“Hoje em dia, prepondera no pensamento empresarial a premissa básica de que a única responsabilidade dos negócios é incrementar os lucros por todos os meios possíveis, que não sejam proibidos por lei.
• “Essa atitude, que prevalece na sociedade em geral ... tem de ser julgada à luz da realidade de que:
• menos de quarenta por cento das famílias urbanas negras [na África do Sul] têm poder aquisitivo suficiente para obter uma casa razoavelmente confortável, e mais de um milhão de famílias encontram-se, hoje em dia, inadequadamente alojadas;
• é freqüente a proporção de três pacientes para uma cama no Hospital Baragwanath ... [hospital de Soweto.]
• existe uma péssima distribuição de todos os bens, desde o trabalho à educação, incluindo renda e posições de chefia nas empresas.
“Alguns empresários mais esclarecidos têm questionado se o mundo dos negócios não tem uma responsabilidade mais ampla, para com a comunidade da África do Sul, do que a mera maximização dos lucros.... Contudo, ... a reação mais comum tem sido a de ‘acrescentar’ um centro de apoio social e incrementar programas de responsabilidade social, mas a estrutura fundamental das companhias e o desenrolar de suas atividades têm permanecido, em essência, inalterados.
“... É sem reservas que me identifico com a seguinte afirmação, que consta do prefácio da Declaração de Oxford sobre Fé Cristã e Economia, de janeiro de 1990: ‘... As Sagradas Escrituras, a palavra do Deus vivo e verdadeiro, são nossa autoridade suprema em todos os assuntos relacionados com a fé e a conduta. Conseqüentemente, volvemonos às Escrituras para guiarnos na reflexão sobre questões ligadas à vida econômica, social e politica. Como economistas e teólogos desejamos submeter a teoria e a prática ao tribunal das Escrituras....’
“Deus e Suas leis são inseparáveis, indivisíveis, absolutos e imutáveis. A Lei foi aprovada por Jesus na bem conhecida declaração: ‘Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e amarás o teu próximo como a ti mesmo’ (Lucas 10:27)...
Não podemos adiar o cumprimento da lei divina com afirmações condicionais do tipo: ‘sede vós perfeitos mas só até o ponto em que a situação do mercado não ditar o contrário’ ou ‘amarás o teu próximo como a ti mesmo, mas tendo em mente que, com a necessidade de maximizar o lucro poderá ser proveitoso, ou mesmo necessário, explorá-lo ou prejudicá-lo....’
“É evidente que um dos desafios de nosso cotidiano consiste em reconciliar a injunção absoluta de seguir pelo caminho traçado pelos estatutos de Deus, com o ambiente materialista que nos circunda e que se encontra permeado pela motivação, aparentemente contraditória, chamada ‘lucro’.
“O The Shorter Oxford Dictionary revela que o verbo profit em inglês, que quer dizer lucrar, é derivado do verbo latino proficere, que significa ‘avançar’, no sentido de ‘progredir; melhorar (num determinado aspecto)’....
“... se utilizarmos a palavra lucro com esse sentido melhor e mais fiel ao original, então o conceito de melhorar ‘o caminho’ pelo qual conduzimos nossa vida e nossos negócios adquire significado diferente e mais poderoso. A missão dos negócios deixa de ser a maximização do ganho monetário e passa a ser o progresso dentro e através d’O CAMINHO, adorando a Deus e servindo nosso próximo.
“Essa interpretação diverge significativamente da interpretação comum e altamente materialista que valida o papel da empresa como uma unidade independente, movida pela busca do ganho monetário e que luta para sobreviver e suplantar seus competidores.... Os empregados seriam vistos como recurso fundamental e não como custo de produção. Contrataríamos o homem em sua totalidade e não apenas seu trabalho. O fim, o lucro, não justificaria os meios. O negócio seria entendido e gerido como parte integrante da comunidade que serve. A cooperação, com o intuito de fazer com que todos prosperassem, seria muito mais predominante do que a competição destrutiva que visa à prosperidade de poucos. Em vez de lutarmos para realizar lucros, trabalharíamos para gerar riqueza....
“Longe de vivermos nossa vida e conduzir nossos negócios em condições de pobreza martirizada, existe a clara promessa, e agora ampla evidência, de que esse ‘caminho’ resulta em abundância para todos....
“A sabedoria convencional talvez diga... que essa idéia é capaz de solapar os aliceres de nossa sociedade livre. Mas..., afinal de contas, nosso papel não é fazer o que é geralmente aceito, mas sim aquilo que, de acordo com nossa mais alta compreensão, entendemos ser O CAMINHO.”
Reimpresso com permissão.
