É justamente o contrário. Como representante da Alma, o homem tem identidade tangível. Essa identidade é espiritual e tem consciência de ser semelhante ao Criador. A Ciência ensina que o homem é espiritualmente definido, mas não restringido. O homem tem identidade própria, mas não é finito.
Em seu significado mais elevado, a palavra forma refere-se à forma espiritual, a imagem consciente de Deus, Alma. Entender o ser real do homem, dessa maneira, é livrar-se das limitações impostas pelo conceito errôneo de corpo como físico e limitado. Ciência e Saúde nos diz: “Essa noção científica do ser, que abandona a matéria pelo Espírito, não sugere de modo algum a absorção do homem na Divindade nem a perda de sua identidade, mas confere ao homem uma individualidade mais desenvolvida, uma esfera mais ampla de pensamento e de ação, um amor mais expansivo, uma paz mais elevada e mais permanente.”
Qual é a função da verdadeira identidade? Ilustrar que a grande Causa Primária existe. Representar, a seguir, a natureza pura e perfeita desse poder supremo causativo. O homem existe para manifestar a pureza da Alma, sua imortalidade, sua beleza, saúde e utilidade, sua luz espiritual. A função do homem na criação inclui mostrar o controle completo que a Alma exerce sobre seu efeito. O homem ilustra o desígnio da Alma, de que haja progresso eterno, continuamente. Cada manifestação individual da Alma revela, incessante e incansavelmente, a bondade de Deus. Deus confere idéias corretas ao homem individual, sem interrupção. Essas idéias são a riqueza do homem. Portanto, é natural ao homem ser bom e expressar somente o bem.
Como vestir o corpo? Sem dúvida, ainda continuaremos a comprar roupa! O corpo deveria expressar graça e harmonia sob todos os aspectos, embora não admitamos frivolidade. Do ponto de vista bíblico e metafísico, vestir o corpo indica, metaforicamente, que devemos revestir-nos das qualidades espirituais do homem criado por Deus. Isso não só mostra, antes de tudo, a beleza da Alma, mas também oferece à vida humana forte defesa contra o mal. Como um colete à prova de balas, a vestidura mental tecida de coragem moral, humildade, amor abnegado e outras qualidades semelhantes, torna-nos invulneráveis ao assalto. À medida que mantemos, conscientemente, as idéias da Alma em primeiro lugar em nosso coração e deixamos que elas dirijam nossos motivos e atos, reforçamos a fibra da armadura que nos defende.
Lembro uma ocasião quando estive sob forte ataque verbal, devido a uma atitude que julguei ser a melhor para todos, num determinado caso. No grau de adiantamento espiritual em que eu me encontrava, minha tendência era de justificar-me por sentir-me indignado diante da injustiça e era provável que eu reagisse de igual modo. Mas a vestimenta do propósito honesto e crístico salvou-me de tais erros. Tornou meu pensamento invulnerável ao ataque. Nenhuma sugestão má penetrou minha armadura mental, não senti justificação própria, nem ressentimento, nem raiva. Foi uma experiência sagrada, que me permitiu reconhecer somente a afeição fraternal de todos os que estavam na sala. Para mim, foi uma cura aprender a verdade da declaração da Sra. Eddy: “Os bons pensamentos são uma armadura impenetrável; assim revestidos, estareis completamente resguardados contra os ataques do erro de qualquer espécie. E não só vós estareis protegidos, mas também todos sobre quem repousarem vossos pensamentos, serão por esse meio beneficiados” (The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany).
Eo alimento do corpo? “Está escrito: Não só de pão viverá o homem,” disse Cristo Jesus, “mas de toda palavra que procede da boca de Deus.” As comunicações da Mente divina alimentam o ser verdadeiro. Na experiência humana, a receptividade é a qualidade pela qual absorvemos alimento espiritual. A faculdade de reter é a qualidade que põe em uso as idéias sustentadoras de Deus. A mesa posta pelo Todo-sábio inclui tudo o que se requer para preservar nosso ser com força e saúde.
Quanto nossa receptividade para o bem nos livra da ração de fome das opiniões mortais, imposta pela mente carnal! A consciência embebida no materialismo é pobremente alimentada. Ainda temos de impregnar-nos mais completamente da plenitude sobre o sustento e a subsistência que encontramos no banquete do Espírito. Cada um de nós ainda acha necessário comer e, muitas vezes, o apreciamos! Mas através de nosso constante desenvolvimento espiritual, virá o momento em que compreenderemos e demonstraremos, de modo completo, que nosso ser é espiritual, totalmente sustentado por Deus.
Essas poucas considerações somente sugerem a oportunidade que tu e eu temos para expandir nossa noção da verdadeira identidade. Temos a inteligência provinda da Mente para ampliar, sem qualquer limitação, nosso conhecimento da Alma e da expressão da Alma. À medida que fizermos isso, sentiremos sua poderosa influência sobre nossa atual sensação de corpo físico. E o benefício que advém do verdadeiro conhecimento de nós mesmos não só abençoa nossa experiência, como também nos capacita a prestar o mais relevante serviço a toda a humanidade, como sanadores cristãos.
