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Os mísseis podem ser eliminados

Da edição de março de 1992 dO Arauto da Ciência Cristã


O Noticiário Televisivo da noite estava transmitindo uma reportagem sobre um controverso míssil militar. As imagens mostravam o míssil subindo ao longo da límpida atmosfera com o seu rasto branco reluzente cortando um profundo céu azul. Logo depois, despertei desse estado de admiração e compreendi, com mais sobriedade, que o propósito desse acontecimento não era o de manifestar a beleza do vôo espacial! Fora projetado, como todos os outros de seu tipo, para atingir e destruir um dado alvo, algum objeto ou pessoa “lá longe”, identificado como “inimigo.”

Num mundo sedento por paz genuína, as palavras bíblicas de Tiago expressam o que muitas pessoas sentem: “Meus irmãos, não é conveniente que estas cousas sejam assim.”

Quão profundamente ansiamos por fazer desaparecer da terra os instrumentos de destruição. Mas como é que nós realmente — realmente — chegamos à causa fundamental do conflito e das armas de guerra, verdadeiramente eliminando o medo e a animosidade que alimentam o conflito?

Talvez haja uma perspectiva, acerca da existência dos mísseis, que nos revela o que é que dá origem à guerra, permitindo-nos perceber como cada um de nós pode fazer aquilo que, de fato, queremos ser capazes de fazer, ou seja, contribuir para que sejam eliminados.

Não é de surpreender que essa perspectiva extremamente aplicável e singular tenha sido demonstrada na vida de Cristo Jesus. O estudo da Ciência Cristã conduz a uma inevitável conclusão: onde mais vamos encontrar soluções justas e universalmente aplicáveis, radicalmente simples, penetrantemente reais e reconfortantes, a não ser na demonstração que Jesus nos deixou? Ele comprovou de que maneira a suprema lei do amor de Deus se aplica à vida humana. A Ciência Cristã afasta os ensinamentos de Jesus do reino da remota filosofia e revela-os como sendo a verdade curativa e cheia de paz que a humanidade ardentemente deseja.

Em minhas caminhadas diárias, isto é, como pedestre, comecei a perceber que freqüentemente ignoramos que cada um de nós é diretamente responsável pela eliminação — ou perpetuação — dos mísseis.

Minha reação contra o modo anárquico, perigoso e egoísta de conduzir nas ruas da minha cidade começou a ser cada vez mais intensa, até que me encontrei a “desferir” pensamentos violentos e cheios de ódio contra esses motoristas! Vocês podem suspeitar ao que isso me levou — encontrei-me um dia, após quase ter sido atropelado, a procurar no chão por uma pedra, garrafa ou qualquer coisa para atirar violentamente contra o veículo agressor! Isso foi demais. Não era minha natureza agir assim. Não era propriamente o que se deveria esperar de um passeio a pé pelos quarteirões da vizinhança. Orei, e através da oração, surpreendi-me com o que descobri. Ali mesmo, não precisava ir mais longe, estava a definição nua e crua, a própria essência, a origem, a base dos mísseis. Percebi que o ato de lançar um “míssil”, seja sob a forma de punhos cerrados, pedras, balas, mísseis balísticos intercontinentais, armas laser colocadas em satélites ou um simples vaso, pois temos a tendência de arremessar tudo aquilo que esteja ao nosso alcance, de acordo com nossa situação, orçamento ou tecnologia, é apenas um prolongamento inseparável do ato de lançar pensamentos vingativos, maldosos e punitivos. Eis aí a questão, tão simples quanto profunda. Enquanto existir esse tipo de míssil, inevitavelmente existirá o outro.

Os pensamentos de ódio e de vingança estão, sem dúvida, fora da amorosa lei divina do bem, são completamente contrários à natureza pacífica da realidade de Deus. Com gratidão, posso dizer que através da oração persistente fui curado desse ressentimento e ódio. Conduzir de modo descuidado, com excesso de velocidade, está errado. Mas reagir com autojustificação, com pensamentos e atos vingativos é igualmente errado. Desferir pensamentos negativos, como se fossem mísseis, serve apenas para intensificar uma situação já acalorada, não para curá-la.

A oração na Ciência Cristã despertou-me para compreender que é meu privilégio e dever contribuir com pensamentos sanadores para a atmosfera mental da minha comunidade, um reconhecimento de que o Amor divino está sempre presente, envolvendo a todos. Entendi que nem a anarquia, nem o egoísmo, nem a vingança são a verdade sobre o homem de Deus, o homem criado por Deus à Sua própria imagem e semelhança, tal como revelado na Bíblia. Foi o reconhecimento constante da Verdade divina, da presença governante de Deus, e a compreensão da verdadeira natureza de todos os homens como sendo a semelhança constante e pura do Amor, o que trouxe mudança efetiva à minha forma de encarar os outros ou reagir para com as pessoas. A Ciência Cristã ajudou-me a sentir a bondade divina do homem de forma genuína, de modo a que a reação e tendência não-cristã de lançar mão de algo — primeiro de pensamentos, depois de objetos — desapareceu completamente.

Se quisermos acabar, de uma vez por todas, com as manifestações de violência, acaso não teremos, cada um de nós, de ser curados pelo Amor, eliminando assim a mentalidade à qual está associada a violência?

Um objetivo nobre e idealista, mas impossível de alcançar, dirão alguns. Mas eu o comprovei em minha própria experiência. Notei que, por meio da oração, certo grau de ódio e ressentimento desapareceu da minha própria vida. Isso mostrou-me como todos nós podemos começar a demonstrar o poder pacificador do Amor divino.

