Como Acontece Com muitas pessoas que lêem o livro Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, de autoria da Sra. Eddy, sinto-me atraída por esta incisiva declaração: “O Amor divino sempre satisfez e sempre satisfará a toda necessidade humana. Não é justo imaginar que Jesus tenha demonstrado o poder divino de curar somente para um número seleto de pessoas ou para um período de tempo limitado, porque a toda a humanidade e a toda hora, o Amor divino propicia todo o bem.” Ciência e Saúde, p. 494. Essa promessa do auxílio incondicional de Deus é muito reconfortante.
Não se trata de uma promessa nova. Cristo Jesus nos assegurou que Deus tinha a capacidade de cuidar da humanidade. Em realidade, ele fez muito mais do que simplesmente nos falar do amor de Deus: ele demonstrou esse amor. Ao curar a doença, consolar os que estavam tristes, vencer o pecado e ressuscitar os mortos, Jesus demonstrou o poder absoluto do Amor divino. Com isso, Jesus não apenas glorificou a Deus: ele também demonstrou a verdadeira identidade do homem como filho de Deus, expressão espiritual da Vida e do Amor infinito.
Atualmente, a Ciência Cristã transmite a mensagem cristã do Amor da mesma maneira como Jesus indicou — por meio do ensino e da prática da cura cristã. A cura é o resultado do despertar espiritual. O Amor divino nos desperta para a perfeição de sua criação e para a integridade, a sabedoria, o altruísmo e o amor, que são características invioláveis da individualidade que Deus dá ao homem. Nós vemos a expressão da bondade de Deus em maneiras que nos são compreensíveis, de modo que desenvolvemos um conceito mais elevado de emprego, de lar, de família, de amizades, de saúde e de realização. Depois de nossa primeira cura na Ciência Cristã, é natural esperarmos que ocorram outros curas. Nossa expectativa é válida, pois a cura é a vontade de Deus. A Vida, a Verdade e o Amor divinos destroem todo erro — todo doença, pecado e morte.
Contudo, ao observar a experiência humana, constatamos que sim, o Amor está atendendo às necessidades da humanidade por meio do Cristo, a Verdade, mas também percebemos que ainda existem grandes problemas a serem resolvidos. Notamos que há períodos de progresso moral e espiritual, assim como períodos de estagnação. Muita gente talvez observe o mesmo em seu próprio caminho rumo ao crescimento espiritual. Ao enfrentar algum problema, às vezes parece que, embora estudemos a Ciência Cristã, oremos com fervor e peçamos a ajuda de um Cientista Cristão experiente, ainda assim não adianta nada.
E a maravilhosa promessa do Amor, nesse contexto? Será que existem ocasiões ou situações em que o Amor não pode satisfazer às nossas necessidades? De forma alguma. Justamente em meio a essas experiências difíceis, o Amor continua satisfazendo à necessidade humana.
Os mortais podem ter um desejo ardente de que Deus melhore a vida deles, mas a mente mortal, que é a crença humana em uma inteligência separada de Deus, fica esperando mudanças no contexto material da vida, ao invés de esperar pelas mudanças que resultam da espiritualização da vida por meio do Cristo. Os mortais pensam em transformar um corpo doente em um corpo sadio ou um emprego ruim em um emprego melhor. Mas raramente gostam de submeter todas as exigências materiais à Verdade. Contudo, Deus, o Amor, transforma a vida humana por meio do Cristo, a Verdade.
Jesus disse que precisávamos nascer de novo. Deixou claro que isso não significava nascer de novo materialmente, ou seja, trocar um corpo material por outro. Ele disse que precisamos abandonar a mortalidade e nascer do Espírito. Jesus exigia reforma, uma mudança substancial na natureza humana. Não há cura verdadeira sem essa transformação. O Crista subordina a Deus a noção material de identidade. Graças à influência da Verdade, afastamo-nos dos prazeres e das dores dos sentidos e aproximamo-nos da Alma, do Espírito, encontrando satisfação na compreensão espiritual e no amor desprendido. Mas em nosso desejo por maior bem-estar, talvez estejamos involuntariamente resistindo ao Cristo. Queremos fazer a vontade do Amor, mas o senso material perverte nosso verdadeiro desejo e nos faz implorar ao Amor que faça a nossa vontade. Quando procuramos aliviar determinado problema da maneira que nosso senso pessoal prefere, ao invés de procurar dominar esse senso pessoal com a transformação espiritual, nosso esforço se torna inútil.
Cristo Jesus disse que não podemos amar a Deus e às riquezas, ou seja, outros deuses. Se o Amor não for supremo em nosso pensamento, supremo será o anseio pelo bem-estar material. Se o Amor, Deus, não estiver governando nosso pensamento e nossa vida, não perceberemos o bem que o Amor nos proporciona.
A Ciência Cristã é a Ciência da Alma, a lei do ser espiritual, não é uma ferramenta a ser usada pela vontade humana. Quando colocamos o conforto humano em primeiro lugar, estamos utilizando a Ciência Cristã como um instrumento para alcançar o que queremos, em vez de vê-la como a lei do ser espiritual. Na Bíblia, a epístola de Tiago diz: “... pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres.” Tiago 4:3.
Mesmo quando pensamos que nossas necessidades não estão sendo atendidas e que a Ciência Cristã não está funcionando em nosso caso, ainda assim as necessidades estão sendo atendidas e a Ciência Cristã está funcionando. Quando não recebemos aquilo que pedimos, continuamos a procurar uma maneira de obter a cura. O Cristo, a mensagem do Amor divino, compele-nos a olhar para além da matéria e do sentido pessoal, na direção de Deus. Quando pararmos de pedir que o Amor modifique as coisas conforme nossos desejos e estivermos dispostos a ceder às exigências da Verdade e do Amor, ocorrerá uma mudança: seremos transformados pelo Amor.
