Pare De Discutir com Deus! Parece um bom conselho, não é mesmo? Bem, na época eu não o achei bom. Tinha certeza de que eu sabia muito bem o que era melhor para mim. Precisava de companhia, de um relacionamento amoroso. Eu nascera para viver a dois, não sozinha.
Eu sempre quisera seguir uma carreira profissional e pensara que o casamento podia esperar. No entanto, à medida que os anos passavam e eu continuava solteira, comecei a achar que nunca encontraria “meu príncipe encantado” e que talvez tivesse de passar o resto da vida sozinha.
Esse foi meu primeiro engano, acreditar que eu pudesse estar sozinha, fora do alcance do cuidado infinito e da presença de Deus. Comecei a procurar um companheiro. Eu saís com alguém e logo me perguntava se esse seria “ele”. Escolhia meus amigos pelos motivos mais errados e depois me perguntava por que me sentia tão infeliz, por que minha vida não era como eu havia planejado.
Foi então que entrei em contato com um praticista da Ciência Cristã, para que me ajudasse por meio da oração. Um praticista é alguém que dedica sua vida à prática da cura pela Ciência Cristã. Choraminguei minha triste história e esperei do praticista palavras de consolo. Para minha total surpresa, ele disse apenas que eu nunca estava separada de Deus, que é Amor; que eu refletia o Amor e que minha inteireza residia no Amor, a bondade divina, Deus. Não era isso o que eu queria ouvir. Eu não queria que minha inteireza estivesse em Deus, queria estar com outro ser humano, especificamente um homem.
Protestei que ele não me entendera. Para mim, era importante casar. Perguntei-lhe: “Muito bem, e se eu descobrir minha inteireza em Deus e, mesmo assim, continuar sozinha? Que graça haveria nisso, eu e Deus, sozinhos? Eu quero um marido; não quero estar a sós com Deus.”
O praticista tentou explicar que muitas pessoas nunca se casam e que mesmo assim têm uma vida feliz e produtiva, repleta de amor e interação com os outros. Para mim esse era um tipo de vida impensável. Eu queria montar meu ninho e encontrar o parceiro que cuidasse dele comigo. Eu não estava pronta para ouvir a Deus; daí para frente enfrentei muitos dissabores com os planos que estabelecera para mim mesma.
Chegou, porém, o dia em que finalmente percebi o que precisava fazer: aprender mais a respeito de mim mesma e de meu relacionamento com Deus. Decidi que não mais iria em busca de namorados. Ao contrário, dedicaria meu tempo a encontrar uma compreensão mais profunda de minha natureza espiritual, estudando a Bíblia e os escritos da Sra. Eddy.
Nos três anos seguintes não saí com um único rapaz, mas também não me senti desapontada nem desanimada. Estava envolvida numa atividade muito mais compensadora. Estava aprendendo sobre Deus e o homem e já percebia alguns resultados interessantes. Comecei a fazer amizades novas e mais duradouras. Minha necessidade de companheirismo, de falar com alguém, de ter uma família, estava sendo suprida com a amizade de pessoas interessantes que externavam muito carinho para comigo.
Como devemos estudar para compreender melhor nosso relacionamento com Deus? Podemos começar usando as concordâncias da Bíblia e dos escritos da Sra. Eddy. Com esse auxílio podemos aprender o que é o homem. Nesses livros há centenas de trechos que falam sobre o tema, para nós estudarmos e ponderarmos. Pense na profundidade desta definição que encontramos em Ciência e Saúde, de autoria da Sra. Eddy: “O homem é idéia, a imagem, do Amor; não é físico. Ele é idéia composta que expressa Deus e inclui todas as idéias corretas....” (Eu fazia anotações sobre as idéias inspiradas que me ocorriam durante esse estudo; talvez você queira fazer o mesmo.)
À medida que espiritualizamos a compreensão sobre nosso relacionamento com Deus, aprendemos que o homem não é um mortal solitário que vive num mundo baseado na matéria, sujeito aos caprichos dos encontros casuais e das amizades fugazes. O apóstolo Paulo escreveu aos Coríntios: “Todos nós com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito.” Na proporção em que começamos a aceitar nossa verdadeira identidade como filhos de Deus, encontramos a força, a humildade, a inteligência, o amor e a espiritualidade necessários à nossa felicidade e progresso. Essas qualidades estão à disposição de todos nós, indistintamente. Portanto, como expressão, ou imagem de Deus, já usufruímos da companhia delas.
