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Nada menos que o filho de Deus!

Da edição de outubro de 1994 dO Arauto da Ciência Cristã


Um Dia, Quando fui tomar o metrô, em Londres, entrei no vagão errado. Escolhi um lugar onde ia um vagabundo bêbado, que estava ficando cada vez mais agressivo e agitado. Eu não era o único a pensar que tinha escolhido o vagão errado. Cada vez que o trem parava, vários passageiros mudavam-se de lugar. A tentação de fazer o mesmo era enorme, no entanto, tinha estado a orar antes da viagem e alcançado algum reconhecimento da inerente bondade do homem como filho de Deus. Tomar uma atitude evasiva não parecia lógico à luz dessa compreensão.

Contudo, o que nesse momento estava vindo ao meu pensamento para eu fazer, parecia ser ainda menos lógico. Algo me dizia que devia fazer o contrário das atitudes e ações que estava vendo tão predominantemente expressas à minha volta e deliberadamente sentar-me ao lado desse homem e falar com ele. Claro que essa nem sempre será a atitude correta a tomar em tais situações. As intuições espirituais afastam-nos dos problemas, quando há perigo. Mas senti-me certo de que era mesmo uma intuição vinda de Deus que me impelia a obedecer ao espírito dos ensinamentos de Cristo Jesus acerca de amar o próximo, e a fazer exatamente o oposto daquilo que pessoalmente me sentia inclinado a fazer.

Ao seguir essa intuição e ao falar com esse homem, ele tornouse rapidamente mais brando e a partir daí ninguém mais saiu do vagão. O homem ainda estava falando muito alto e sua linguagem era ofensiva. Mas a grosseria diminuiu rapidamente e os efeitos do álcool tornaram-se menos agressivos. A ameaça de violência desapareceu imediatamente.

Não falamos de religião, apenas conversamos sobre temas gerais. Mas, ao sair do metrô, ele perguntou-me com gentileza: “Qual o Deus que você serve?” Respondi-lhe que servia o Deus universal, como estava aprendendo acerca dEle na Ciência Cristã. Quis dizer com isso que eu servia o único Deus, o Deus que a Ciência Cristã explica com a ajuda dos termos sinônimos para Ele: Amor, Vida, Verdade, Espírito, Alma, Mente e Princípio divinos.

O problema da marginalidade desafia as cidades por esse mundo afora, e muitas áreas rurais também se defrontam com esse problema. Algumas pessoas contribuem generosamente, dedicando tempo e energia ao trabalho de caridade que visa a satisfazer as necessidades imediatas daqueles que sofrem sob essas circunstâncias. A oração é também uma ajuda vital. Ela permite às pessoas elevar seus pensamentos ao ponto de discernir a individualidade espiritual, indestrutível, irrestrita, do homem, a qual não pode ser omitida, — e é de fato, intocada pelas condições materiais. Através da oração a mente humana é despertada e torna-se mais desejosa de reconhecer a identidade do homem, completa e semelhante a Deus, que está presente mesmo onde um quadro de desleixo físico e mental parece mesmerizar o pensamento.

A Bíblia relata como o mais extremo caso de desleixo físico e mental foi curado por Cristo Jesus através de sua perfeita percepção espiritual do homem. Jesus e seus discípulos, quando chegaram à terra dos gerasenos, confrontaram-se com a situação de um homem que era conhecido nas redondezas por ser lunático e violento. De acordo com o Evangelho de Marcos, “tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as cadeias foram quebradas por ele e os grilhões despedaçados. E ninguém podia subjugá-lo. Andava sempre, de noite e de dia, clamando por entre os sepulcros e pelos montes, ferindo-se com pedras.”

A oração de Jesus expulsou os demônios — as crenças más sobre esse homem — que o estavam atormentando. O relato termina dizendo-nos que o homem foi encontrado “assentado, vestido, em perfeito juízo”. Ver Marcos 5:1—20.

O tipo de oração capaz de conseguir tais resultados é descrito pela Sra. Eddy em Ciência e Saúde. Ela escreve: “Jesus via na Ciência o homem perfeito, que lhe aparecia ali mesmo onde o homem mortal e pecador aparece aos mortais. Nesse homem perfeito o Salvador via a própria semelhança de Deus, e esse modo correto de ver o homem curava os doentes.” Ciência e Saúde, pp. 476—477.