Lembro-me de uma ocasião em que parecia que o Amor não estava satisfazendo às minhas necessidades. Eu vinha orando diligentemente para melhorar diversas situações em minha vida, mas achava que o progresso era muito pequeno. Em determinado momento, comecei a sofrer de insônia. Eu só conseguia dormir algumas horas por noite. Comecei a orar para vencer mais esse problema, mas os meses se passaram, sem nenhum resultado. Fiquei desanimada.
Até que, certa vez, já tarde da noite, cheguei à conclusão de que minhas orações eram apenas esforços para alcançar meus próprios objetivos. Eu procurava inspiração em trechos apropriados da Bíblia e de Ciência e Saúde, e os estudava um determinado tempo. Quando percebia que não havia mudança física, eu me lançava em outra direção.
Falando claro, eu estava mentalmente exausta. Por quê? Não porque a verdadeira oração seja cansativa, pois a afirmação da verdade espiritual revigora, mas porque eu não havia compreendido realmente o significado da verdadeira oração. A mentalidade humana estava ocupada, servindo a Deus e orando pela cura, mas continuava a dominar em meus pensamentos. A cura ocorre quando o sentido pessoal de mente cede à única Mente verdadeira, Deus.
Enquanto me debatia com esses pensamentos naquela noite, ouvi a orientação do Amor. Ela veio dos Salmos: “Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus”. Salmos 46:10. Em obediência, esforcei-me para silenciar o sentido material para que eu pudesse conhecer a Deus, Sua supremacia e Seu poder. Ciência e Saúde nos ensina a respeito da oração: “Para entrar no coração da prece, é preciso que a porta dos sentidos errôneos esteja fechada. Os lábios têm de estar mudos e o materialismo calado, para que o homem possa ter audiência com o Espírito, o Princípio divino, o Amor, que destrói todo o erro.” Ciência e Saúde, p. 15.
Naquela noite consegui silenciar um pouco meu próprio pensamento, e assim deixei lugar para a inspiração do Espírito. Dessa forma, senti a mensagem do Amor. Essa mensagem não foi uma ordem para que eu pensasse ou fizesse algo determinado. Não foi uma alteração das circunstâncias. Foi simplesmente uma sensação maravilhosa do amor de Deus por mim.
Essa mensagem divina é o Cristo que está sempre presente para dissipar as ilusões dos sentidos. O Cristo destrói a crença de pecado e de doença. A mensagem do Amor inundou-me o pensamento e me disse que eu não precisava mudar as circunstâncias, nem conseguir tudo o que eu pensava desejar, para ter minhas necessidades satisfeitas. O Amor estava ali mesmo, dizendo-me que eu não tinha de lutar para que a vida estivesse bem. A Vida está sempre bem, a Vida é Deus, Espírito, Amor. Senti-me purificada por um sentimento de inocência e de alegria.
Naquele momento, vislumbrei como é o homem criado por Deus, ou seja, como você e eu somos. Talvez o profeta Jeremias tenha sentido a mesma coisa quando escreveu: “De longe se me deixou ver o Senhor, dizendo: Com amor eterno eu te amei, por isso com benignidade te atraí.” Jeremias 31:3. Compreendi que o homem foi totalmente criado pelo Amor, com amor, e que todas as suas necessidades são supridas pelo Amor.
Esse conceito espiritual de Amor me trouxe uma gratidão tão grande, que fiquei repetindo mentalmente: “Obrigada. Obrigada. Obrigada por esse amor e por essa alegria.” Naquele momento, eu já não estava mais me importando se voltaria a dormir normalmente, ou se conseguiria resolver algum dos problemas com os quais eu lutava havia tanto tempo. Bastava-me sentir a presença do Amor. Quando dei por mim novamente, era de manhã. Eu tinha dormido um sono suave e tranqüilo.
Esse momento significou uma virada para melhor em minha vida. A cura da insônia veio logo depois. Meus objetivos na vida começaram a mudar, tornaram-se mais espirituais. O Cristo, a mensagem da Verdade e do Amor, silencia nossos anseios materialistas, satisfaz-nos, pois reconhecemos nossa inteireza e nosso valor à luz do Amor.
O desejo intenso da mente humana, de conseguir mudanças materiais, é uma forma de luxúria. Ele oculta e nega a presença constante da Verdade e do Amor. Meu desejo por tudo aquilo que eu pensava ser necessário ao meu bem-estar material opunha-se à presença da verdadeira idéia do Amor, que era o que eu realmente necessitava. Finalmente a Verdade venceu, como sempre acontece.
A Sra. Eddy, em Ciência e Saúde, explica esse conflito em termos alegóricos: “A serpente, o sentido material, morderá o calcanhar da mulher — lutará para destruir a idéia espiritual do Amor; e a mulher, essa idéia, ferirá a cabeça da luxúria. A idéia espiritual deu à compreensão um ponto de apoio na Ciência Cristã.” Ciência e Saúde, p. 534.
E nossas necessidades humanas? Devem ser deixadas de lado? De forma alguma. A idéia espiritual do Amor restabeleceu minha saúde, elevou-me a um senso espiritual do bem, que me trouxe mais satisfação e proporcionou-me uma nova direção a seguir. O Cristo cuida de nosso lado humano de forma muito mais eficaz do que a mente humana pode planejar. O Cristo transforma a natureza humana, eleva-nos acima do sentido material de carência e limitação, para que possamos conhecer a abundância que o Amor nos dá com liberalidade.
 
    