Uma experiência de Jesus dá-nos prova expressiva e singular do “desarmamento” impulsionado espiritualmente. “Um alvo” tinha sido identificado e condenado. A justificação para um golpe fatal estava já bem estabelecida, mas as pessoas prontas a atacar, movidas por razões ocultas, voltaram-se para mais uma “autoridade”, uma autoridade de cujo julgamento eles pretendiam escarnecer e da qual pretendiam desfazer-se.

O relato encontra-se no Evangelho de João. Uma mulher tinha sido apanhada a cometer adultério. A lei tradicional exigia que as pessoas adúlteras fossem apedrejadas até a morte. Antes de executar a sentença, os escribas e fariseus trouxeram a mulher à presença de Jesus, referindo-se ao que a lei dizia. Desafiando-o, perguntaram: “tu, pois, que dizes?” Muitos pensamentos maldosos e destrutivos estavam a postos e armados, a força potencial por trás dos muitos mísseis em forma de pedras.

Jesus não lançou uma barreira defensiva de argumentação, racionalização ou súplica. Nem reagiu ele com a contra-ofensiva da sabedoria pessoal ou crítica fulminante.

A princípio ficou calado. Quando finalmente falou, fê-lo com a sabedoria e a autoridade divinas que desarmaram a difícil, aparentemente malograda situação. “Aquele que dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro que lhe atire pedra.” Um por um, o grupo hostil retirou-se, deixando a mulher à mercê do julgamento de Jesus. “Ninguém te condenou?”, perguntou ele. Assim, aquele que era sem pecado, e portanto provavelmente tinha o direito de atirar uma pedra, tocou e elevou a vida dessa mulher com o impacto curativo da Vida e do Amor divinos. Libertou-a, dizendo: “Nem eu tão pouco te condeno; vai, e não peques mais.”

Surge uma interrogação pertinente: Será que todos aqueles tocados pelo exemplo de Jesus nunca mais participaram num apedrejamento? Certamente, alguns disseminaram um pouco desse novo sentimento, dessa percepção transformadora de que há alguma coisa mais, na vida, do que o modo cruel e convencional. Passaram a expressar pensamentos mais humildes e vidas mais mansas. Algo de extraordinário acontecera graças ao pensamento espiritualmente iluminado, não por meio de mísseis dirigidos de forma racional, ou com pontaria infalível, seja sob forma de retórica ou pedra. Uma tensa confrontação, aparentemente destinada a acabar no derramar de sangue, foi resolvida pelo Amor divino. E todo coração receptivo se beneficiou com um conceito melhor sobre a vida.

É certo que esse é um ideal, uma nobre meta. Mas um ideal divino não precisa resignar-se à realização num futuro distante ou, eventualmente, para quem sabe quando. É perfeitamente claro, pelos ensinamentos e obras do Mestre, que esse ideal é para ser trazido agora, cada vez mais, para a linha de frente, para a atualidade da nossa vida diária. Assim, se somos tentados a “apontar” e a disparar pensamentos contundentes, cruéis ou punitivos, de qualquer grau de má intenção, contra alguém, seja onde for que nos encontremos — seja a caminhar pelas ruas da cidade, seja nas salas de aula, seja em casa, seja em recintos desportivos, seja no escritório ou a conduzir nas estradas — podemos, baseados na oração, cessar fogo. É possível estar alerta e não participar involuntariamente nessa disparatada mentalidade que usa e desenvolve outros tipos de mísseis. Tal estado de alerta, essa oração e desarmamento não contribuem para um enfraquecimento da lei e da ordem, mas nos conservam a salvo, fortes e ativos na manutenção dessa atmosfera de amor que é o antídoto e dissipador da justificação própria, irreflexão e desejo de vingança que, inevitavelmente, dão origem ao conflito e ao armamento.

Amando e obedecendo aos ensinamentos de Cristo, desejando seriamente seguir o exemplo de Jesus, com amor por Deus e pela humanidade, podemos fazer progresso na eliminação de toda a sorte de pensamentos agressivos, desde os meramente reservados, passando pelos moderadamente contundentes até aos fortemente odiosos. Assim se desenvolverá nossa capacidade de amar de fato, como também de responder à sabedoria inspirada de Deus, que precisa penetrar na vida humana para curar não só o ódio e o medo, mas também a anarquia que procura ameaçar o bem-estar público e privado.

“Armados” e impelidos, cada vez mais, pelo amor altruísta que refletimos de Deus, nossos corações e pensamentos tornam-se incapazes de abrigar a má vontade. Nem a mais suave ofensa: “Ora, seu inútil”, nem o pensamento ou ato terrivelmente explosivo e malévolo pode emanar de nós. Estaremos dando assim nossa contribuição individual e tangível para a eliminação de todo tipo de agressão física.

Na sua obra Miscellaneous Writings, a Sra. Eddy fornece uma perspectiva inspirada para todos aqueles que seguirem a maneira de Cristo para eliminar da terra toda espécie de míssil: “Devemos medir o amor que sentimos por Deus pelo amor que sentimos pelo homem; e nossa compreensão da Ciência será medida pela nossa obediência a Deus — no cumprimento da lei do Amor, fazendo o bem a todos; expressando a Verdade, a Vida e o Amor, na proporção em que nós mesmos os refletimos, a todos os que se encontrem dentro do âmbito de nossa atmosfera de pensamento.”

Tendo purificado as vossas almas,
pela vossa obediência à verdade,
tendo em vista o amor fraternal não fingido,
amai-vos de coração uns aos outros ardentemente.

1 Pedro 1:22

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