Visto Que O déficit dos Estados Unidos é enorme, que a fome na África cresce desmesuradamente, que os países do terceiro mundo estão atolados na pobreza e nas dívidas, e que os ciclos de inflação e recessão vêm insistentemente se mantendo pelo mundo afora, é preciso que os pensadores sérios questionem a validade das atuais idéias e práticas econômicas. Se olharmos com atenção, descobriremos que há uma estrutura de conceitos materialistas que mantêm essas idéias e práticas ligadas entre si. É essencial fazer retroceder, mediante uma compreensão espiritual sempre maior, essa tendência do materialismo, para que haja verdadeiro progresso no mundo.
Tomemos, por exemplo, as duas suposições básicas da economia moderna. Sempre me incomodaram, desde o tempo de faculdade e de pós-graduação. A primeira suposição é a de que existe uma procura ilimitada por recursos limitados, e a segunda é a de que o homem é fundamentalmente um mortal egoísta e interesseiro. Ambas as suposições se baseiam no conceito de que Deus, o homem e o universo estão alicerçados na matéria.
Os ensinamentos da Ciência Cristã negam especificamente os conceitos falsos, materiais, de que os recursos sejam limitados e de que o homem seja um mortal egoísta que precisa suar e labutar. Falando de Deus, a Sra. Eddy explica em seu livro, Ciência e Saúde: “A Alma tem recursos infinitos para abençoar a humanidade, e a felicidade seria alcançada mais facilmente e estaria mais segura em nosso poder, se a buscássemos na Alma.” Ciência e Saúde, p. 60. Em outra página desse livro, ela escreve: “Na relação científica entre Deus e o homem, descobrimos que tudo o que abençoa um, abençoa todos, como Jesus o mostrou com os pães e os peixes — sendo o Espírito, não a matéria, a fonte do suprimento.” Ibidem, p. 206.
Como nos sentimos mais livres, quando compreendemos que o Espírito infinito, e não a matéria limitada, é a fonte do bem para o homem! E também nos sentimos mais livres ao saber que o homem não é um mortal egoísta que trabalha arduamente, mas a imagem e semelhança espiritual de Deus, como lemos no livro do Gênesis. O homem é o herdeiro de Deus, portanto, reflete espiritualmente a abundância sem limites das idéias perfeitas e das qualidades sagradas da Mente.
Como idéia na Mente, o homem move-se e vive na economia divina das idéias espirituais da Mente, onde o bem é inexaurível.
É claro que as condições e percepções do mundo discordam da realidade espiritual, porque estão baseadas numa premissa material falsa. Essa premissa sustenta que, se há uma deidade para ajudar o homem, ela é uma entidade que age dentro dos limites de um universo material e de acordo com motivos volúveis que não conseguimos compreender.
Na verdade, o universo e o homem são idéias espirituais da Mente infinita, Deus, e essa Mente é o centro e a totalidade de toda a existência. A Mente também é Amor divino, que conhece apenas a onipresença do bem e cuida do homem com generosidade. O homem espiritual da criação de Deus não pode sentir falta de nenhum bem. Como idéia na Mente, o homem move-se e vive na economia divina das idéias espirituais da Mente, onde o bem é inexaurível.
À medida que compreendemos e aceitamos a economia da Mente, o Espírito divino, somos capazes de vencer a limitação e o sofrimento na economia humana. Isso acontece quando a influência de Deus muda nossa percepção das coisas, nossos motivos e nosso comportamento.
Por compreendermos a abundância do bem espiritual, por exemplo, não somos seduzidos por desejos materialistas ditados pelo egoísmo. Torna-se impossível manter o comportamento antigo, quando compreendemos que a abundância do Amor, a onipresença do Espírito e a inteligência da Verdade são a substância real do homem. Nossos temores são progressivamente eliminados, quando aprendemos que as idéias espirituais e infinitas, assim como as qualidades divinas da Mente, constituem nossos recursos. São elas que compõem nossa riqueza espiritual, e nunca podem ser perdidas. Essas qualidades, postas em prática, ajudam-nos a satisfazer nossas necessidades humanas e a abençoar nosso próximo. As orações que fazemos para o mundo e a confiança que temos nos recursos infinitos de Deus contribuem para dissolver a ansiedade e o medo. É o medo de não ter o suficiente que, muitas vezes, leva as nações, as firmas e os indivíduos a se apropriarem de tudo o que podem, às custas de outros. A compreensão espiritual suplanta esse frenesi de medo, de inveja e de egoísmo, através da graça e equilíbrio da Alma.
Em decorrência dessa transformação espiritual da percepção humana, as pessoas se tornam mais dedicadas àquela honestidade que não furta as idéias de outra pessoa ou de outra companhia, nem trabalha contra os esforços honestos de outrem. O reconhecimento crescente de nosso ser espiritual nos habilita a expressar em maior grau a inteligência da Mente e a intuição que nos protege da falsidade ou desonestidade dos outros.
Suborno, preços extorsivos, baixa qualidade, propaganda enganosa, condições de trabalho inseguras, poluição irresponsável — todos esses são pecados sobre os quais lemos quase todos os dias. Esses pecados têm como raiz o materialismo existente na maneira de pensar e de agir. A espiritualidade, posta em prática, queima essa raiz e traz à luz uma nova economia, baseada na verdade espiritual, no Cristo, que Jesus demonstrou.
Nosso Mestre alimentou as multidões e pagou seus impostos volvendo-se ao Espírito, não à matéria. Sabia que os recursos espirituais estão sempre presentes porque o Espírito constitui toda a substância que existe. Com confiança total na provisão do Amor divino e com amor abnegado pela humanidade, Cristo Jesus nos mostrou como aplicar na prática as leis divinas da economia. Falando das necessidades da vida, ele disse: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas cousas vos serão acrescentadas.” Mateus 6:33.
Nem sempre é fácil adotar motivos e aspirações espirituais, mas à medida que somos persistentes e humildes em nossas orações e em nosso estudo da Bíblia e dos escritos da Sra. Eddy, a Verdade divina nos transformará. Mesmo que a transformação seja gradual, podemos testemunhar que estamos cada vez mais livres da tensão causada pelo medo, pela amargura, pela vontade própria obstinada, e pela ambição desmedida. Esses elementos são muitas vezes o veneno oculto, em vidas que parecem cheias de sucesso material.
À medida que as nações se tornam mais interdependentes no que concerne à economia, percebemos melhor que a obediência à Mente única nos une em atividades que propiciam bênçãos para todos. Nosso mundo não é, na verdade, um lugar num universo material. É, isso sim, um estado de consciência que é purificado e enriquecido através da espiritualização individual do pensamento.
