As Possibilidades De descobertas a respeito da criação são ilimitadas. Isso se deve ao fato de que a própria criação é ilimitada. Ela é o produto de Deus, o Espírito divino e a Vida infinita, não da fisiologia, da genética, ou da evolução material. Seria verossímil que algo tão espiritual como a Vida divina gerasse algo que não fosse espiritual? Nunca. O resultado da Vida divina, a substância, é inteiramente espiritual. A existência material não faz parte da manifestação da Vida. Ela é apenas o inverso aparente da realidade que é a criação de Deus.
Acaso aquilo que a Vida criou chega a se confundir com aquilo que parece ser seu oposto, ou seja, a materialidade? A melhor resposta a essa questão é a da Descobridora da Ciência Cristã, Mary Baker Eddy. Escreve ela: “A Vida real, ou a Mente, e seu oposto, a assim chamada vida e mente materiais, são representadas por duas figuras geométricas, um círculo ou esfera, e uma linha reta. O círculo representa o infinito sem começo nem fim; a linha reta representa o finito, que tem começo, e tem fim. A esfera representa o bem, a individualidade auto-existente e eterna, ou seja, a Mente; a linha reta representa o mal, a crença numa existência material e temporária, criada por si mesma. A Mente eterna e a existência material temporária nunca se unem, nem em símbolo nem em fato.” Ciência e Saúde com a chave das Escrituras, p. 282.
Como a “Vida real, ou a Mente” e seus representantes, o homem e o universo espirituais são infinitos, “sem começo nem fim”, eles não poderiam estar associados com a matéria sem que, por fim, se desintegrassem e morressem. A Mente, a Vida divina, no entanto, é contínua. Não tem nenhum ponto histórico de início e não inclui ponto algum de término. O mesmo sucede com a criação que é seu reflexo. Isso explica em parte o porquê da oração de Cristo Jesus: “Agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo.” João 17:5.
As palavras antes que houvesse mundo são altamente significativas. Como filhos de Deus, nós sempre existimos. Existimos perfeitamente, mesmo antes de encontrarmos pais e mães humanos. Nossos filhos sempre expressaram a Vida divina, mesmo antes de se encontrarem conosco, no passado ou no futuro.
Todos temos muito a descobrir. Contudo, como escreve a Sra. Eddy: “Se o discípulo está se adiantando espiritualmente, é porque está porfiando por entrar. Desvia-se constantemente do sentido material, e olha para as coisas imperecíveis do Espírito. Se honesto, levará isso a sério desde o começo e se adiantará cada dia um pouco na direção certa, até que finalmente complete sua carreira com alegria.” Ciência e Saúde, p. 21.
Ainda que Deus e Sua criação não sejam plenamente compreendidos ou demonstrados num instante, é bom saber que podemos nos adiantar “cada dia um pouco na direção certa”. Ler, estudar, ponderar, constituem apenas o começo. Por vezes, as pessoas lêem cuidadosamente a Bíblia e os escritos da Sra. Eddy mas, em realidade, não se esforçam para deixar que as palavras os transformem. Isso é semelhante a estar muito faminto, entrar em um restaurante, e sair de lá depois de haver apenas lido o cardápio: nada mudou, a pessoa não sente nenhuma diferença nem está melhor. “Não se limite a ler o cardápio; coma a comida”, alguém iria dizer. Da mesma forma, podemos dizer a nós mesmos: “Não fique apenas lendo acerca de sua natureza puramente espiritual, nas palavras da Bíblia e da Sra. Eddy; sinta fome e sede de que a compreensão transforme a maneira como vive, a maneira como trata as pessoas, a maneira como vê a si mesmo. Deixe que essa compreensão o leve a se comprometer em seguir o exemplo sanador de Cristo Jesus. E depois, seja fiel a esse compromisso, mediante progresso gradativo.”
A Bíblia aconselha: “Se alguém é ouvinte da palavra e não praticante, assemelha-se ao homem que contempla num espelho o seu rosto natural; pois a si mesmo se contempla e se retira, e para logo se esquece de como era a sua aparência.” Tiago 1:23, 24. Após termos contemplado, pelo estudo e pela oração, a natureza da Mente divina, da Vida divina, e nossa identidade real à semelhança de Deus, não devemos esquecer “de como era a [nossa] aparência.” É necessário deixar que essa compreensão permeie literalmente as muitas facetas de nossa vida. Quando se deixa o alimento repousar em condimentos, de um dia para outro, ele se modifica; quando nos deixamos “repousar nos condimentos” da verdade espiritual de Deus, nós nos modificamos infinitamente mais!
Em realidade, o conhecimento profundo de nossa identidade como a expressão da Vida divina não é nada novo para nós. Isso pode parecer surpreendente, mas tal conhecimento sempre esteve em nós, como filhos criados por Deus. Observe como a Sra. Eddy usa a palavra reaparece na citação seguinte: “Até mesmo as agonias da morte desaparecem, à medida que reaparece a compreensão de que somos seres espirituais aqui, e constatamos nossa capacidade para o bem que assegura a continuidade do homem e é a verdadeira glória da imortalidade.” The People’s Idea of God, pp. 1-2. Se a compreensão de nossa identidade espiritual não existisse já em nós, ela não poderia reaparecer. O homem, como expressão imediata da Mente divina, sempre esteve consciente de sua verdadeira identidade.
“A compreensão de que somos seres espirituais” é, portanto, algo que nos é natural. Não podemos, contudo, consentir em perceber verdades espirituais em uma ocasião apenas. É preciso ter devoção contínua para se perceber as coisas do Espírito. Felizmente, não se exige que aprendamos somente por meio de nossos próprios esforços pessoais. O mapa está delineado para nós no exemplo de Cristo Jesus e na Ciência do Cristo exposta em Ciência e Saúde. A autora diz: “A Ciência divina dispersa as nuvens do erro com a luz da Verdade, levanta a cortina e deixa ver que o homem nunca nasce e nunca morre, mas coexiste com seu criador.” Ciência e Saúde, p. 557. Deus nunca criou nenhum de Seus filhos capaz de nascer dentro da matéria ou de morrer para sair da matéria. E nunca irá criar algo assim. A espiritualidade de cada um de nós, como reflexo da Vida eterna, é constante, contínua, tal como a figura do círculo. Nossa identidade real é tão permanente como permanente é nosso Criador, desde “antes que houvesse mundo”.
