Corta-Nos O Coração quando lemos acerca de pessoas, muitas delas jovens, que se encontram sem lar. Algumas conseguem alojamento temporário em abrigos, enquanto outras vêm-se reduzidas a viver o melhor que podem ao relento ou em favelas improvisadas. Para a maior parte de nós, que tem sólidos lares e famílias, é difícil imaginar o que significa viver sob tal privação.
Embora haja, é claro, muitas razões sociais para a falta de lar, a mais comum é a ruptura da família e a atitude de indiferença que freqüentemente prevalece na sociedade.
Hoje em dia, a família está sob muitas pressões e influências desmoralizantes, que, se não forem corrigidas, poderão enfraquecer e fragmentar a vida familiar. No entanto, podemos vencer esse ponto de vista materialista da desintegração da vida familiar, com um conceito mais espiritual e correto sobre a família de Deus, mantida em segurança sob o controle do Amor divino.
Cristo Jesus fez-nos ver que todos nós pertencemos a uma única família e que esta é espiritual. Ele ensinou seus discípulos a orar assim: “Pai nosso que estás nos céus” (Mateus). Sob esse conceito de família, apresentado pelo Mestre, apercebemo-nos de que todos os homens, mulheres e crianças são, na sua verdadeira identidade espiritual, preciosos aos olhos do Pai, por Ele ternamente cuidados, nenhum deles sofrendo desconforto, falta de abrigo ou frio.
Há alguns anos atrás, fui testemunha dessa verdade. Eu lecionava numa escola onde todas as crianças provinham de lares desfeitos e estavam em regime de internato. Tinha sob minha responsabilidade as crianças de cinco a seis anos de idade e um dia uma nova menina apareceu em minha classe. Ela chorava sem parar e parecia totalmente inconsolável. Pertencia a uma família de oito irmãos, a mãe os havia abandonado e o pai estava no hospital. Quando as outras crianças foram para o recreio, chamei-a a um canto e falei-lhe com carinho acerca do seu amoroso Pai-Mãe Deus, que a todo momento cuida dos Seus filhos. Essas afirmações pareceram trazer-lhe conforto e muito em breve a menina estabeleceu-se alegremente na sua nova escola.
Contudo, tive de orar muito para sentir-me em paz em relação a essa família. Como Cientista Cristã, tinha aprendido a confiar em minhas orações, sabendo que seriam ouvidas e que a situação seria resolvida — e assim aconteceu. Alguns meses depois, quando o pai se restabeleceu completamente, encontrou a esposa e conseguiu convencê-la a regressar e cuidar dos filhos, assim unindo de novo a família, com alegria.
Todos nós sabemos o que significa sentirmo-nos bem em casa, na companhia daqueles que amamos, sejam eles familiares chegados ou amigos. Não sabemos se Jesus tinha um lar. Mas aparentemente foi hóspede em casa de Pedro e era um convidado sempre bem-vindo na casa dos seus amigos Marta, Maria e Lázaro. Mas o verdadeiro conceito que o Mestre tinha de lar não se baseava num local fixo. Ele sabia que estava sempre em casa na presença de Deus e passava muitas horas em oração, na companhia de seu Pai celeste.
Também nós nunca precisamos nos sentir sozinhos uma vez que, quaisquer sejam as circunstâncias, somos membros importantes da família universal de Deus. Cingidos por seu Amor, temos inúmeros irmãos e irmãs. Nosso querido Pai-Mãe Deus é o cabeça dessa família espiritual. Ele ama igualmente todos os seus filhos e providencia-lhes todo o bem. Se essa é uma realidade espiritual — e é — então temos a obrigação impreterível e dada por Deus, de ajudar os que não têm lar, através da oração e de ações por ela impelidas. Em Ciência e Saúde, a Sra. Eddy fornece-nos um ponto de partida para nossas orações em favor dos que não têm lar: “Peregrino na terra, teu lar é o céu; forasteiro, tu és o hóspede de Deus.”
Através de um crescente reconhecimento de que somos todos parentes de Deus como Seus filhos amados, estamos a ajudar outros a encontrar a segurança e a alegria de estar para sempre em casa, protegidos pelo amor de nosso Pai.