Dando continuidade ao estudo, podemos procurar na Bíblia e em Ciência e Saúde as referências a Deus. Encontraremos conforto ao constatar que o Todo-poderoso, a Mente onipresente e onipotente, é a fonte de toda sabedoria. Somos guiados com sabedoria quando seguimos a Mente sem hesitação. Como a Mente é a fonte da criatividade, só podemos ver manifestadas em nossa vida a pureza, a harmonia e a beleza do ser perfeito. Deus é o Princípio do homem, portanto, quando somos obedientes à lei de Deus, estamos expressando Seu plano perfeito, a nós reservado. Do ponto de vista humano, constatamos que esse plano é ordenado e moral, estabelecido de forma a suprir todas as nossas necessidades. Como vivemos no seio do perfeito Amor, temos exatamente aquilo que é adequado para nós, incluindo a paciência para nos apercebermos da verdade espiritual. Como Deus é onipresente, Vida onipotente, nós estamos completamente imbuídos da agradável atividade de expressar a Vida.
Para podermos alinhar nossa experiência humana com a verdade espiritual sobre a verdadeira existência, precisamos expressar, de forma prática, as qualidades espirituais que desejamos ver manifestadas em nossa vida. Já estamos de posse dessas qualidades, pois elas se originam em Deus, e nós somos Sua expressão. Sem dúvida, como reflexo de Deus, como Sua semelhança, somos capazes de expressar essas qualidades. Com o estudo das Escrituras, verificaremos que temos um exemplo perfeito diante de nós, que nos auxiliará a compreender nosso relacionamento com Deus. Esse modelo é Cristo Jesus, que a tal ponto compreendeu sua unidade com Deus, que expressou de maneira absoluta as qualidades do Cristo. São essas qualidades que procuramos demonstrar.
À medida que conscientemente nos esforçamos por reconhecer que expressamos características advindas de Deus, tais como força, honestidade, pureza, bondade e benignidade, sentiremos renovada sensação de paz e alegria. Nossos olhos e nosso coração se aperceberão do imenso bem que nos cerca. Tal como aconteceu comigo, você também pode descobrir a alegria de viver e o lugar que lhe está reservado. Agora que encontrar o relacionamento certo, ou seja, um companheiro, ou companheira, deixou de ser a coisa mais importante em sua vida, você tomará posse de algo que é muito mais importante, ou seja, o correto conceito de sua identidade como filho, ou filha de Deus.
O resultado desse novo conceito sobre sua verdadeira identidade espiritual pode ser imediato em sua vida. E será muito melhor do que qualquer coisa que você pudesse ter planejado ou “convencido” Deus a fazer.
Comigo aconteceu o seguinte: tive a idéia de convidar todos os meus amigos para uma festa em minha casa. Não tinha eu aberto minha consciência? Poderia então abrir minha casa. Fiz tortas e biscoitos. Limpei a casa e exultei em cada detalhe da preparação, pois cada tarefa era uma expressão da identidade e individualidade recém-encontrada. Eu estava expressando ordem, amor, criatividade, alegria e muito mais. Essas qualidades faziam parte de minha vida, de forma natural, e eu finalmente aceitava esse fato. Cada um de nós pode fazer o mesmo.
O dia da festa chegou e todos se divertiram muito. No meio de meus amigos me vi envolvida por uma enorme sensação do bem. Eu era completa! Eu já me sentia feliz e realizada. Não há dúvida de que o casameno pode ser a conseqüência natural do senso de inteireza, mas não é o único caminho para alcançarmos a felicidade como filhos de Deus. Na realidade, estamos cingidos pelo Amor de Deus e por Seu cuidado especial para conosco, e isso é compartilhado por toda a humanidade. Que maravilhosa oportunidade, não só de nos sentirmos felizes, mas também de compartilhar esse bem com os outros!
No dia seguinte à festa, tive uma reunião de negócios com um homem muito bondoso e cheio de talento. Eu ia auxiliá-lo a desenvolver um plano de divulgação de seus quadros, para apresentar a galerias de arte onde gostaria de expor sua obra. Ele era estudante da Ciência Cristã e conteilhe o que estava aprendendo sobre a expressão das qualidades divinas em nossa vida, e de como essa expressão também se relacionava com seus quadros e com a forma como eram recebidos. Descobrimos que gostávamos de estar juntos. Tempos depois, esse homem tão simpático tornou-se se meu marido e continuamos a contar um para o outra o que aprendemos diariamente sobre nosso relacionamento com Deus. Com essa experiência aprendi que, quando tiramos nossos próprios projetos do meio do caminho, Deus abre uma vereda muito mais bela e satisfatória do que qualquer plano humano possa determinar. Que lição maravilhosa!
Se sua vida se parecer à minha, e você não consegue resolver as coisas satisfatoriamente, talvez esteja discutindo com Deus, como eu fazia. Pare e ouça; ouça quais os planos dEle para você. Eu fiz isso e hoje estou satisfeita. Você também pode ter uma vida plena.