A Sra. Eddy também diz, acerca da oração, em seu livro Não e Sim: “A verdadeira oração não é pedir amor a Deus; é aprender a amar e a incluir todo o gênero humano em uma só afeição. Oração é a utilização do amor com o qual Ele nos ama.” Não e Sim, p. 39. Para mim, essa visão da oração que espera que nós venhamos “a incluir todo o gênero humano em uma só afeição” pode ser entendida como contendo duas exigências em relação ao modo como vemos aqueles que encontramos na marginalidade. A primeira é a de que não podemos ser parciais em nosso silencioso sentimento de afeição para com os indivíduos de acordo com a sua condição social ou física. Mantendo, em oração, uma maneira terna de reconhecer cada um desses indivíduos — os quais Deus mesmo vê como Sua querida descendência espiritual — estaremos contribuindo para que o pensamento geral acerca deles fermente.

Deus não vê Seus queridos filhos sob pontos de vista diferentes.

A segunda é a de que ao usar “o amor com o qual [Deus] nos ama”, precisamos estar preparados para o expressar na prática, quando a oportunidade apresenta essa possibilidade, e sentir-nos impelidos, pela sabedoria divina, a fazer isso.

Nossa primeira intenção deve ser essa predisposição cristã de ver nosso próximo espiritualmente — de identificá-lo como Deus o criou e conhece. A visão que Deus tem do homem é de pureza e perfeição contínuas, de carinho e bem-estar, abrangendo toda a Sua criação. Deus não vê Seus queridos filhos sob pontos de vista diferentes. Cada um de nós expressa a majestade, integridade, utilidade e estabilidade da natureza divina. Cada um de nós está abundantemente provido de tudo quanto necessita. Para Deus, que vê Seus filhos como espirituais e perfeitos, não há marginais; não há mortais doentes, pecadores ou necessitados. Há apenas o filho de Deus.

A verdade sobre o homem é que ele é o reflexo espiritual de Deus. É o que ele é na realidade — nada menos que o filho de Deus! A visão material do homem, em contraste com a espiritual, sempre promove a mentira da divisão. Mas Deus, o Espírito, unifica Sua inteira família num verdadeiro e contínuo amor único. Seus filhos são a descendência do próprio Amor. Eis a razão pela qual é natural amarmo-nos uns aos outros, apesar de termos diferentes tipos de vida. Isso não significa, obviamente, que estilos de vida desordeiros e desleixados não precisem de uma transformação prática. Certamente que sim. Mas podemos prevenir-nos contra o deixar que o julgamento superficial dos outros nos impeça de ver a oportunidade, dada por Deus, de reconhecer a evidência da inerente espiritualidade de um indivíduo e, assim, verdadeiramente ajudar esse indivíduo a não mais estar em circunstâncias desoladoras.

A oração que identifica espiritualmente todos aqueles que constituem nossa comunidade local e mundial atua no pensamento de uma maneira construtiva. As comunidades começam a procurar e a transpor a aparente divisão entre marginais e pessoas mais orientadas na comunidade. Indivíduos e grupos descobrem novas oportunidades de mostrar afeto de formas concretas.

Algumas semanas depois do incidente descrito no começo deste artigo, estava servindo como recepcionista numa Sala de Leitura da Ciência Cristã. Um homem com aspecto desalinhado aproximou-se da área de vendas, segurando uma lata de cerveja e um cigarro aceso. A princípio, só reparei em sua aparência, ao mesmo tempo em que apreensivamente ia imaginando como poderia lidar com essa situação. De repente percebi que esse homem era precisamente o mesmo que se acalmara no metrô, quando me pus a falar com ele. Surpreso, com um genuíno sentimento de afeto, cumprimentei-o pelo nome, que ele me tinha dito no nosso encontro anterior. Penso que a surpresa dele foi ainda maior que a minha! Pude afetuosamente convidá-lo a entrar na Sala de Leitura. Apesar de ele ter recusado ficar nesse dia, aceitou um número do Christian Science Sentinel cuja capa focalizava como lidar com o alcoolismo.

Os filhos de Deus são completos e abençoados. Esse reconhecimento, por parte de Jesus, era tão claro que resultava em cura para multidões que se encontravam em circunstâncias angustiantes. Para ajudar a apagar as imagens de desânimo à nossa volta nos dias de hoje, precisamos melhorar nossa compreensão da visão do Salvador sobre o homem. Então, podemos contribuir para o direito que nosso próximo tem de se sentir “em perfeito juízo”. A oração pode constituir uma mudança, para melhor, no modo como nosso próximo se sente consigo mesmo e encara seu propósito na vida. E tal mudança de pensamento caracteriza a tão importante cura cristã da marginalidade.

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